Índice
1 – Anatomia da Cabeça e da Boca
1.1 – O Corpo Humano
1.2 – Sistemas do Corpo Humano
1.3 – Anatomia da Cabeça
1.4 – Articulação Temporomandibular – ATM
1.5 – Músculos da Mastigação
1.6 – Nervos da Boca
1.7 – Sistema Arterial da Cabeça e da Boca
2 – A Cavidade Oral
2.1 – Língua
2.2 – Glândulas Salivares
2.3 – Palato
3 – Os Dentes e Estruturas Conexas
3.1 – Dentes
3.2 – Osso alveolar
3.3 – Ligamento Periodontal
3.4 – Gengiva
4 – Dentição Humana
4.1 – Dentição Decídua
4.2 – Dentição Mista
4.3 – Dentição Definitiva
4.4 – Tipos de Dentes
4.5 – Diferenças entre Dentes Decíduos e Dentes Permanentes
4.6 – Divisão e Codificação da Boca e Dentes
5 – Patologia Oral
5.1 – Cárie Dentária
5.2 – Gengivite
5.3 – Periodontite
5.4 – Aftas
5.5 – Eritema Migratório
5.6 – Halitose
5.7 – Candidíase Oral
5.8 – Endocardite Bacteriana
1. Anatomia da Cabeça e da Boca
1.1 O Corpo Humano
O corpo humano é uma máquina perfeita que funciona a partir da atuação conjunta de diversos sistemas. Assim como todos os seres vivos, com exceção dos vírus, os seres humanos possuem o corpo formado por células, que formam tecidos, os quais formam órgãos, que por sua vez, formam sistemas.
Células semelhantes, reunidas em grupos e que desempenham uma determinada função em comum, formam os tecidos. As células musculares, por exemplo, formam o tecido muscular.
No total, o nosso corpo é formado por quatro tipos básicos de tecidos, nomeadamente:
- Epitelial;
- Conjuntivo;
- Muscular;
- Nervoso.
Os órgãos são formados por tecidos diferentes, que trabalham de forma conjunta para realizar uma função específica. O coração, por exemplo, é composto por tecido epitelial e, principalmente, tecido muscular do tipo cardíaco.
Diferentes órgãos podem estar interligados para desempenhar uma função ainda maior, formando os sistemas. O coração, por exemplo, faz parte do sistema cardiovascular, o qual apresenta como componentes, além desse órgão, os vasos sanguíneos.
Para que ocorra o funcionamento adequado do organismo, todos os nossos órgãos devem funcionar bem, em sintonia e equilíbrio. Sendo assim, todos os órgãos possuem importância, mas alguns são vitais.
Vejamos alguns dos principais órgãos do corpo humano:
- A Pele;
- Os Pulmões;
- O Pâncreas;
- Os Rins;
- O Estômago;
- O Intestino Delgado e o Intestino Grosso;
- O Coração.
1.2 Sistemas do Corpo Humano
O corpo humano é composto por diversos sistemas diferentes, que trabalham em conjunto para manter o corpo em funcionamento de maneira saudável.
Vejamos os principais sistemas do corpo humano:
:: SISTEMA DIGESTIVO
O Sistema Digestivo garante que o alimento seja decomposto em partículas menores, que podem ser aproveitadas pelo organismo. O sistema digestivo garante a eliminação das porções que não são aproveitadas. Fazem parte deste sistema, a boca, a faringe, o esófago, o estômago, os intestino delgado e intestino grosso.
:: SISTEMA CARDIOVASCULAR
O Sistema Cardiovascular garante a distribuição de oxigénio e nutrientes pelo corpo. Fazem parte deste sistema, o coração e os vasos sanguíneos.
:: SISTEMA RESPIRATÓRIO
O Sistema Respiratório garante a realização das trocas gasosas, ou seja, a absorção de oxigénio e a eliminação do gás carbónico. Fazem parte do sistema respiratório, o nariz, a faringe, a laringe, a traqueia, os brônquios, os bronquíolos e os alvéolos.
:: SISTEMA EXCRETOR
O Sistema Excretor está relacionado com a eliminação da urina, garantindo que as substâncias em excesso ou produtos tóxicos do metabolismo sejam eliminados. Fazem parte deste sistema os rins, os ureteres, a bexiga e a uretra.
:: SISTEMA ENDÓCRINO
O Sistema Endócrino está relacionado com a regulação química das atividades do nosso corpo. Várias glândulas compõem esse sistema, tais como os ovários, os testículos, a hipófise, a tiroide, o pâncreas e os suprarrenais.
:: SISTEMA REPRODUTOR
O Sistema Reprodutor está relacionado com a nossa reprodução. Nas mulheres, os órgãos principais que produzem gametas são os ovários, nos homens, são os testículos.
:: SISTEMA NERVOSO
O Sistema Nervoso está relacionado com uma série de atividades importantes no corpo, como a coordenação, a memória e perceção de estímulos. Fazem parte desse sistema, o encéfalo, a medula espinhal, os nervos e as terminações nervosas.
:: SISTEMA TEGUMENTAR
O Sistema Tegumentar é formado pela pele e derivados, tais como os pelos, as unhas e as glândulas. A sua função é garantir o isolamento do corpo e também controlar a temperatura.
:: SISTEMA ESQUELÉTICO
O Sistema Esquelético relaciona-se diretamente com a sustentação do organismo, movimentação e proteção de órgãos internos. O sistema esquelético é formado por ossos, estruturas cartilaginosas e membranas associadas.
:: SISTEMA MUSCULAR
O Sistema Muscular, é formado pelos conjuntos dos músculos e está relacionado também com a movimentação e contração dos órgãos.
