A Arte de Comunicar e de Falar em Público

Índice

1 – A arte de falar em público

1.1 – Fatores para ter sucesso a falar em público

1.2 – Conselhos para comunicar com sucesso

2 – Discurso motivacional e cativante

2.1 – Recomendações para conceber e comunicar um bom discurso

3 – O poder da voz para falar em público

3.1 – Antes de começar a falar

3.2 – Durante a apresentação

4 – A dicção e a modelação da voz para falar em público

4.1 – Exercícios para uma dicção de qualidade

5 – Postura corporal e comunicação não verbal para falar em público

5.1 – Gestos

5.2 – Expressões faciais

5.3 – Posturas

6 – Dicas para ter sucesso a falar em público

6.1 – Dicas para comunicar com sucesso

 

1. A arte de falar em público

Tem medo de falar em público?

Saiba que não é o único, atrevo-me a dizer que em Portugal, deve ser dos medos mais comuns.

Para uma figura pública ter medo de falar em público não é caso de vida ou morte, mas saber falar em público é indispensável para ter sucesso.

 

1.1. Fatores para ter sucesso a falar em público

Para ter sucesso a falar em público, para além de ter um bom discurso, deveremos ter em consideração os seguintes fatores:

Naturalidade

É um dos requisitos fundamentais para ter sucesso a falar em público nos tempos modernos. O público aceita que o orador tenha pouca técnica na sua comunicação, mas não tolera que a comunicação surja como artificial.

Emoção

Para falar em público não podemos ser neutros emocionalmente. Por exemplo, se falarmos de problemas, necessitamos demonstrar alguma indignação. Se falarmos de soluções, devemos manifestar determinação e confiança.

 

Demonstrar conhecimento

Para sermos convincentes a falar em público não podemos ter expressões do tipo “(…) ouvir dizer que (…)”.
Se para um cidadão comum é fundamental demonstrar que conhece o assunto e que tem experiência na matéria, para quem comunica em público este fator é determinante.

 

Ter uma conduta pessoal exemplar

Houve tempos em que um bom orador podia falar de uma maneira e agir de outra, atualmente isso não é possível, nem tolerável. Para uma figura pública o assunto é mais determinante, as figuras públicas devem apresentar-se como exemplos daquilo que defendem na sua comunicação.

 

Ter em consideração os fatores referenciados, é muito importante para ter sucesso a falar em público, porém o pilar fundamental é ter um bom discurso é saber comunicá-lo.
Cada um tem a sua própria maneira de falar, contudo a chave para o sucesso, da comunicação em público, implica transmitir com precisão as ideias e emoções levando a que os outros as compreendam.

 

1.2. Conselhos para comunicar com sucesso

Vejamos alguns conselhos para conseguir falar em público e comunicar com sucesso:

Estruturar e escrever uma boa mensagem

Antes de começar a discursar, devemos fazer uma espécie de um roteiro do que queremos falar e apresentar. Primeiro devemos definir o tema, qual a finalidade do tema e adequar a mensagem ao público. Não nos podemos esquecer que ter um bom início é importante, mas terminar um discurso ou comunicação com chave de ouro é fundamental. Devemos ter em conta que histórias, exemplos e comparações devemos utilizar para tornar a comunicação explícita.

 

Estabelecer contacto com público

Para estabelecer contacto com o público é necessário entrar na realidade dele, falar a sua linguagem e criar conexão com ele, em suma, é necessário adequar o nosso discurso à realidade e problemas da plateia para quem falamos.

 

Adequar o tom do discurso ao público

As palavras devem ser pronunciadas claramente para que não possam ser confundidas. O volume e intensidade devem ser adequados ao conteúdo e momento. Não podemos esquecer que volumes muito elevados podem facilmente ser percecionados como autoritários, mas muito baixos podem transmitir timidez e insegurança. Para que o discurso não seja monótono, temos que escolher as palavras que queremos entoar e destacar.

 

Postura e comunicação corporal

O corpo é um dos nossos principais meios de comunicação. Muito antes de dizermos uma só palavra transmitimos impressões através de expressões faciais, gestos, postura e figurino. Tudo isso deve reforçar o que pretendemos dizer. O ideal é manter contacto visual direto com o público, não sendo persistente e cuidar da aparência como um todo.

 

Suportes técnicos e multimédia

É importante comunicar com apoio de bons recursos tecnológicos e multimédia, porém, estes devem servir de apoio e não serem o ator principal. A regra de ouro é escolher a dose certa de utilização tecnológica porque o ator principal é o orador.

