Índice
Parte A – Plataformas: finalidades e funcionalidades
1 – Pesquisa e Navegação na Internet
2 – A Web e a sua Evolução (da Web 1.0 à Atual)
3 – Princípios básicos sobre o E-learning
4 – Técnicas de organização e adequação da Informação selecionada aos Destinatários da Formação
5 – Aprendizagem Cooperativa e Colaborativa
6 – Tipologias e Funcionalidades de uma Plataforma
7 – Técnicas de adaptação dos Conteúdos disponibilizados em papel à sua disponibilização online
7.1 – O Ciclo de Produção de Conteúdos
7.2 – As tarefas do Especialista de Conteúdos (Autor)
8 – Regras de Netiqueta
Parte B – Comunidades Virtuais de Aprendizagem
9 – Comunidades virtuais de Aprendizagem
10 – Princípios Básicos da Web 2.0
11 – Inserção de Recursos Didáticos em Plataformas Colaborativas e de Aprendizagem
11.1 – Metodologia de conceção para E-learning
12 – Organização do Trabalho Pedagógico e Comunicação Online
12.1 – Organização do Trabalho Pedagógico
12.2 – Estratégias e Ferramentas de Comunicação Online
13 – E-formador e E-moderador
13.1 – E-tutoria
13.2 – Competências do E-tutor
14 – Bibliografia
Parte A – Plataformas: finalidades e funcionalidades
1. Pesquisa e Navegação na Internet
A Internet é uma rede mundial de computadores, mais concretamente um conjunto de redes e sub-redes, situadas em vários os pontos do globo, compostas por computadores de todos os tipos, operados por pessoas de todas as idades, raças, religiões e personalidades. De facto, a Internet torna-se cada vez mais uma ferramenta e não um passatempo.
Assim, a pesquisa na Internet pode ser feita através de vários programas de navegação, que nos permitem localizar informações sobre um determinado assunto. Desta forma, e tendo em conta a enorme quantidade de informação que podemos encontrar na Internet torna-se importante separar o que é de importância, qualidade e confiável.
Deste modo, a Internet apresenta várias vantagens, entre elas:
- INTERATIVIDADE – O utilizador não é passivo na pesquisa da informação, pode escolher como quer vê-la e dar uma resposta direta;
- PRODUTIVIDADE – Possibilidade de realizar comércio eletrónico (e-commerce), intercâmbio de informação, uso de dispositivos e recursos remotos (sistemas de e-learning);
- ATUALIDADE – Os documentos na rede atualizam-se continuamente, estando assim constantemente disponíveis e, portanto, são realmente eficazes, úteis e rentáveis;
- ECONOMIA – A informação a que se tem acesso, desde qualquer parte do mundo, está no computador de cada um de uma forma rápida e idêntica à original a um preço muito económico;
- GLOBALIDADE – Uma vez que se entra na rede, tem-se acesso a toda a informação e recursos que lá se encontram.
Existem vários programas (browsers) que podem ser utilizados para se navegar na internet, tais como o Mozilla Firefox, Google Chrome, o Internet Explorer (shareware), o Opera e o Safari (para utilizadores do sistema operativo Apple) entre outros, sendo que todos estes programas têm funções básicas no menu para ajudar na pesquisa (botões de retroceder, atualizar a página, etc.).
Na internet, para além da Web ( www – world wide web) podemos encontrar outros serviços, tais como:
- Telnet ou SSH – Permite o acesso remoto a outros computadores;
- FTP (File Transfer Protocol) – Transferência de ficheiros entre o computador de um utilizador e um servidor;
- E-mail – Troca de mensagens de correio eletrónico;
- IRC – Protocolo de comunicação bastante utilizado na Internet que funciona basicamente como o chat e troca de ficheiros, permitindo a conversa em grupo ou privada;
- Newsgroups – Boletins eletrónicos organizados por áreas temáticas;
- Conversação online – Troca de mensagens instantâneas através de alguns programas, tais como MSN Messenger, ICQ, Skype, entre outros.
2. A Web e a sua Evolução (da Web 1.0 à Atual)
Tudo começou em 1969, altura em que o Departamento de Defesa dos EUA criou uma rede experimental. Essa rede designava-se de ARPA, tendo sido criada três anos mais tarde a ARPANET, rede que já permitia a utilização do correio eletrónico e comunicações em tempo real, contudo, algumas ligações através de redes privadas à ARPANET acabaram por trazer problemas a esta rede.
Assim, em 1981 foi criada a BITNET e em 1983 foi criada a MILNET que se destinava a informação militar. Em meados da década de 80 foi criada uma rede com finalidades científicas, a NSFNET.
Contudo, foi em 1986 que nasceu a Internet através da ligação da ARPANET à MILNET e à NSFNET, tendo sido a ARPA extinta e tendo a Internet deixado de ser uma rede constituída por organismos militares e unidades de investigação, e passando a incluir outras instituições.
No ano de 1989, o Centre European de Recherche Nuceleaire, recomendou a criação da Worl Wide Web, conhecida atualmente como Web, que tinha como objetivo permitir que físicos colaborassem uns com os outros e pudessem aceder de forma fácil à informação.