A anatomia básica do Corpo Humano integra as seguintes partes:
- Cabeça;
- Pescoço;
- Tronco (que incluem o tórax e abdómen);
- Braços e mãos;
- Pernas e pés.
1.3 Anatomia da Cabeça
O crânio humano é composto por cerca de 22 a 30 ossos individuais, que estão na sua maioria ligados uns aos outros por articulações ossificadas, as chamadas suturas.
O crânio subdivide-se nos ossos faciais (esqueleto facial) e na calota craniana (esqueleto cerebral). O esqueleto facial protege e suporta as estruturas faciais subjacentes e envolve os globos oculares. A calota craniana protege o cérebro, além das estruturas dos ouvidos médio e interno (orelhas média e interna).
O osso frontal situa-se na parte superior, por sua vez a mandíbula situa-se na parte inferior, dando ao crânio um formato oval, quando observado de um ponto de vista anterior. O osso frontal fica subjacente à fronte, acima das cavidades orbitais, da ponte nasal (que é formada por dois ossos nasais em conjunto), e pelo processo frontal do osso zigomático.
Os dois ossos maxilares ocupam uma parte significativa na zona média da cabeça, juntamente com os ossos nasais, formam os limites da abertura nasal anterior, na parte inferior. A mandíbula e o processo alveolar dos ossos maxilares formam a parte inferior do crânio anterior.
A maxila é um osso irregular e pneumático, com forma piramidal. Faz a comunicação com a cavidade nasal. A maxila divide-se em maxila direita e esquerda e forma o maxilar superior.
A maxila relaciona-se também com outras estruturas da face, nomeadamente os seios maxilares, que são espaços pneumáticos contidos no interior do osso. A cavidade dos seios paranasais é revestida por uma camada de muco denominada mucosa.
A mandibula, é um osso com formato em ferradura. Sendo um osso ímpar é o único osso que não se articula com os ossos cranianos adjacentes através de suturas. Observando o crânio puramente como estrutura óssea, não há nada que prenda anatomicamente a mandíbula ao resto do crânio.
A mandíbula articula-se através dos dentes com a maxila, quando a boca se encontra fechada. Também se articula com o neurocrânio através do osso temporal, formando a articulação temporomandibular (ATM).
1.4 Articulação Temporomandibular – ATM
A articulação temporomandibular (ATM) é a articulação que liga a mandíbula (queixo) ao osso temporal (parte do crânio acima das orelhas). É uma das articulações mais importantes do corpo humano, pois é responsável por permitir que a mandíbula se mova para cima e para baixo e para os lados, o que é necessário para falar, comer e realizar outras atividades. A ATM também é importante porque ajuda a manter a estabilidade da mandíbula e a proteger os dentes.
Para localizar a ATM, basta posicionar os dedos em frente das orelhas, abrir e fechar a boca e passaremos sentir as articulações temporomandibulares, uma de cada lado do rosto, a movimentarem-se sob dedos. A disfunção da ATM é uma anormalidade da articulação temporomandibular e/ou dos músculos responsáveis pela mastigação.
Como qualquer outra articulação do corpo, a ATM pode ser fraturada, ficar inchada e ficar dolorida, limitando os movimentos da mandíbula e fazendo com que a dor irradie para a cabeça e para o pescoço. Ao contrário de outras articulações, como o joelho e o quadril, a artrite da ATM é muito rara e difícil de ser tratada apenas com medicamentos anti-inflamatórios. No entanto, a dor na ATM é frequentemente temporária, e pode ser tratada com uma combinação de gelo e calor para aliviar a dor nos ligamentos e músculos próximos da articulação.
O hábito de ranger os dentes, por exemplo, pode tornar-se prejudicial, nomeadamente se os dentes estiverem desalinhados e alguns movimentos causarem atrito dos dentes uns contra os outros, provocando dor na articulação.
O stress, seja o que está relacionado com o trabalho ou com problemas pessoais, pode ser uma fonte de atividade intensa da mandíbula e provocar dor na ATM.
1.5 Músculos da Mastigação
São considerados quatro músculos pertencentes ao grupo da mastigação. Três elevadores (masseter, temporal e pterigóideo medial) e um protrusor (pterigóideo lateral).
Os músculos da mastigação recebem a inervação do nervo trigémeo, através da sua raiz motora, o nervo mandibular.
1.6 Nervos da Boca
Existem vários nervos importantes na zona da boca, incluindo o nervo maxilar e o mandibular. O nervo maxilar é um nervo craniano que fornece sensação para a pele da face, os dentes superiores e a boca, para além da mucosa nasal e da faringe. Controla também alguns músculos da face, como os que movem a mandíbula para a frente, para trás e para os lados. O nervo maxilar é o segundo maior nervo craniano e é o nervo responsável por enviar informações de dor, tato e temperatura da maior parte da face para o cérebro. Ele é um dos três nervos que compõem o nervo trigémeo.
O nervo mandibular é um nervo craniano que fornece sensação para a pele da face, dos dentes inferiores e da boca, para além da mucosa nasal e da faringe. Ele também controla alguns músculos da face, como os que movem a mandíbula para a frente, para trás e para os lados. O nervo mandibular é o terceiro maior nervo craniano e é o nervo responsável por enviar informações de dor, tato e temperatura da mandíbula e da parte inferior da face para o cérebro.
1.7 Sistema Arterial da Cabeça e da Boca
As principais artérias da cabeça e do pescoço são as artérias carótida comum e a artéria vertebral.
O sistema arterial da boca é composto por várias artérias que fornecem sangue rico em oxigénio aos tecidos da boca, incluindo a língua, os lábios, a gengiva e os dentes.