 

 

A marca do discurso

As boas comunicações públicas são aquelas que deixam uma marca e isso só é possível com espontaneidade, que se consegue com dedicação, treino, e muito trabalho, por forma a transmitir o discurso de uma forma diferenciada e única.

 

2. Discurso motivacional e cativante

Escrever e comunicar um discurso motivacional e cativante, é uma tarefa desafiante. No momento de o conceber e escrever devemos ter em conta a sua complexidade e não apenas o texto.

Vejamos algumas recomendações para conceber e comunicar um bom discurso.

2.1 Recomendações para conceber e comunicar um bom discurso

Escrever o discurso em linguagem falada

frases que no papel são fantásticas, mas quando são faladas perdem a capacidade de comunicar, portanto devemos evitá-las. É muito simples, devemos ler o discurso em voz alta conforme o vamos escrevendo.

Conferir autenticidade ao discurso

Para conseguir transmitir autenticidade a um discurso é importante não inventar, para isso é fundamental transmitir bons conhecimentos, informação útil e experiências próprias.
Devemos começar por ganhar proximidade e envolvimento com o público, desenvolvendo em seguida os aspetos mais relevantes que pretendemos comunicar, se possível envolver a informação com uma boa história, por fim é muito importante terminar com uma conclusão arrebatadora.

 

Estruturar e organizar o discurso

Para conceber e escrever um discurso estruturado e organizado, devemos começar por fazer o levantamento dos elementos fundamentais que pretendemos comunicar. Este trabalho pode levar alguns minutos, horas ou mesmo dias, seja como for deve ser ponderado, porque constitui a estrutura do discurso.

Um bom discurso deve ter, uma boa introdução, um desenvolvimento consistente e uma conclusão inspiradora.
Não nos podemos esquecer, se for um discurso político fica bem um agradecimento, porque transmite humildade e o reconhecimento da importância que atribuímos ao público para quem comunicamos.

 

Integrar factos e dados numéricos

Os números e factos concretos emprestam sempre um caráter sério, rigoroso e real ao discurso, porém não devemos abusar ao ponto de se tornar enfadonho e cansativo.

Devemos apenas incluir informações essenciais, para ajudar a desenvolver e dar consistência à ideia central do discurso.

 

Fazer uma síntese final

Iniciar um discurso de forma cativante é importante, porém não podemos descurar a parte final. É fundamental que na parte final do discurso, façamos uma síntese com dois ou três pontos fundamentais do que fomos abordando, sem contudo, ser monótonos e repetitivos.

 

Comunicar o discurso com uma boa dicção

Depois de escrever um bom discurso é fundamental comunicá-lo bem e com uma boa dicção. Devemos ler o discurso em voz alta duas ou três vezes antes de o comunicar. Se surgirem algumas palavras que pareçam difíceis de pronunciar, ou que nos confundam, devemos substituí-las por outras que sejam mais familiares.

Se as palavras difíceis forem insubstituíveis, devemos treinar a pronúncia com antecedência.

 

Comunicar o discurso com uma boa comunicação não verbal

Para ter sucesso ao comunicar um discurso, a comunicação não verbal é fundamental. Devemos comunicar o discurso de peito aberto, libertando as mãos, deixando que elas também comuniquem o discurso, porém, não nos podemos esquecer que são duas e por vezes elas abusam, não podemos deixar que isso aconteça.

Devemos manter a leveza nos movimentos, deixando que a face e o olhar também comuniquem o discurso, mantendo uma boa relação visual com o público.

 

Comunicar com apoio tecnológico

Existem tecnologias e softwares (Powerpoint, Prezi ou Keynote) que quando bem utilizados podem ser bons aliados para comunicar um discurso com sucesso, ajudando a conquistar o público e despertar o seu interesse.

Contudo, não devemos abusar das tecnologias, não nos podemos esquecer que elas não são o ator principal.

 

Agora que estamos em condições de escrever e comunicar um bom discurso, recordo-lhe três grandes discursos, que poderão servir de inspiração:

I have a dream, Martin Luther King (Washington, 1963)
É um discurso pacifista contra o racismo que despertou consciências na década de 1960 e que lhe garantiu, um ano depois, o Prémio Nobel da Paz.

 

Como viver antes de morrer, Steve Jobs (Universidade de Stanford, 2005)
O criador da Apple, com um discurso emotivo, convidou os estudantes a serem empreendedores, apaixonando-se pelo que empreendem.