Neste contexto, o Web Browser é um software que existe num computador e que permite visualizar o conteúdo de uma página que existe num outro computador (servidor). Deste modo, para se poder aceder a essa informação é necessário usar o http, asp ou php. Assim, são os browsers que nos permitem obter a informação de forma simples, através de variadas funcionalidades.
Por seu lado, o servidor web também é um sistema de computação, que executa programas e fornece os resultados desses programas.
A linguagem HTML é a linguagem utilizada para se ter acesso e serem exibidas as páginas web. Esta linguagem é constituída por textos e códigos designados de marcas ou tags.
Nos anos 90 a Internet era conhecida como Web 1.0. Assim, a sua ligação era muito lenta, e usava o código HTML, sendo a informação disponibilizada como pouca ou mesmo nenhuma interação. A conhecida Web 1.0 era apenas controlada pelo webmaster, não podendo o utilizador alterar a informação que consultava. Esta ligação à web era feita através de uma rede telefónica, o que tornava a ligação muito lenta e pouco prática. Contudo, apesar destas características, esta cresceu e tornou-se popular tendo-se espalhado por todo o planeta.
A Web cresceu muito rapidamente e em 2004 foi criado o termo Web 2.0, caracterizando-se por ter um acesso mais rápido e facilitado. Nesta perspetiva, esta passou a ser mais interativa, a caracterizar-se por uma maior criatividade e informação. O código usado passou a ser o XML, que permite aos utilizadores consultar não só o texto, mas também imagens.
Portanto, a principal característica da Web 2.0 consiste no facto de o utilizador poder participar como produtor do conteúdo, podendo deste modo, não só aceder ao conteúdo, mas também inseri-lo e modificá-lo. Isto é possível devido à criação de ferramentas intuitivas e de fácil uso, como por exemplo, os blogs, os vídeos, os wikis e até mesmo as redes sociais, passando assim a Internet a ser um espaço de comunicação, diversão e partilha de informação.
A evolução da Internet permite-nos hoje em dia que uma pessoa de um continente comunique ou partilhe informação com outra pessoa que se encontre noutro continente, o que leva à globalização da rede.
Não obstante, esta expansão não tem só vantagens, é que se por um lado a Internet hoje em dia tem as características mencionadas anteriormente, ela também tem desvantagens, uma vez que, este acesso de todos os usuários como gestores do produto/informação faz com que nos dias de hoje exista muita informação na Internet que não é útil.
A Web 3.0 está mais focada na estrutura e menos nos seus utilizadores, uma vez que, pretende organizar de uma forma mais inteligente toda a informação que se encontra na internet, procurando desta forma que os resultados sejam mais concretos. Assim, a Web 3.0 é a terceira geração da Internet, sendo que com esta terceira geração o que se pretende é que com o conteúdo que encontra na Internet, seja feita uma análise em termos da sua popularidade e se chegue a conclusões.
Assim, a Web 3.0 faz a pesquisa sozinha e devolve o resultado concreto e personalizado para a pesquisa.
Ao longo do tempo e com os constantes desenvolvimentos tecnológicos a web tem vindo a evoluir. A internet é inegavelmente um dos exemplos mais significativos da engenhosidade humana na era moderna. A internet tem vindo a evoluir através de mudanças de desenvolvimento até chegar à sua versão atual, contudo, está em constante progressão.
3. Princípios básicos sobre o E-learning
O E-learning é uma modalidade de formação/ensino desenvolvida à distância através de uma rede de computadores, espaço onde são disponibilizados os conteúdos, as atividades e os tópicos de discussão/debate.
Assim, sendo o E-learning uma modalidade utilizada não só na formação contínua, mas também no ensino recorrente, torna-se importante conhecer os seus princípios que são:
- Adequação ao programa – Adequação dos objetivos, das atividades, do conteúdo e da avaliação à formação;
- Inclusão – O ensino no e-learning deve ter em conta a inclusão de diferentes grupos sociais e éticos e a inclusão de deficientes físicos;
- Envolvimento do formando – Deve ser tido em conta a motivação do formando, procurando que esta modalidade tenha valor educativo e não seja visto como uma forma de divertir os formandos, motivar para utilização desta modalidade de forma a melhorar o ambiente online de aprendizagem;
- Utilização de abordagens inovadoras – Criar e implementar material digital inovador, adequado ao que se pretende ensinar e a quem se pretende ensinar;
- Aprendizagem eficaz – Isto é, a criação de diferentes abordagens a um tema para que o formando possa escolher a que melhor se adequa à sua forma de aprender, criação de espaços de aprendizagem autónoma para o formando, criação de espaços de colaboração e estimulação do pensamento cognitivo;
- Avaliação formativa – Deve ser proporcionada aos formandos a avaliação, para que estes tomem conhecimento do seu processo de aprendizagem, assim, deve ser dado um feedback célere aos formandos para que eles saibam o que podem melhorar e como podem melhorar, proporcionar momentos de autoavaliação, em que lhes sejam comunicados os critérios e padrões de desempenho exigidos;
- Avaliação sumativa – É importante o formando conhecer o nível em que se encontra relativamente aos conhecimentos adquiridos e ao desempenho que teve ao longo do processo de aprendizagem;
- Critério, Coerência e Transparência – A aprendizagem deve estar estruturada de forma coerente com os objetivos, com o público-alvo, os conteúdos, tal como referimos anteriormente, o tipo de avaliação a que os formandos vão ser submetidos deve ser transparente de forma a não deixar dúvidas nos formandos e criteriosa com os objetivos;
- Facilidade de Uso – O e-learning deve ser um espaço de fácil uso, por parte dos formandos e do formador, assim, deve ser acessível, intuitivo e estar bem estruturado.