As principais artérias que fornecem sangue à boca são a artéria facial, a artéria mandibular e a artéria lingual. A artéria facial fornece sangue para a face e para a boca, a artéria mandibular fornece sangue para a mandíbula e para a boca, e a artéria lingual fornece sangue para a língua. Todas essas artérias são ramos da aorta, que é a principal artéria do corpo.
O sistema arterial da boca é importante para manter a saúde dos tecidos da boca e garantir que eles recebam nutrientes e oxigénio suficientes para se manterem saudáveis.
As veias da boca são responsáveis por transportar o sangue venoso de volta para o coração. Elas estão localizadas ao lado das artérias e são menores e mais finas. As principais veias da boca são as veias facial, mandibular e lingual, que correspondem às artérias com os mesmos nomes. As veias facial e mandibular drenam o sangue da face e da mandíbula, enquanto a veia lingual drena o sangue da língua. Todas essas veias drenam o sangue para a veia jugular interna, que é uma das principais veias do corpo.
O sistema venoso da boca é importante para remover o sangue venoso da boca e transportá-lo de volta para o coração.
2. A Cavidade Oral
A cavidade oral é um importante órgão sensorial, pois permite a perceção de sabores, aromas e temperatura dos alimentos. Além disso, é também um importante órgão de comunicação, pois permite a produção da fala.
Ela é formada pelas estruturas ósseas do crânio, pelos lábios, pelas gengivas, pelo céu da boca, pelo palato duro e mole, e pelas amígdalas.
A cavidade oral pode ser dividida em partes anterior e posterior pelos arcos dentários (ou dentes). O vestíbulo oral anterior encontra-se anteriormente aos dentes e posteriormente aos lábios, enquanto a cavidade oral própria descreve a área posterior aos dentes.
O interior da cavidade oral é constantemente lubrificado por glândulas salivares, que também participam da digestão dos alimentos ao secretar enzimas que iniciam a digestão dos alimentos.
2.1 Língua
A língua é a parte central da cavidade oral. É um órgão muscular, cuja base está ligada à base da cavidade oral, enquanto o seu ápice é livre e móvel.
A língua é composta predominantemente por músculo, na realidade são oito no total. Os músculos que compõem o interior da língua são chamados de músculos intrínsecos da língua. São responsáveis por muitas das funções da língua, tais como a fala, a mastigação e outras ações que requerem movimentos da língua. Estes músculos controlam movimentos como a torção, encurvamento, achatamento e alargamento da língua. Os músculos que estão localizados fora da língua são chamados de músculos extrínsecos da língua, auxiliam a língua e suportam ações mais complexas, como a protrusão e retração.
A mobilidade e força da língua são importantes para os processos da fala e mastigação.
Além de músculos, a outra importante estrutura da língua é a mucosa. A mucosa dorsal da língua é recoberta por papilas linguais e botões gustativos, que funcionam como recetores sensitivos para o paladar.
2.2 Glândulas Salivares
As glândulas salivares são estruturas localizadas na boca, têm como função produzir e secretar a saliva, que possui enzimas responsáveis por facilitar o processo digestivo dos alimentos e por manter a lubrificação da garganta e da boca, evitando ressecamento.
A principal função das glândulas salivares é a produção e secreção de saliva, que acontece quando há alimentos na boca ou como consequência de estímulo olfativo.
As glândulas salivares estão presentes na boca e podem ser classificadas de acordo com a sua localização em:
- Glândulas Parótidas, que sãos a maiores glândulas salivares e estão localizadas na frente da orelha e atrás da mandíbula;
- Glândulas Submandibulares, que ficam na parte posterior da boca;
- Glândulas Sublinguais, que são pequenas e estão localizadas por baixo da língua.
Todas as glândulas salivares produzem saliva, no entanto as glândulas parótidas, que são maiores, são responsáveis pela maior produção e secreção de saliva.
Algumas situações podem interferir no funcionamento das glândulas salivares, podendo ter consequências para o bem-estar e qualidade de vida da pessoa. A principal alteração relacionada com as glândulas salivares é a obstrução do ducto salivar devido à presença de pedras formadas no local.
2.3 Palato
O palato é uma estrutura anatómica localizada na parte superior da boca e é responsável por dividir a cavidade oral da nasal. É formado por uma camada óssea e uma camada muscular e é revestido por uma camada de tecido mucoso.
O palato duro, que é a parte óssea, é responsável por dar sustentação à estrutura e forma à parte superior da cavidade oral. O palato mole, que é a parte muscular, é responsável por se mover para cima e para baixo durante a deglutição para fechar a passagem entre a cavidade oral e nasal. O palato também desempenha um papel importante na produção de som durante a fala, já que é responsável por moldar e modificar os sons produzidos pelas cordas vocais.
O palato pode ser afetado por várias doenças e condições genéticas. A fenda palatina é um distúrbio que pode causar dificuldades de alimentação e fala em bebés e crianças pequenas.
A fenda palatina é uma abertura no céu da boca, no palato duro ou mole, que pode ocorrer num ou nos dois lados da boca, podendo estender-se até afetar os lábios e o nariz.
3. Os Dentes e Estruturas Conexas
3.1 Dentes
Os dentes da boca são estruturas ósseas que fazem parte do sistema de mastigação e ajudam a triturar os alimentos para facilitar a digestão. Eles têm, também, um papel importante na fala e na aparência facial.
Existem vários tipos de dentes, cada um com uma função específica, nomeadamente:
- INCISIVOS, são os dentes da frente que cortam os alimentos;
- CANINOS, são os dentes afiados localizados ao lado dos incisivos e são usados para perfurar e triturar alimentos;
- PRÉ-MOLARES e MOLARES, são os dentes traseiros que trituram os alimentos.