 

Yes we can, Barack Obama (New Hampshire, 2008)
O candidato à presidência dos EUA entusiasmou o país e o mundo inteiro com um discurso que se tornou o seu slogan de campanha.

 

3. O poder da voz para falar em público

A voz é o som produzido pela vibração das pregas vocais durante a passagem do ar, que vem dos pulmões. Portanto, uma boa voz começa com uma boa respiração.

Vejamos alguns cuidados para falar em público com uma boa voz.

3.1 Antes de começar a falar

Respire profunda e lentamente alguns minutos, para aliviar a tensão.

  • Inspire pelo nariz profunda e lentamente com o abdómen e o diafragma. Faça uma pausa (cerca de 5 segundos).
  • Expire pelo nariz, suave e lentamente (faça-o prolongado o máximo possível a expiração).

Realize este exercício pelo menos 6 vezes.

 

  • Inspire pelo nariz profunda e lentamente com o abdómen e o diafragma. Faça uma pausa (cerca de 5 segundos).
  • Expire pela boca e emita um “A” sonoro.

Realize este exercício pelo menos 3 vezes.

 

Procure escolher o ritmo adequado para comunicar o discurso em função do público para o qual vai comunicar.

 

O ritmo é ditado pela velocidade com que as palavras são ditas.
Nem sempre é fácil apercebemo-nos se temos tendência para falar depressa ou devagar.
Se conseguir dizer 90 palavras por minuto está a falar com uma velocidade lenta, se conseguir dizer entre 100 e 160 palavras por minuto está a comunicar a uma velocidade moderada, mas se conseguir dizer 200 ou mais palavras por minuto está a falar a um ritmo acelerado e é provável que não se perceba o que diz.

Não se esqueça que as pausas na comunicação são também muito importantes, pois em conjunto com a ênfase ajudam o ouvinte a conduzir o seu raciocínio.
Mas tenha sempre presente que as pausas, ajudarão a:

  • Pronunciar bem as palavras;
  • Processar a informação por parte dos ouvintes;
  • Destacar aspetos importantes do discurso.

Estude o público e reveja momentos em que vai modelar o volume da voz e o tom.
Lembre-se de que os extremos sempre são danosos para a comunicação.
Enquanto o alto volume pode inibir, o baixo pode até causar sonolência e desatenção.
Procure imaginar o ambiente e o volume adequado para a sua comunicação pessoal, mas nunca grite.

Procure adequar o volume da voz em função do local.
Não se esqueça que em locais grandes ou com grande número de pessoas, pode elevar o volume de voz acima do normal, mas atenção em locais pequenos e com poucos ouvintes devemos utilizar um volume natural para não criar um clima tenso.

 

3.2 Durante a apresentação

Evite inspirar exclusivamente pela boca ou pelo nariz.
Respire utilizando as duas vias, alternadamente e faça uma respiração abdominal: este tipo de respiração provoca menos tensão ajudando a relaxar durante a comunicação.
Porém evite controlar a inspiração ou expiração contraindo os músculos da garganta.

 

Inspire de forma rápida e silenciosa.
Para proceder a este tipo de respiração, procure fazer uma respiração abdominal, ou seja, deixe que o seu diafragma trabalhe e não force uma respiração torácica, que lhe irá provocar tensão.

Não diga frases muito longas sem respirar entre elas.
Um bom texto com uma boa pontuação ajudarão com toda a certeza.

Modere o ritmo da sua fluência verbal.
Lembre-se que os discursos mais acelerados conferem mais energia à mensagem, mas podem levar a audiência à exaustão. Já uma velocidade moderada, com pausa e silêncios pode sugerir segurança e autoridade.

Modere o volume em função do conteúdo e a ênfase que deseja transmitir.
A voz ajuda a tornar o discurso mais ou menos convincente. Não se esqueça que o volume normal com algumas acentuações e ligeiras subidas de volume utilizadas equilibradamente demonstram envolvimento, interesse, podendo até aquecer os ânimos de forma positiva, ajudando a prender a atenção dos ouvintes.

Escolha uma postura adequada em que se sinta bem.
Procure manter um ângulo de 90º entre a ponta do queixo e o pescoço;
Se estiver em pé, os pés devem estar bem assentes no chão, se estiver sentado, apoie as costas no encosto e deixe que os joelhos façam um ângulo de 90º;
Se tiver que se movimentar, alinhe os ombros e os quadris na movimentação, mas deixe sempre os ombros relaxados;
Oriente o olhar para onde pretende apontar a voz, por forma a transmitir segurança e persuasão.