Assim, sendo a aprendizagem uma atividade intelectual e social é importante que nesta modalidade de aprendizagem os formandos disponham de ferramentas que permitam uma aprendizagem efetiva.
Neste sentido, os formandos devem dispor de formas de comunicação assíncronas (e-mail; fóruns de discussão) e síncronas (chat, videoconferência) para poder ser criada interatividade no processo de ensino/formação.
Todos nós somos diferentes, e como tal, a forma como preferimos contactar com o outro também pode ser diferente de pessoa para pessoa. Deste modo, as pessoas mais envergonhadas preferem comunicação assíncrona, uma vez que, podem refletir durante mais tempo, pesquisar sobre o tema, compor a mensagem de forma estruturada e com as ideias que considera mais importantes.
Verificamos assim como é importante neste tipo de ensino criar diferentes formas de comunicação e atividades.
Badrul Khan criou um modelo de e-learning onde agrupou os fatores que ajudam a proporcionar um bom ambiente de aprendizagem. Assim, segundo este modelo os fatores estão agrupados em oito dimensões:
- PEDAGÓGICA – Diz respeito ao ensino e à aprendizagem, fazendo parte desta dimensão os objetivos, os conteúdos, os métodos e técnicas pedagógicas, a organização dos conteúdos e os meios tecnológicos;
- TÉCNICA – Consiste na parte técnica que proporciona a aprendizagem, ou seja, o equipamento (hardware) e as aplicações “software” necessários;
- DESENHO DA INTERFACE – Consiste no aspeto da página onde se desenvolve a aprendizagem, nomeadamente as imagens e a forma como são apresentados os conteúdos, o tipo de navegação e a forma de utilização do site;
- AVALIAÇÃO – Avaliação de todo o processo de aprendizagem, não só avaliação dos alunos, mas também avaliação da formação e do ambiente de aprendizagem;
- GESTÃO – Diz respeito à gestão da distribuição da informação e à gestão do processo da aprendizagem;
- APOIO PEDAGÓGICO – Consiste num apoio cuidado por parte do formador aos formandos e aos recursos online que são usados para estimular a aprendizagem;
- ÉTICA – Diz respeito à diversidade cultural e social existentes em contexto formativo, à diversidade de alunos, sendo ainda fatores desta dimensão o plágio, os direitos de autor, a privacidade na troca de e-mails entre formador e formando, a etiqueta, etc.;
- INSTITUCIONAL– Abrange os serviços administrativos, onde podemos falar das pré-inscrições dos formandos, das informações sobre a formação, da emissão dos certificados, etc.
Atualmente o e-learning permite que os formandos tenham acesso à informação/aprendizagem em qualquer lugar, a qualquer hora, utiliza métodos e técnicas pedagógicas adequadas ao sucesso da aprendizagem, o que leva a que os seus principais princípios sejam: aprendizagem autodirigida, disponibilização de meios e matérias que estimulem a aprendizagem e a interação, tendo nesta modalidade o formador o papel de orientar e acompanhar o percurso de aprendizagem dos formandos.
4. Técnicas de organização e adequação da Informação selecionada aos Destinatários da Formação
Segundo António Andrade (Andrade, 2005), a informação educativa, em particular os documentos didáticos, devem possuir níveis de qualidade particulares. A procura da qualidade prende-se assim em dois aspetos de base: os métodos de desenvolvimento e as ferramentas usadas na produção dos documentos (Baumgartner, et al. 1997). Torna-se importante a identificação de critérios de avaliação para programas ou documentos educativos e para as ferramentas de desenvolvimento.
Peter Baumgartner e Sabine Payr salientam os 12 seguintes:
1. RIGOR CIENTÍFICO – O material é atualizado e sem erros técnicos e científicos?
2. RELEVÂNCIA – Corresponde às necessidades reais do utilizador? O conteúdo, na área a que se destina, é relevante para professores e alunos?
3. ABRANGÊNCIA – O documento cobre uma área significativa dos assuntos da área em questão?
4. INTERATIVIDADE – O documento é fortemente interativo motivando o interesse e o estudo? (partindo do paradigma de que a interatividade motiva o interesse e consequentemente o estudo).
5. APRENDIZAGEM – Os objetivos de aprendizagem definidos podem ser devidamente alcançados? A organização e estruturação dos conteúdos estão elaboradas de forma a suportar o processo necessário à atividade de aprendizagem?
6. USABILIDADE – O documento é adequado ao grupo alvo a que se dirige, podendo ser utilizado/explorado de uma forma simples nas plataformas mais vulgares?
7. NAVEGABILIDADE – A estrutura de navegação do programa é constante em todos os seus segmentos e unidades? As reações do programa à exploração do utilizador são igualmente idênticas nas possíveis e diferentes situações? Outro requisito importante afeto à navegabilidade será a facilidade que o utilizador terá de, em cada circunstância, perceber onde se encontra e quais são as ações ou funções que tem disponíveis.