Os primeiros dentes surgem por volta dos seis meses de vida. Esses são os famosos “dentes de leite”, mais corretamente designados por dentes decíduos. Esta dentição é constituída por 20 dentes.
Por volta dos cinco anos de idade, esta primeira dentição começa a ser trocada por uma dentição permanente. Apesar de começar cedo na vida da criança, a formação dos dentes definitivos completa-se apenas na fase adulta, entre 18 e 21 anos. A dentição definitiva completa, é formada por 32 dentes.
Devemos frisar ainda que existe uma dentição classificada como mista, ocorre no período em que a criança possui dentes de leite e dentes definitivos.
Podemos dividir a estrutura dos dentes em três partes, nomeadamente:
- COROA: esta é a parte do dente localizada acima da gengiva. Esta parte encontra-se coberta com esmalte, para melhor resistir a ataques bacterianos ou mecânicos.
- COLO: esta é uma espécie de fronteira entre a coroa e a raiz, localizada na junção com a gengiva.
- RAIZ: esta é a parte do dente que se encontra no osso alveolar. A este nível, o dente já não está coberto com esmalte, mas sim com cemento, que é mais frágil.
Vejamos agora sumariamente, cada um dos elementos do dente.
O esmalte é o tecido mais duro do corpo, mais do que o osso. Tem uma espessura de 2 a 3 mm e torna-se mais fino à medida que se aproxima da gengiva. Ao contrário da crença popular, não é branco ou amarelo, mas sim transparente. Trata-se de uma substância principalmente mineral cujo papel é proteger o dente contra ataques bacterianos, mas também contra traumas e fricções devidas à mastigação, quedas, etc. A saliva ajuda a proteger o esmalte, porque contém elementos que regulam o pH da boca e fornecem iões fluoreto, que são essenciais para remineralizar o esmalte de modo a torná-lo mais resistente.
A dentina é uma substância mineral, como o esmalte, mas é menos resistente do que o esmalte. É a dentina que dá aos dentes a sua cor, através da transparência do esmalte. A dentina é coberta com túbulos, que medem aproximadamente 1 micrómetro de diâmetro.
Cada túbulo contém um processo odontoblasto, que tem origem na periferia da polpa. São os odontoblastos que permitem a regeneração da dentina e provocam a sensibilidade dentária. A dentina é coberta por esmalte na coroa do dente (a parte visível do dente quando as gengivas estão saudáveis), e depois pelo osso alveolar e gengiva abaixo da área coberta de esmalte.
A dentina nunca deve, portanto, estar em contacto com o meio oral. Quando tal acontece, como se as gengivas recuassem, esta pode ser atacada mais facilmente por bactérias, que depois causam cáries radiculares.
A polpa é um tecido conjuntivo que se encontra no interior da dentina. É o tecido que torna o dente “vivo” e sensível ao calor, ao frio, à dor, etc., e é atravessado por nervos, vasos linfáticos, vasos sanguíneos e artérias. Os vasos sanguíneos na polpa estendem-se através do forame apical até ao osso alveolar e unem-se aos vasos sanguíneos da face. É por isso que, quando se sofre de uma cárie profunda que atinge a polpa, a dor de dentes espalha-se por todo o rosto.
Os vasos sanguíneos e os nervos da polpa vão no sentido da raiz, e unem o osso alveolar através do forame apical, a abertura no final da raiz do dente.
3.2 Osso Alveolar
O osso alveolar é uma camada delgada que circunda a raiz dos dentes, mantendo-os protegidos contra bactérias da gengivite devido a inserção das fibras colágenas do ligamento periodontal. Consiste em tecido ósseo o qual dá sustentação aos dentes.
O osso alveolar está preso ao maxilar e aos ossos da mandíbula e está protegido a nível superior pelas gengivas. O osso alveolar segue a vida do dente, forma-se ao mesmo tempo que o dente, e desaparece se o dente permanente cair e não for instalado nenhum substituto (implante, ponte ou prótese removível) para o substituir. O dente não é fixo ou fundido no osso alveolar, está ligado a ele pelo desmodonto, um ligamento periodontal, que permite a mobilidade fisiológica, mas que é invisível a olho nu.
Além de manter a estrutura dentária no arco, o osso alveolar também tem função de proteção, locomoção e reservatório do dente.
3.3 Ligamento Periodontal
O ligamento periodontal permite que o dente funcione sob a carga da mastigação e absorva o excesso de pressão resultante do bruxismo. O ligamento também está envolvido na movimentação dentária e ajuda na erupção dos dentes. Desse modo, a movimentação dentária ortodôntica é possível por causa deste ligamento. Se o dente estivesse diretamente conectado ao osso, funcionaria como um implante e não poderia ser movimentado. Como o dente é fixado no alvéolo pelo ligamento periodontal e não por uma interface direta entre o osso e ele, é possível extraí-lo, na maioria das vezes, sem remover significativamente pequenas áreas do osso alveolar.
3.4 Gengiva
A gengiva é a parte do tecido mole que reveste as mandíbulas e os dentes. Ela protege as raízes dos dentes e ajuda a mantê-los no lugar.
A gengiva saudável tem uma cor rosa ou coral suave, apesar de poder conter outros pigmentos, dependendo da sua origem étnica.
Se as gengivas parecerem avermelhadas ou inchadas, se sangrarem ao escovar os dentes ou ao usar o fio dental ou se começarem a retrair-se, podemos estar face a sinais de doença da gengiva.
A principal causa de doença da gengiva é a formação da placa bacteriana ao longo da linha da gengiva (onde a gengiva se encontra com o dente). Se a placa não for removida com a escovação dos dentes e o uso do fio dental de modo frequente, pode causar irritação e gengivite, que é uma forma inicial e reversível da doença da gengiva.