Mantenha contacto visual com o público e procure moldar o volume da voz e o tom em função das reações que pretende provocar e que está a percecionar nos ouvintes.
Não se esqueça que as expressões faciais devem ser coerentes com o ritmo, tal como as ênfases e as pausas da fala, por forma a potencializar os seus resultados.

 

4. A dicção e a modelação da voz para falar em público

Podemos comunicar da forma não verbal, através dos gestos, da postura ou da cor, mas é através da comunicação verbal que os seres humanos se comunicam por excelência. No dia a dia é através da fala que nos comunicamos na maior parte do tempo.

Falar de forma adequada e eficaz requer clareza e objetividade. Para que a comunicação oral seja eficaz é fundamental que a voz seja utilizada adequadamente.
O orador que utilize adequadamente a voz quando comunica, não só dará vida e expressividade à sua comunicação, como fará também com que a sua mensagem seja adequadamente assimilada pelo público para quem comunica.
A forma como um orador articula as palavras e utiliza a dicção para comunicar a sua mensagem influencia decididamente a sua audiência.

A dicção é a pronúncia do som das palavras, das sílabas e das letras na fala. Falar com qualidade em público exige uma dicção clara e precisa, que pode ser aprendida, corrigida e aperfeiçoada.
Porém melhorar a dicção requer muita vontade, disciplina e trabalho.

Para melhorar a dicção é fundamental aprender a relaxar, respirar corretamente e articular adequadamente as palavras, contudo em todo o processo de melhoramento da dicção, temos que ter sempre presentes três fatores fundamentais:

  • a respiração adequada;
  • o aquecimento dos músculos faciais;
  • e o aquecimento da língua.

 

4.1 Exercícios para uma dicção de qualidade

Vejamos alguns exercícios que poderão ajudar-nos a adquirir uma dicção de qualidade.

 

1. Fazer vibrar a boca e o nariz, apoiando os dedos de uma das mãos no nariz.

Procure emitir, durante 60 segundos, um som tipo (hummmmmmmmm) como se fosse uma abelha, depois fique 30 segundos em silêncio e respire profundamente. Realize este exercício 5 a 6 vezes seguidas.

 

2. Inspire profundamente pelo nariz e de seguida articule cada um dos fonemas “i” e “u” até esgotar o ar inspirado.

Repita este exercício 4 ou 5 vezes, combinando um e outro fonema.

 

3. Faça vibrar os lábios com intensidade.
Durante um minuto faça vibrar os lábios com intensidade, depois descanse durante outro minuto. Realize o exercício pelo menos 3 vezes.

 

4. Pronuncie as sílabas Mua – Meé – mue – mui – muo – muu.
Realize o exercício 4 ou 5 vezes, intercalando com momentos de silêncio entre cada sequência.

 

5. Articule de forma rápida e intensa as sílabas e letras da sequência – la a – la e – la i – la o – la u.
Realize 4 ou 5 vezes consecutivas, parando uns segundos entre cada sequência.

 

6. Com a boca fechada, aperte os lábios para dentro e um contra o outro durante 5 segundos.
Depois de apertar os lábios durante 5 segundos, separe-os rapidamente mostrando os dentes fechados durante 5 segundos.
Realize esta sequência 4 ou 5 vezes.

 

7. Pronuncie as letras consoantes P – B – T – D – G – Q.
Inspirando profundamente, pronuncie lentamente as consoantes expirando.
Realize esta sequência 3 ou 4 vezes.

 

8. Leia cada sequência de vogais e a respetiva frase.
Faça a leitura pronunciando pausadamente cada sequência e respetiva frase, exagerando em cada sequência de vogais.
AI – A gaita do pai da Adelaide está em baixo da caixa.
UI – Fui colher flores ruivas e azuis nos pauis.
AIO – O lacaio do cavalo baio leva o balaio de paio.
OIA – Aribóia via a jiboia que boiava na pitimboia.

 

9. Leia as consoantes e a respetiva frase.
Procure ler cada consoante e respetiva frase, pronunciando pausadamente a consoante.
M – O mameluco melancólico meditava e a megera megalocéfala, macabra e maquiavélica mastigava mostarda na maloca miasmática. Migalhas minguadas de moagem, mitigaram míseras meninas.
R – O rato, ratazana, o ratinho, roeram as rútilas roupas e rasgaram as ricas rendas da rainha dona Urraca de Rombarral.
SSófocles soluçante ciciou no Senado suaves censuras sobre a insensatez dos seus filhos insensíveis.