8. DOCUMENTAÇÃO – A documentação de apoio é clara e possui uma forte componente complementar em linha devidamente adequada ao público-alvo?
9. INTERFACE – O software obedece a requisitos de ergonomia seguindo os critérios conhecidos de desenho de interfaces? Os conteúdos e as funções estão claramente presentes e organizadas no ecrã para uma fácil utilização?
10. RENTABILIZAÇÕES DO MEIO – As atividades suportadas pelo documento no âmbito do ensino, ou da aprendizagem, permitem uma exploração educativa que de outro modo não seria facilmente concretizada? Sendo assim, as múltiplas características próprias do meio devem ser consideradas.
11. ADAPTABILIDADE- O documento permite uma fácil atualização e adaptação a diferentes contextos de ensino aprendizagem? A sua portabilidade para utilização em diferentes países com línguas e planos curriculares distintos é outro requisito consagrado? (fator enquadrado numa perspetiva global da exploração do documento).
12. INOVAÇÃO – O documento contribui claramente com novas formas de exploração de recursos e capacidades de ensinar e de aprender.
Ainda o mesmo autor refere que, é fundamental proporcionar ao utilizador um modelo coerente de estruturar a informação e de lhe permitir um sistema de navegação que lhe dê total controlo sobre os objetos disponíveis. Por vezes a estrutura é confusa, não se percebendo a hierarquia dos elementos, faltando um balanceamento adequado dos conteúdos, não se optando por uma estrutura demasiado compacta ou, pelo contrário, demasiado estendida.
Para quem aprende e está numa situação em que não sabe o trajeto adequado a seguir a colocação de inúmeros nós alternativos pode conduzir a um esforço sem resultados na aprendizagem. Organizar a informação em muitas subclasses pode criar uma estrutura demasiado estendida. Por sua vez, optar por reduzidas subclasses cria uma estrutura profunda com conteúdos que ficarão assim «escondidos».
O desenho de ecrãs e a escolha correta dos seus elementos constituintes são aspetos fundamentais. As resoluções mais típicas são: 640×480, 800×600, 1024×768 e 1280×1024. Este facto, condiciona o desenho de ecrãs e todo o sistema de estruturação da informação e a conceção do processo de navegação.
A ponderação dos objetos a colocar no ecrã de um documento educativo será certamente condicionado pelo público a que se destina (crianças, adultos, etc.). Na opinião do autor, deve ser ponderado um conjunto de fatores tais como:
- Objetivos;
- Conteúdos;
- Qualidade da informação;
- Layout;
- Legibilidade;
- Dimensão;
- Orientação;
- Quantidade de informação;
- Visibilidade;
- Cor;
- Contraste;
- Concisão;
- Sequência e Interatividade.
5. Aprendizagem Cooperativa e Colaborativa
O conceito de “aprendizagem cooperativa” e “aprendizagem colaborativa”, na linguagem comum são vistos como sinónimos, contudo, a necessidade de distinguir estes dois conceitos levou vários autores a identificarem algumas diferenças nestas aprendizagens.
Assim, alguns autores defendem que a aprendizagem cooperativa caracteriza-se pela divisão do trabalho entre os formandos ou alunos, divisão esta que faz com que cada elemento seja responsável apenas pela sua parte do trabalho, ao passo que a aprendizagem colaborativa se caracteriza pelo facto de um trabalho ser realizado por um grupo, em que todos se juntam para realizarem o trabalho/encontrar soluções para o problema.
Deste modo, na aprendizagem cooperativa existe a necessidade de ser construído algo em comum, mas a aprendizagem colaborativa vai mais longe ao existir esta necessidade de também ser criado algo em grupo, através da utilização de ferramentas de comunicação e da análise de documentos, espaço para a discussão e interação entre os membros do grupo o que leva a que alguns autores considerem a aprendizagem colaborativa um processo mais complexo.
Apesar de vários autores fazerem referência às diferenças destes dois conceitos, eles também apontam algumas características em comum, tais como:
- A forma de aprendizagem em que o formando é ativo é muito mais eficaz do que aquelas em que o formando é passivo;
- O formador/professor é um facilitador da aprendizagem;
- O ensino/aprendizagem é um espaço de troca de experiências entre formador/formando;
- A utilização de outras metodologias de ensino, além do método expositivo é enriquecedor em contexto ensino/aprendizagem;
- A constituição de pequenos grupos para trabalharem em determinadas atividades desenvolve a inteligência e aumenta a habilidade individual de usar o conhecimento;
- O facto de o formando aceitar a sua responsabilidade na aprendizagem aumenta o seu desenvolvimento individual;
- O desenvolvimento de habilidades para o relacionamento social e em grupo é importante para o sucesso da formação.
Nesta perspetiva existem vários autores, tais como Piaget, Paulo Freire e Vygotsky que defendem que a cooperação é um importante dinamizador da aprendizagem. Contudo, apesar desta sua característica não é fácil implementá-la, principalmente porque o ser humano tem dificuldades em trabalhar cooperativamente.
Para uma melhor distinção da aprendizagem colaborativa e cooperativa iremos de seguida enumerar as características de cada uma delas.