4. Dentição Humana
A dentição humana é o conjunto de dentes presentes na boca de um ser humano. A dentição humana começa a aparecer por volta dos seis meses de idade e é composta por vinte dentes de leite, que são substituídos por trinta e dois dentes permanentes ao longo da infância e da adolescência.
Existem três fases da dentição pela qual nós os humanos passamos e como consequência resultam três tipos de dentição:
- Dentição Decídua;
- Dentição Mista;
- Dentição Permanente.
Na primeira fase ocorre a dentição decídua, popularmente conhecida por dentição de leite. Os dentes de leite, começam a surgir quando o bebé tem por volta dos 6 meses, altura em começam a surgir os dentes centrais inferiores, seguidos pelos superiores.
A fase de dentição de leite completa-se quando a criança tem 20 dentes (10 em cima e 10 em baixo).
Na segunda fase, ocorre a dentição mista, começa a partir dos 5 anos de idade e vai até os 11 anos de idade. Nesse período começam a surgir os dentes permanentes, portanto, trata-se de um período de transição.
Na terceira fase, ocorre a dentição permanente, é uma dentição definitiva. A dentição definitiva geralmente começa a aparecer por volta dos 6 anos de idade e é composta por 32 dentes.
Vejamos com mais detalhe cada uma destas fases.
4.1 Dentição Decídua
A maioria dos bebés nasce sem dentes, embora as coroas totalmente formadas estejam dentro da gengiva, prontas para surgir. Por volta dos 6 meses de idade, o primeiro dente irrompe na gengiva. Os incisivos centrais inferiores e os incisivos centrais superiores geralmente nascem primeiro, depois seguem-se os incisivos laterais. Os primeiros molares frequentemente entram em erupção a seguir, e depois os caninos. Os últimos dentes a nascer são os segundos molares.
Aos 3 anos, a maioria das crianças já tem todos os dentes de leite.
Os seres humanos possuem nesta fase um total de 20 dentes de leite, situados 10 na arcada superior e outros 10 na inferior. A composição dos dentes de leite é:
- Incisivos centrais;
- Incisivos laterais;
- Caninos;
- Molares.
Os dentes de leite, são visivelmente menores e mais brancos do que os dentes permanentes. Comparados com os dentes permanentes, as raízes dos dentes de leite são mais curtas e finas, para que possam cair em determinada fase do desenvolvimento do corpo humano. A coloração mais branca dos dentes decíduos é porque o seu esmalte é mais fino do que o dos dentes permanentes, o que faz com que os dentes permanentes pareçam mais amarelos.
A dentição decídua ajuda as crianças a falar corretamente e a mastigar a comida. Outra função importante dos dentes de leite é manter a posição em que os dentes permanentes se moverão quando entrarem em erupção.
4.2 Dentição Mista
A troca de dentes é o processo de queda dos dentes decíduos e o nascimento dos dentes permanentes. É a partir desse processo que se forma a dentição mista nos humanos.
A dentição mista é definida pela mútua existência da dentição decídua e da permanente na boca. Esse período inicia normalmente aos 6 anos e se vai até os 12 anos.
Durante a dentição mista, os dentes de leite são substituídos por incisivos, caninos, pré-molares e molares permanentes. Às vezes, os dentes permanentes podem demorar um pouco mais a surgir e podem causar dor ou desconforto enquanto vão surgindo.
4.3 Dentição Definitiva
A dentição definitiva é o conjunto de dentes permanentes, que substitui os dentes de leite na boca de um ser humano. A dentição definitiva geralmente começa a aparecer por volta dos 6 anos de idade e é composta por 32 dentes. Isso inclui oito incisivos, quatro caninos, oito pré-molares e doze molares.
4.4 Tipos de Dentes
Cada tipo de dente tem uma função específica na mastigação e na fala.
Os seres humanos na fase adulta têm os seguintes tipos de dentes:
4.4.1 Incisivos
Os incisivos, também designados de anteriores, são dentes afiados que se apresentam na frente da boca, servem para morder os alimentos e cortá-los em pedaços menores. São planos com uma borda fina.
Os adultos têm oito dentes incisivos, quatro em cada maxilar.
4.4.2 Caninos
Os caninos são dentes afiados e pontiagudos que ficam ao lado dos incisivos, tem o formato de presas. Os caninos são os mais longos de todos os dentes, as pessoas usam-nos para rasgar alimentos.
Os caninos inferiores tendem a sair primeiro que os da mandíbula superior.
4.4.3 Pré-molares
Os pré-molares, ou bicúspides, são maiores que os incisivos e caninos. Têm muitas cristas e ajudam a mastigar e moer os alimentos. Os adultos têm oito pré-molares. O primeiro e o segundo pré-molares são os molares que ficam ao lado dos caninos.
Aparecem quando as crianças têm entre 10 e 12 anos de idade.
4.4.4 Molares
Os molares são os maiores dentes dos humanos. Têm uma superfície grande e plana com sulcos que permitem mastigar e triturar alimentos. Os adultos têm doze molares permanentes, seis na mandíbula inferior e seis na mandíbula superior.
Os últimos molares a entrar em erupção são os dentes do siso, ou terceiros molares, que geralmente ocorrem entre as idades de 17 a 21 anos. Estes ficam no fim da fila dos dentes, no fim da mandíbula. Algumas pessoas não têm os quatro dentes do siso, podem permanecer irrompidos no osso e nunca aparecer na boca.
Os dentes do siso que saem parcialmente ou estão na posição errada podem aumentar o risco de infeção ou danos nas áreas circundantes.