 

10. Pronuncie a letra “r” no final de cada palavra.
Cada série de quatro sílabas deve ser pronunciada numa só expiração, com uma ligeira paragem em cada palavra:
BARDARLARMAR
TERLERVERVIR
QUERDERCORMOR
CORDORFORPOR

 

11. Com um objeto que ajude a simular um microfone, afastado poucos centímetros da boca, leias as diferentes frases, rimas e trava-línguas.
As frases devem ser lidas com um ritmo lento (menos de 90 palavras por minuto), normal (100 a 160 palavras por minuto) e rápido (mais de 200 palavras por minuto).

Frase
“A clareza da comunicação é um fator determinante na conquista da confiança, que por sua vez, é fundamental na construção da credibilidade. A credibilidade é o fator essencial do êxito do orador.”

Rima
”De tudo ao meu amor serei atento,
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto,
Que mesmo em face do maior encanto,
Dele se encante mais o meu pensamento.”

Trava-língua
“Joana, a joaninha, enjoada de jantar jiló, jaca e beringela; resolveu dar um jeito, foi falar com o Juca e pediu a sua sugestão. Juca, muito jeitoso, sugeriu ligeirinho: que tal jambo e jabá?”

 

5. Postura corporal e comunicação não verbal para falar em público

A expressão corporal é muitas vezes percecionada antes da linguagem verbal. Empresta o formato à nossa comunicação em público, assumindo, portanto, uma importância fundamental para quem queira ter sucesso para comunicar em público.
Através da expressão corporal podemos marcar a forma da nossa comunicação em público, transmitindo sentimentos e deixando expressar os sinais do nosso corpo, através:

  • dos gestos;
  • das expressões faciais;
  • e da postura.

Pela importância que assumem para ter sucesso a comunicar em público, os gestos, as expressões faciais e a postura, devem ser observados e trabalhados para que quem comunica transmita a mensagem certa durante uma apresentação.

 

5.1 Gestos

Os gestos devem expressar naturalidade, devem estar em consonância com a fala, ser leves e harmoniosos, devem também ajudar na compreensão do conteúdo, reforçando as ideias, para prender a atenção positivamente dos ouvintes.
Devemos utilizar os braços e as mãos para reforçar o conteúdo, mas atenção, procure mantê-los ao nível da cintura, nunca à frente da cara.

Devemos ter cuidado com os movimentos das pernas e dos pés, uma vez que eles também necessitam criar harmonia com a fala e estar adequados ao espaço disponível. Uma movimentação pouco coordenada transmite nervosismo ou impaciência.
Atenção aos movimentos repetitivos, pois provocam cansaço e desviam a atenção da mensagem principal.

Vejamos alguns gestos que devem ser evitados por quem fala em público:

  • Tapar a boca ao falar;
  • Ficar com os braços cruzados, uma vez que é percecionado como uma postura defensiva ou de insegurança;
  • Mexer em objetos de forma insistente;
  • Ajeitar os cabelos e os óculos constantemente;
  • Roer as unhas;
  • Coçar o nariz, orelhas ou qualquer parte do corpo.

 

5.2 Expressões faciais

O rosto deve manter expressões leves e descontraídas, para não transmitir uma mensagem errada aos ouvintes.
Por exemplo, evite contrair o rosto quando está a transmitir uma mensagem positiva, poderá confundir o público. Também não faz sentido sorrir quando pretende comunicar um assunto sério e problemático, provavelmente os ouvintes pensarão que é uma brincadeira.

Vejamos expressões faciais que devem ser evitadas:

  • Evitar contrair os músculos da face, porque podem demonstrar irritação ou desagrado;
  • Evitar enrugar a testa, pode demonstrar preocupação;
  • Procure não fixar o olhar para o chão, pode passar a ideia de vergonha, desconforto ou desinteresse.

Relativamente ao contacto visual, procure olhar para todos como se estivesse numa conversa com amigos. O contacto visual gera ligação com a audiência, prende a atenção e estimula o envolvimento dos participantes. Quando subimos ao palco, ou nos deslocamos para o centro da sala onde nos comunicamos, todos olham para nós à espera que os olhemos e conversemos com eles. Mas atenção, não dirija olhares maliciosos, nem fixe uma só pessoa, porque pode ser contraproducente.