APRENDIZAGEM COLABORATIVA
- É uma aprendizagem centrada no formando;
- O formador é um elemento passivo, que apenas leva os formandos ao conhecimento através das próprias respostas dadas por eles;
- Os formandos é que decidem num grupo qual será o papel a desempenhar;
- O formador não auxilia os formandos para trabalharem em grupo, pois considera que os elementos do grupo têm as habilidades sociais necessárias para desenvolverem o trabalho colaborativo;
- Todos os envolvidos neste tipo de aprendizagem partilham autoridade e responsabilidade sobre as suas ações;
- Esta aprendizagem tem uma abordagem mais qualitativa.
APRENDIZAGEM COOPERATIVA
- É uma aprendizagem centrada no formador;
- O formador acompanha as interações do grupo e intervém quando considera apropriado;
- As atividades do grupo encontram-se estruturadas, sendo na maioria das vezes atribuído a cada formando um papel específico para desempenharem no grupo;
- É uma aprendizagem mais direcionada e controlada pelo formador;
- Utiliza métodos quantitativos que se concentram no trabalho realizado.
Apesar deste tipo de aprendizagem ser usado em aulas presenciais, elas também podem ser usadas em aulas à distância, sendo o computador considerado um recurso fundamental para a aprendizagem colaborativa, que é atualmente defendida como sendo mais eficaz.
Deste modo, alguns autores consideram que a aprendizagem colaborativa associada à tecnologia pode potencializar as situações de discussão, pesquisa, debate entre formadores e formandos que lhes permite deste modo construir individualmente e em grupo o conhecimento.
A utilização de uma aprendizagem colaborativa deve ser bem estruturada e planeada, contudo, nem sempre esta aprendizagem é bem-sucedida, uma vez que, existem alguns fatores que podem prejudicar o alcance dos objetivos, tais como: diferentes estilos de comunicação, formas diferentes de lidar com o conflito, diferentes formas de resolver um problema/trabalho, diferentes tomadas de decisão, formas diferentes de fazer abordagem ao tema e diferentes atitudes perante as descobertas feitas.
Nesta perspetiva, se o formador estiver atento, ele pode evitar este tipo de situações, lidando da forma correta com as situações que podem surgir, agindo como facilitador e mediador.
6. Tipologias e Funcionalidades de uma Plataforma
Uma plataforma é um software constituído por diversas ferramentas facilitadoras da aprendizagem – quer ao nível da formação mais tradicionalista, disponibilizando conteúdos, quer disponibilizando instrumentos facilitadores da comunicação que proporcionam o modelo de aprendizagem colaborativa.
Quase todas as aplicações disponíveis no mercado, em maior ou menor quantidade, apresentam elementos comuns.
Numa plataforma vulgar pode-se considerar no mínimo três níveis de utilizadores: o administrador, que se responsabiliza pela manutenção do servidor, o formador/tutor, que implementa a estrutura/modelo de aprendizagem previamente definido, e o formando/beneficiário, o utilizador direto, tendo esta várias características:
CARACTERÍSTICAS DE UMA PLATAFORMA DE APRENDIZAGEM ONLINE
- Possibilitar uma utilização extremamente simples e intuitiva, sem requerer muitos conhecimentos de informática;
- Possibilitar a atualização da informação, de forma acessível e rápida;
- Permitir a interatividade entre os diversos intervenientes. Deve facultar a existência de conversas em tempo real e também em tempo não real;
- Possuir uma interface gráfica acessível, que possibilite a integração de elementos multimédia (textos, sons, gráficos, vídeos, animações, …);
- Possuir instrumentos que facilitem a navegação;
- No registo de presenças, as entradas, as saídas e outras ações realizadas por qualquer utilizador deverão ser registadas e ficar disponíveis de várias formas. Esta funcionalidade é importante para o tutor, mas pode também ser importante para efeitos de certificação da formação;
- Possibilitar a criação de um correio interno, para o intercâmbio de mensagens que facilitem a relação formando/formando e formando/tutores. O correio interno deve permitir ainda o envio de ficheiros, contendo por exemplo, trabalhos dos formandos;
- Permitir o acompanhamento do progresso da aprendizagem do formando, pelos responsáveis da formação, facultando o acesso ao resultado de exercícios, a testes de autoavaliação e à participação dos formandos (através das diversas ferramentas de comunicação).
Assim, de seguida para um maior conhecimento das plataformas iremos fazer uma análise à plataforma Moodle.
O Moddle (Modular Object–Oriented Dynamic Learning Environment) é um software para gestão da aprendizagem e de trabalho colaborativo, permitindo a criação de cursos online, páginas de disciplinas, grupos de trabalho e comunidades de aprendizagem, software esse que permite aos formadores disponibilizar conteúdos e aos formandos acederem a esses conteúdos.
Esta plataforma foi desenvolvida por Martin Dougiamas durante a sua tese de doutoramento em ciência da computação e educação na Universidade Curtin da Austrália.
A plataforma Moodle destaca-se de todas as outras plataformas de ensino porque esta não tem qualquer custo na sua aquisição ou em licenças, além de ser uma plataforma que se caracteriza pela sua adaptabilidade e usabilidade, sendo a melhor e mais usada plataforma de ensino online.
O Moodle é livre, sendo distribuído sob a GNU Public License. Isto significa que apesar de possuir um copyright, pode ser redistribuído e o seu código fonte alterado ou desenvolvido para satisfazer necessidades específicas, desde que sejam seguidas algumas regras, como por exemplo:
- Disponibilizar o código-fonte a terceiros;
- Não modificar ou retirar a licença original e os direitos de autor;
- Aplicar o mesmo licenciamento a qualquer trabalho derivado deste.