4.4.5 Dentes Supranumerários ou Extranumerários
Por vezes os dentes desenvolvem-se fora do seu processo normal, um exemplo disso são os dentes supranumerários ou extranumerários. O tipo mais comum de dente supranumerário é um incisivo extra localizado entre os dois incisivos centrais. O segundo tipo mais comum de dente supranumerário é um molar extra, chamado de paramolar. Também é possível desenvolver dentes caninos extranumerários.
4.4.6 Dentes Neonatais
Os dentes neonatais são aqueles que aparecem aquando do nascimento da criança, ocorrência muito rara, uma vez em cada 2 ou 3 mil nascimentos. Costumam aparecer no maxilar inferior. Uma vez que tendem a possuir raízes fracas ou inexistentes, os dentes natais caem facilmente, de forma a que os médicos dentistas costumam aconselhar a sua extração para evitar risco de serem engolidos.
4.5 Diferenças entre Dentes Decíduos e Dentes Permanentes
Os dentes decíduos (dentes de leite) são em menor número, normalmente os seres humanos têm 20 decíduos. No entanto, um adulto tem 32 dentes, incluindo os 4 sisos. Uma das explicações para serem menores é a diferença no tamanho da boca, já que crianças não comportariam tantos elementos.
Os dentes de leite são menos mineralizados do que os permanentes. O facto do esmalte dentário nas crianças ser mais fino faz com que os dentes de leite sejam mais frágeis.
Os dentes decíduos possuem raízes mais pequenas que os dentes permanentes.
Os dentes decíduos, são mais pequenos que os dentes permanentes, os dentes de leite são também mais brancos que os permanentes.
4.6 Divisão e Codificação da Boca e Dentes
Os quadrantes são uma forma de dividir a boca em quatro seções para fins de exame e tratamento dentário. A boca é dividida em quatro quadrantes, dois superiores (superior direito, superior esquerdo) e dois quadrantes inferiores (inferior direito e inferior esquerdo). Cada quadrante contém uma série de dentes, incluindo incisivos, caninos, pré-molares e molares.
A divisão em quadrantes é comumente usada durante procedimentos dentários para ajudar a localizar e tratar problemas específicos, como cáries ou problemas periodontais. Além disso, a divisão em quadrantes pode ser útil para facilitar a comunicação entre profissionais dentários sobre o tratamento de um paciente.
O sistema de notação FDI, da Federação Dentária Internacional, também é conhecido como sistema ISO, é considerado o padrão internacional para a numeração e nomeação dos dentes, conforme definido pela Organização Mundial da Saúde.
Cada dente é codificado por dois números.
O primeiro número refere-se ao quadrante em que o dente está localizado, nomeadamente:
- Quadrante superior direito = 1
- Quadrante superior esquerdo = 2
- Quadrante inferior esquerdo = 3
- Quadrante inferior direito = 4
O segundo número refere-se à posição do dente dentro do quadrante, nomeadamente:
- Incisivo central = 1
- Incisivo lateral = 2
- Canino = 3
- 1º pré-molar = 4
- 2º pré-molar = 5
- 1º molar = 6
- 2º molar = 7
- 3º molar = 8
Portanto, para identificar o segundo pré-molar do quadrante superior esquerdo, por exemplo, usa-se a notação: ‘25‘.
Existem outras notificações e classificações, nomeadamente:
:: SISTEMA DE NUMERAÇÃO UNIVERSAL DA AMERICAN DENTAL ASSOCIATION
O sistema de numeração universal da American Dental Association é usado principalmente nos Estados Unidos. Os dentes são numerados de 1 a 32, iniciando na parte superior da direita para a esquerda e na parte inferior da esquerda para a direita.
:: NOTAÇÃO DE PALMER/ ZSIGMONDY
A notação de Palmer (às vezes chamada de “notação de Zsigmondy”) é o principal sistema usado para a numeração dos dentes no Reino Unido.
5. Patologia Oral
O termo patologia vem do grego pathos (doença) e logia (estudo, ciência). Assim, podemos definir patologia como a ciência que estuda as doenças, nomeadamente as causas, os mecanismos e alterações morfológicas e funcionais das doenças.
A patologia oral faz o diagnóstico, a prevenção e o tratamento das doenças orais e relaciona-as com as doenças de outras especialidades.
As doenças orais podem ser de origem:
- Infeciosa (vírus, bactérias, fungos);
- Neoplásica (neoplasias benignas ou malignas);
- Traumática (físicas, químicas);
- Imunológica ou autoimune (processos alérgicos e autoimunes).
As doenças orais mais comuns incluem cárie dentária, gengivite, doença periodontal, aftas, halitose e candidíase oral.
5.1 Cárie Dentária
Cárie é uma das principais doenças orais e também uma das mais comuns em todo o mundo.
A cárie resulta da ação dos ácidos libertados pelas bactérias quando metabolizam os açúcares ingeridos. Esses ácidos são capazes de corroer e romper as estruturas calcificadas do dente (esmalte e dentina). É, portanto, um processo de desmineralização do dente.
A cárie é uma infeção dos dentes causada por bactérias presentes na boca e que se acumulam formando placas duras e difíceis de serem removidas sem a intervenção de um profissional de saúde oral. Nesta placa, as bactérias vão aos poucos perfurando o esmalte dos dentes, causando dor e desconforto quando chegam às partes mais profundas dos dentes.
Além da dor no dente, a presença de cárie pode levar ao aparecimento de manchas na sua superfície, maior sensibilidade no dente, inchaço e dor na gengiva.