 

5.3 Posturas

Para comunicar em público devemos manter uma postura ereta, com os pés bem firmes no chão e pouco separados, de forma equilibrada.
Devemos ter muita atenção à forma como nos deslocamos. Andar rápido passa a impressão de estar com pressa ou estar atrasado. Andar lentamente, pode passar a mensagem de cansaço ou de quem pretende esquivar-se de assumir algum compromisso.
Se estiver curvado para baixo e torto, demonstrará sinais de depressão.
Quando comunicamos parados em pé, com o peito projetado para frente, demonstramos confiança. Mas cuidado, se adotarmos essa posição abusivamente e com muita proximidade, pode ser interpretada como uma tentativa de intimidação, e como tal pode ser assumida como atitude de superioridade.

O que fazer com as mãos? Muito simplesmente, deixe-as acompanhar a sua mensagem, os movimentos e os gestos devem ajudar a desenhar a forma como falamos. Procure deixar as mãos à altura da cintura e não exagerar na movimentação. Evite cruzar os braços, apontar o dedo para a plateia, ficar por muito tempo com a mão no bolso ou esfregar as mãos entre si.

 

6. Dicas para ter sucesso a falar em público

Medo de falar em público?
Eis algumas ideias-chave que devemos ter sempre presentes, para que nos sintamos confortáveis a falar em público. Algumas dicas podem ajudar nos momentos que antecedem a comunicação, outras, porém podem ajudar com preparação atempada. Pratique-as com determinação, verá que começará a sentir-se cada vez mais à vontade para comunicar em público.

 

6.1 Dicas para comunicar com sucesso

1. Ler os textos em voz alta

Ler os textos em voz alta, para nos habituarmos ao som, às modulações, ao ritmo da voz. Habituarmo-nos a lê-los um pouco mais alto, a variar de volume, para que possamos aprender a falar com mais convicção, sem que isso nos desconcerte.

 

2. Fazer exercícios simples de dicção

O segredo, pois, está na preparação, ou seja, em praticar antes de enfrentar o público. Um conselho: “desenferruje-se”, falando em voz alta contra uma parede e em frente a um espelho, para estudar tons da voz, gestos, posicionamentos, etc. E, antes de começar a falar, dê uma volta pela sala, para “sentir” o ambiente.

 

3. Fazer exercícios de descontração

Fazer alguns movimentos para distender os músculos, que se crispam com o receio de enfrentar uma assistência – pescoço, espáduas, braços… E fazer alguns exercícios para distender a boca e a face.

 

4. Preparar a respiração abdominal

Preparar a respiração abdominal, deitados na cama – é deitado que isso se consegue mais facilmente. Tentar respirar “com o abdómen” em diferentes momentos da vida quotidiana.

 

5. Treinar a comunicação não verbal

Treinar a comunicar as emoções, sem palavras, com a ajuda do olhar, de expressões da face. Apoiarmo-nos sobretudo na comunicação não verbal, para não comunicarmos apenas com palavras.

 

6. Definir a comunicação

Determinar qual a mensagem essencial que queremos transmitir, qual o nosso objetivo e qual a forma de abrir o debate, tudo isto deve ser preparado antes de começar a nossa comunicação pública.

 

7. Comunicar com autenticidade

Encontrar a nossa própria dinâmica, a nossa forma de organizar o discurso, segundo a nossa lógica e a nossa convicção. Para conseguirmos ser nós próprios, é necessário começar por termos um discurso com que nos identifiquemos.

 

8. Repetir diversas vezes, de formas diferentes

Repetir toda a intervenção, ou somente os pontos-chave. Repetir o princípio. Repetir o fim – mas não demasiadamente, para não perdermos a naturalidade e o desejo de o fazer na altura própria, detetando palavras de que não gostemos, à força de as repetirmos demasiadamente.

 

9. Refletir nos nossos exemplos

Sim, porque falar em público é o exercício mais poderoso para repelirmos os nossos medos. E veremos como a voz se habitua a novas tonalidades para exercitarmos melhor a comunicação, até nas conversas do quotidiano. O objetivo é o de desenvolvermos mais capacidades, mais confiança e mais vastas competências em matéria de comunicação.

 

10. Aquecer a voz

Imediatamente antes de tomarmos a palavra, aquecer a voz, falando um pouco, se já não o tivermos feito antes suficientemente.

 

Por fim e para que tudo corra bem e para que o “day after” possa ser ainda melhor, devemos utilizar a técnica de imagens mentais positivas, neste caso vamos imaginar-nos diante de um público cativado pela nossa comunicação. Imagens mentais positivas ajudar-nos-ão a programar e ficar mais calmos, uma vez que o segredo para progredirmos nesta matéria é conseguirmos atingir o prazer de intervir em público.