Assim, apresentamos de seguida algumas características do Moodle:
- Promove uma pedagogia socioconstrucionista (colaboração, atividades, reflexão crítica, etc.);
- Apropriado para adaptar cursos 100% online ou para complementar cursos presenciais;
- Acessível, leve, eficaz, compatível, interface baseada em navegadores de tecnologia simples;
- A lista de cursos mostra as descrições de cada curso existente no servidor, incluindo
- acessibilidade para convidados;
- Os cursos podem ser categorizados e pesquisados;
- Os cursos podem ser visitados por possíveis interessados, sem ter acesso à ferramenta exercícios, testes ou outras informações que necessitem de segurança;
- Ênfase em total segurança o tempo todo. Os formulários são todos verificados, os dados validados, os cookies codificados, etc.;
- A maioria das áreas de entrada de texto (recursos, publicações nos fóruns, etc.) podem ser editadas usando um editor HTML WYSIWYG incorporado;
- Instalação fácil, desde que a plataforma suporte PHP, precisando apenas de um banco podendo compartilhá-lo com outras aplicações.
O Moodle assenta na filosofia educacional do construcionismo, que defende que o conhecimento é construído na mente do estudante, em vez de ser transmitido a partir de livros ou outros meios tradicionais de ensino, sendo por isso os cursos criados no Moodle centrados no formando/aluno e não no formador/professor.
A página inicial do Moodle pode ser organizada de forma personalizada, relativamente à forma como a informação está estruturada e pode ser visualizada.
Deste modo, o facto de o Moodle ser personalizável permite flexibilidade aos formadores para organizarem a matéria da forma que considerarem mais atrativa, interativa e funcional.
O Moodle é um produto ativo e em evolução. Eis alguns dos módulos que o constituem:
- Administração do site: configuração de toda a aplicação;
- Administração dos utilizadores: para criar novos utilizadores e atribuir-lhes privilégios de acesso aos cursos;
- Administração de curso: configuração de todos os parâmetros do curso;
- Tarefa: atribuição de tarefas aos formandos;
- Chat: permite a interação através de texto, de forma síncrona;
- Pesquisa de Opinião: pode tanto ser usado para votar em alguma coisa, ou para obter feedback de cada formando (por exemplo, obter autorização de reprodução em pesquisas);
- Fórum: Diferentes tipos de fóruns estão disponíveis tais como: fórum reservado aos formadores, notícias, fórum para uso geral e fórum com ações limitadas;
- Questionário: os formadores podem definir uma base de questões para serem respondidas ao longo do curso;
- Recursos: suporta o acesso a qualquer conteúdo em formato Word, PowerPoint, Flash, vídeo, sons, entre outros;
- Pesquisa de Avaliação: instrumento válido para a análise das turmas online;
- Laboratório de Avaliação: permite a avaliação de documentos por parceiros, e o formador pode administrar e atribuir notas à avaliação feita pelos formandos.
7. Técnicas de adaptação dos Conteúdos disponibilizados em papel à sua disponibilização online
7.1 O Ciclo de Produção de Conteúdos
Um primeiro aspeto tido em consideração é a análise das características do conteúdo pretendido, bem como dos seus destinatários e os objetivos a alcançar. Em função desta informação é feito o descritivo do produto intelectual a conceber, do público-alvo, dos objetivos específicos e da componente avaliativa prevista.
Além destes dados, neste documento, redigido pelo Especialista de Conteúdo e intitulado Apresentação da Estrutura Modular, deverão ser pormenorizadas todas as unidades de aprendizagens previstas, bem como a duração e cargas de trabalho à distância e o calendário de desenvolvimento dos conteúdos.
Uma vez concebida uma unidade de aprendizagem, a qual deverá ser entregue no Storyboard Pedagógico – ficheiro PowerPoint/Word facultado pela ENA e que espelha o catálogo de layouts passível de ser utilizado nos objetos de aprendizagem online, o Especialista de Conteúdo deverá remetê-lo numa versão em papel, consoante os casos, ao Gestor do Projeto ou ao Gestor Pedagógico Temático para que este efetue a revisão e validação dos conteúdos – incluindo a ortografia, a adequabilidade científica e técnica e a componente avaliativa. Caso seja necessário efetuar alguma alteração, o Gestor dará conhecimento ao Especialista de Conteúdo e este é responsável por concretizá-las e remeter uma nova versão do ficheiro.
Quando a unidade está pronta para passar para a equipa de Especialistas de Design e de Programação é feito um briefing com o Gestor ou o Gestor Pedagógico, de modo a estabelecer as orientações do projeto, analisando os recursos multimédia disponíveis para concretizá-lo (ilustrações, som, vídeo e animações), bem como o itinerário, a sequência de aprendizagem e os possíveis momentos de consolidação de conhecimentos.
Para apoiar este processo, a ENA possui uma Ficha de registo de conceção em e-learning, na qual todos os intervenientes vão assinalando o que é pretendido, bem como dando feedback sobre a conformidade do trabalho desenvolvido em termos pedagógicos e multimédia.