Os principais sintomas indicativos de cárie são:
- Dor de dente;
- Dor que piora ao comer ou beber algo doce, frio ou quente;
- Presença de orifícios em um ou mais dentes;
- Manchas acastanhadas ou brancas na superfície do dente;
- Sensibilidade ao tocar num dente;
- Gengiva inchada e dorida.
Na fase inicial, muitas vezes a cárie não apresenta qualquer sintoma e, por isso, quando surgem os primeiros sintomas é muito importante ir imediatamente ao dentista para confirmar o diagnóstico e iniciar o tratamento adequado, evitando complicações como uma infeção mais grave ou a perda de um dente, por exemplo.
A confirmação da cárie é feita durante a consulta com o dentista. Na consulta, o dentista poderá verificar se existe algum pequeno furo nos dentes, caso seja observado, pode inserir um instrumento com ponta fina nesse furo com o objetivo de avaliar a sua profundidade e verificar se o utente sente dor. Além disso, quando o dentista desconfia que a cárie está presente entre dois dentes, pode solicitar a realização de um raio-X antes de iniciar o tratamento.
A única forma de tratar uma cárie dentária é numa consulta com o dentista, não existindo um tratamento caseiro capaz de eliminá-la. Por vezes, basta apenas uma sessão para eliminar a cárie, com uma restauração do dente, em que é feita a remoção da cárie e de todo o tecido infetado, seguida da aplicação de resina.
A cárie dentária ocorre com maior frequência entre os dentes, nos sulcos e fissuras dos dentes, devido à maior facilidade de retenção de resíduos alimentares e maior dificuldade de higienização. Contudo, as cáries podem desenvolver-se em qualquer parte dos dentes.
A cárie molar ou cárie nos dentes molares, devido à sua localização (parte de trás da dentição) é das mais frequentes, pois é mais difícil conseguir a limpeza ou higiene destes dentes e existe uma maior facilidade de acumulação de resíduos de alimentos.
A cárie nos dentes da frente, apesar de menos frequente do que nos dentes de trás, possui a desvantagem de afetar a estética ou visual do indivíduo, podendo com isso inibir a pessoa de sorrir ou mesmo baixar a sua autoestima.
Podemos identificar diferentes fases da cárie. A cárie inicial (começo ou início da cárie, ainda superficial) e a cárie avançada (mais profunda, podendo mesmo causar fraturas dentárias e até atingir o nervo do dente, causando infeção).
As cáries pequenas, incipientes ou no seu início, são muito superficiais, envolvendo apenas a superfície do esmalte (cárie de esmalte), para o seu tratamento efetuam-se por vezes apenas procedimentos de remineralização, ficando a cárie inativa. Numa cárie grande isso já não é possível, pois há já uma destruição em profundidade, envolvendo não só o esmalte como também a dentina e muitas vezes a polpa dentária.
Quando a cárie é identificada em muitos dentes, o tratamento pode ser mais prolongado, podendo ser preciso recorrer ao tratamento de canal, também conhecido por obturação, ou até mesmo à remoção do dente, que depois precisa ser substituído por uma prótese ou implante.
A cárie aguda, geralmente afeta mais que um dente simultaneamente e normalmente apresenta uma cor clara. Tem tendência a progredir rapidamente, podendo em pouco tempo atingir a polpa e provocar dor aguda e forte.
A cárie crónica, por sua vez, caracteriza-se por uma evolução lenta e intermitente, de cor mais escura e cavidades mais extensas, com uma sintomatologia muito menos dolorosa.
A cárie recorrente, também chamada de cárie secundária, ocorre normalmente por acumulação de placa bacteriana em volta das restaurações, por falta de adaptação destas ou pela sua deterioração temporal, constituindo indicação para a substituição das mesmas.
5.2 Gengivite
A gengivite é uma inflamação da gengiva e, de um modo geral, é provocada pela presença de placa bacteriana acumulada sob os tecidos gengivais.
Trata-se de uma inflamação localizada das gengivas. Na maioria dos casos, a gengivite é causada pela acumulação de placa bacteriana nos dentes e sob as gengivas. As bactérias desenvolvem-se na placa, causando a inflamação.
As bactérias estão naturalmente presentes na nossa boca, existem cerca de 10.000 espécies de bactérias na boca. Algumas bactérias são essenciais para a nossa saúde. Por exemplo, algumas das bactérias da nossa boca ajudam a digerir os alimentos, enquanto outras nos protegem dos agentes patogénicos.
Esta simbiose é benéfica para todos, as bactérias ajudam-nos a ser saudáveis, e nós providenciamos um lar para elas. No entanto, quando as bactérias se multiplicam e proliferam, perturbando o equilíbrio natural, causam doenças inflamatórias, incluindo a gengivite.
É importante reconhecer os sinais da gengivite para que possa ser tratada o mais rapidamente possível. Os sintomas mais comuns da gengivite são:
- Gengivas que sangram e ficam muito vermelhas, lembramos que as gengivas normais são de cor rosa;
- Inchaço das gengivas, que adquirem um aspeto liso e macio. As gengivas saudáveis, por outro lado, têm uma aparência granular, como a pele de uma laranja;
- Presença da placa e/ou tártaro, visível a olho nu;
- Mau hálito.
Alguns fatores aumentam o risco de sofrer de gengivite, nomeadamente:
– Fumar, uma vez que provoca a constrição dos vasos sanguíneos, a dilatação dos capilares gengivais devido à gengivite passa despercebida e só será tratada mais tarde na sua evolução.
– Consumo de álcool, porque o álcool é principalmente açúcar, e as bactérias alimentam-se de glicose.
– Stress, uma morte, uma separação, problemas profissionais ou pessoais reduzem a resistência imunitária, dando rédea solta às bactérias para se desenvolverem.