Posteriormente, o objeto é integrado numa plataforma e testado pelo Especialista de Conteúdo e pelo Gestor Pedagógico Temático: são testadas as funcionalidades previstas para o conteúdo, bem como o seu comportamento num ambiente real de aprendizagem. Pode surgir a necessidade de efetuar ajustamentos antes de o lançar para o catálogo formativo da ENA. Em termos gráficos, o processo pode ser descrito do seguinte modo:
Além desta produção de conteúdos com o objetivo de constituírem o estudo síncrono ou online dos formandos, existem ainda outro tipo de documentos que são disponibilizados na plataforma. Os manuais devem ser construídos em Word e convertidos, posteriormente, em PDF, para serem disponibilizados como documentos de apoio ao estudo. Além destes, devem também disponibilizar-se outros textos de apoio e artigos científicos, que fundamentem os conteúdos, e permitam aos formandos aprofundar o estudo dos temas abordados.
Podem ainda ser criados documentos em PowerPoint, que esquematizem os conteúdos abordados, que permitam aos formandos estruturar os conteúdos ministrados.
7.2 As tarefas do Especialista de Conteúdos (Autor)
Como preâmbulo ao trabalho de conceção de conteúdos para e-learning importa, antes de mais, facultar algumas orientações para esta tarefa:
GUIAS DE ORIENTAÇÃO
De início o Especialista de Conteúdos deverá colocar a seguinte questão de partida: “O que é que eu quero que os aprendentes façam?”. A partir desta pergunta são definidos os objetivos de aprendizagem, os quais deverão posteriormente guiar todo o conteúdo desenvolvido.
- Os conteúdos devem ser esquematizados tendo por base aquilo que constitui informação essencial e complementar;
- As unidades de aprendizagem devem ser breves e, em simultâneo, abordarem todos os aspetos essenciais dos conteúdos;
- É importante “mostrar mais e dizer menos”, ou seja, deve haver uma preocupação de síntese constante, acompanhada pelo esforço de imaginar suportes ilustrativos e gráficos que melhor permitam transmitir os conceitos;
- Sempre que estejamos numa dimensão do “saber fazer” aconselha-se a que sejam dados exemplos para demonstrar como se faz;
- A utilização de esquemas e relações de input/output facilita o processo de aprendizagem;
- Os conceitos devem ser comunicados tendo por base exemplos e modelos;
- Importa preocuparmo-nos em manter o aprendente ativo enquanto explora as unidades de aprendizagem. No catálogo de layouts da ENA há um elemento, o “SÁBIO”, cuja função é precisamente incentivar o destinatário a refletir, a pensar o porquê, a imaginar ou considerar algo, a fazer uma pausa, a introduzir um desafio, ou a pormenorizar alguma explicação.
- Para motivar os destinatários importa, de igual modo, mostrar rapidamente os resultados dos esforços empreendidos. As unidades devem ser complementadas com exercícios que permitam demonstrar de forma rápida os progressos (Compilação de Exercícios e de Atividades Pedagógicas). Esta estratégia avaliativa deve ser complementada com outro tipo de atividades que melhor permitam aferir a qualidade da aprendizagem.
Cada colaborador a quem tenha sido acordado a conceção de uma determinada unidade de aprendizagem deverá cumprir os seguintes requisitos:
- Entregar a Apresentação da Estrutura Modular no modelo facultado pela ENA;
- Proceder às correções e melhorias caso tenha sido feita alguma sugestão e devolver o documento ao Gestor do Projeto;
- Elaborar a Unidade de Aprendizagem no Storyboard Pedagógico (documento PowerPoint/Word disponibilizado pela ENA), seguindo o Catálogo de Layouts existentes;
- Enriquecer o Storyboard Pedagógico com descritivos de ilustrações ou animações, bem como com imagens que permitam dinamizar a unidade de aprendizagem;
- Entregar em versão papel ao Gestor do Projeto os seguintes elementos: Storyboard Pedagógico, compilação de Exercícios e de Atividades pedagógicas e Manual Pedagógico ou textos de apoio (em formato pdf);
- Caso tenham sido apontadas melhorias e correções, efetuá-las dentro do prazo acordado e remeter uma nova versão em papel da unidade.
- Uma vez transposto para a versão online deverá ainda avaliar e rever o material e sugerir eventuais melhorias e correções.
- Efetuar as atualizações futuras do material concebido.
8. Regras de Netiqueta
A palavra “Netiqueta” surgiu da junção de duas palavras, “net” – termo inglês que significa rede e etiqueta – conjunto de regras de conduta social.
Assim, a netiqueta consiste na etiqueta que se deve utilizar numa comunicação feita através da internet. Deste modo, a netiqueta estabelece um conjunto de regras/recomendações de forma a tornar a comunicação feita através da internet (chat, e-mail, fóruns de discussão) mais compreensível, evitando-se os mal-entendidos, baseando-se esta no bom senso.
Deste modo, a netiqueta fortalece a ideia de que mesmo no âmbito da cidadania eletrónica a comunicação/convivência em grupo pressupõe respeito mútuo.