– Consumo excessivo de certos alimentos, nomeadamente de alimentos açucarados, mas também daqueles que criam microlesões na superfície das gengivas (nomeadamente batatas fritas ou certas bolachas).
– Distúrbios hormonais, a gravidez ou menopausa induzem uma perturbação hormonal, que modifica o tecido gengival. A puberdade e certos períodos do ciclo menstrual podem também desempenhar um papel no desenvolvimento da gengivite. Assim como certos contracetivos, que perturbam o equilíbrio hormonal.
5.3 Periodontite
A periodontite é uma doença de origem infeciosa, que se manifesta por uma inflamação do tecido periodontal, e em particular das gengivas e do osso alveolar ao qual os dentes estão ligados. A periodontite é simplesmente a evolução da gengivite que não foi tratada a tempo.
A periodontite pode ser um problema muito mais sério e apresenta consequências mais alarmantes do que a gengivite. Ela é formada pela ação da placa bacteriana que, com o tempo, se pode espalhar e atingir a parte inferior da gengiva.
Os sintomas da periodontite são os seguintes:
- Aparecimento de bolsas periodontais, isto é, surgimento de um espaço entre a gengiva e o dente;
- Exposição das raízes dos dentes, as gengivas parecem recuar e as raízes dos dentes ficam visíveis;
- Mobilidade dentária, os dentes movem-se quando o indivíduo come ou simplesmente os empurra com a língua;
- Sensibilidade dentária, o indivíduo queixa-se de gengivas “irritadas” ou “sensíveis“, que em termos médicos se referem a dores de dentes ou gengivas que sangram, porque estão inchadas ou lisas;
- Halitose, o indivíduo sofre de mau hálito.
Para determinar se o indivíduo sofre de gengivite (reversível) ou periodontite (irreversível, que requer um tratamento longo e por vezes doloroso), o dentista deve fazer um diagnóstico preciso, que se baseia em quatro critérios:
- O índice da placa bacteriana;
- O índice gengival;
- Análise dos sintomas (vermelho, inchado, liso, gengivas a sangrar, mau hálito, etc.);
- Sondagem periodontal, consiste em medir a profundidade entre a gengiva e o dente. A periodontite é confirmada quando a sondagem periodontal dá medições superiores a 3 milímetros.
Para parar com sucesso a progressão da periodontite, é essencial adotar práticas diárias de higiene oral eficazes, estas incluem:
- Escovar os dentes duas vezes por dia durante pelo menos 2 minutos com uma escova e pasta de dentes adaptada à eliminação da placa bacteriana;
- Limpar o espaço interdentário, inacessível pela escova de dentes, com fio dentário ou escovilhões interdentários;
- Bochechar com um produto especificamente concebido para combater a placa bacteriana;
- Limitar o consumo de alimentos açucarados, pois estes favorecem a formação de placa bacteriana.
Uma vez estabelecidos estes bons hábitos, o dentista ou higienista oral podem proceder a um tratamento minucioso da periodontite, realizando uma destartarização sob as gengivas por vezes com recurso a anestesia. Para remover completamente a placa, os profissionais utilizam ferramentas de destartarização vibratórias ultrassónicas e curetas periodontais.
5.4 Aftas
As aftas também constituem uma doença oral muito comum em todo o mundo. São um tipo de úlcera oral e formam uma pequena ferida esbranquiçada circular, rodeada por tecido avermelhado.
Ocorrem na mucosa da boca e podem ser simples ou múltiplas, mas quase sempre dolorosas ou, no mínimo, causam desconforto. Podem durar até duas ou três semanas.
As aftas formam-se a partir de micro ferimentos causados por alimentos, aparelhos ortodônticos ou por mordidas na mucosa oral.
Essas pequenas feridas expõem parte das células da mucosa e então, o nosso sistema imunológico confunde as proteínas das células expostas com bactérias e ataca-as, aumentando o ferimento e formando a afta.
5.5 Eritema Migratório
O eritema migratório é também conhecido como glossite migratória benigna ou, popularmente, como língua geográfica. Trata-se de um distúrbio benigno que aparece na parte superior da língua.
As suas características principais são lesões, como manchas erosivas e avermelhadas. Essas anomalias podem migrar de um ponto para outro na língua, como um mapa geográfico desenhado na língua.
5.6 Halitose
A halitose ou mau hálito também é uma das principais doenças orais e atinge cerca de 40% da população mundial.
O problema geralmente é causado pela falta de higiene adequada com os dentes e língua. Mas também pode ser resultante de infeções orais ou de maus hábitos, como consumo frequente de álcool e uso de tabaco.
5.7 Candidíase Oral
A candidíase oral, popularmente conhecida como sapinho, é uma infeção provocada pelo fungo “Candida Albicans”.
Caracteriza-se pelo surgimento de placas esbranquiçadas e avermelhadas na cavidade oral, na língua e às vezes, no céu da boca. Pode provocar também pequenas feridas no canto da boca.
Mesmo que seja mais comum em crianças, a candidíase pode surgir em adultos com o sistema imunológico fragilizado, pelo uso de antibióticos ou por outras doenças.
5.8 Endocardite Bacteriana
A endocardite bacteriana é uma infeção que afeta o coração e pode conduzir o paciente à morte. É considerada como um dos problemas mais sérios resultantes da má higienização oral.
Trata-se da introdução de bactérias da gengivite na corrente sanguínea, que se deslocam até o coração, provocando danos nos tecidos internos do órgão.
Por essa razão, pacientes cardíacos ou com predisposição à doença devem ser muito cautelosos com a higiene oral e ainda devem consultar o médico e o dentista periodicamente, para evitar problemas maiores.