Deste modo, algumas das regras da netiqueta são:
- Evitar escrever em maiúsculas, pois o facto de escrevermos em maiúscula, pode criar a ideia no leitor de que estamos a gritar;
- Evitar abreviaturas no texto (por exemplo: pk – porque, aki – aqui, qdo – quando);
- Evite escrever no assunto “Ajude” ou “Tenho um problema”, pois regra geral estas mensagens não são lidas;
- Não coloque demasiada informação nos seus e-mails, pois estes tendem a ser desvalorizados, da mesma forma que pouca informação pode também levar o leitor a desviar-se;
- Num fórum de discussão, observe durante algum tempo a forma como os membros comunicam, o que o ajudará a perceber o ambiente virtual, permitindo-lhe saber que tipo de comunicação pode ter e qual a abordagem que pode fazer;
- Relei-a as mensagens antes de enviar, para ver se a frase faz sentido e se não tem erros ortográficos;
- Responda sempre, quer seja um convite de um amigo para um café ou uma reunião na empresa onde trabalha;
- Coloque sempre o assunto no e-mail a enviar, para informar o leitor de qual o principal assunto do seu e-mail;
- Não utilize linguagem ofensiva ou inapropriada;
- Assine no final do seu e-mail ou fórum de discussão;
- Faça referências bibliográficas no caso de estar a citar outra pessoa;
- Envie arquivos anexados, só quando for efetivamente necessário e no caso de o documento anexado ser grande, utilize o programa de compactação para diminuir o tamanho do anexo;
- Antes de clicar em “Enviar” confira a lista dos destinatários, de forma a certificar-se que está a enviar para o(s) destinatário(s) pretendidos;
- Use os smileys e emotions quando estes forem apropriados, evitando-os nas mensagens mais formais;
- Crie pastas de organização dos e-mails recebidos, assim torna-se mais fácil encontrar o que pretende;
- Se o assunto a tratar for complexo, evite enviar e-mails, pois normalmente a informação enviada e recebida é muita e por vezes pouco clara, por isso é melhor recorrer a uma reunião ou conversa telefónica;
- Responda sempre aos e-mails que recebe;
- Em fóruns cada um deve ter o seu papel e assim devemos deixar o papel de moderador para o moderador, de forma a não se criar desentendimentos se tentar “passar” por moderador;
- Evite falar nos fóruns de assuntos que sabe que irão colocar em situações constrangedoras alguns colegas.
Parte B – Comunidades Virtuais de Aprendizagem
9. Comunidades Virtuais de Aprendizagem
A palavra comunidade surgiu do latim “communitate”, que está ligado a conjunto, comunhão, partilha. Assim, associada à aprendizagem a comunidade, diz respeito à união de pessoas com um conjunto de ideias, objetivos e interesses iguais, reunidas em ambientes virtuais ou reais.
O primeiro autor a difundir o conceito de comunidade virtual foi Howard Rheingold no ano de 1993, definindo-a como uma união cultural produzida pelo encontro constante de um grupo de pessoas no ciberespaço.
De todas as interfaces que existem na construção de comunidades virtuais de aprendizagem podemos referir: os fóruns, os chats, os blogues, as plataformas, entre outros.
Assim, tanto os fóruns de discussão como os chats permitem uma interação e articulação dos elementos que constituem a comunidade de aprendizagem, bem como os blogues que permitem aos seus usuários introduzir informação e reflexões, onde é permitido que outras pessoas comentem a informação e reflexão introduzida pelo blogueiro ou até mesmo acrescentar informação.
Verificamos deste modo, que tanto os fóruns de discussão, como os chats ou mesmo os blogues são ambientes colaborativos e socializadores que permitem a criação de um ambiente de comunidade virtual de aprendizagem.
O tipo de comunicação estabelecido nestas comunidades pode ser definido como:
– ASSÍNCRONO – quando a comunicação acontece em tempos distintos (exemplo: fóruns). Com esta comunicação o formando tem a possibilidade de refletir, pesquisar sobre o tema, tendo logo mais autonomia no processo de aprendizagem e podendo responder quando se sentir preparado;
– SÍNCRONO – quando a comunicação acontece ao mesmo tempo (exemplo: chat). Neste tipo de comunicação instantânea, direta e imediata pode acontecer por vezes os formandos ficarem desinteressados.
Em contexto de aprendizagem virtual, em grande parte o sucesso do processo pedagógico deve-se ao poder de comunicação que o formador tem. Contudo, no ambiente virtual de aprendizagem o formador deixa de ter o papel central e de ser o detentor do saber para ser o mediador do processo de aprendizagem, tendo o formando um papel ativo na construção do seu conhecimento.
Nas comunidades virtuais de aprendizagem a aprendizagem é cooperativa e todos os indivíduos tem o direito de participar.
Palloff e Pratt (1999) referem que para a aprendizagem acontecer em ambiente online é necessário: honestidade, pertinência, respeito, correspondência, franqueza e autonomia.
- Honestidade – Os formandos têm que ter confiança nas pessoas que participam no grupo;
- Pertinência – Encorajar o formando a relacionar o conteúdo aprendido à sua experiência de vida;
- Respeito – Respeitar todas as opiniões e participações existentes no grupo;
- Correspondência – Estimular a interação;
- Franqueza – Os formandos/participantes devem poder fazer e receber comentários num ambiente de respeito e confiança;
- Autonomia – Os formandos devem ser autónomos no processo de aprendizagem e deve-se encorajar esta autonomia.
Estes dois autores mencionaram ainda que as comunidades virtuais de aprendizagem seguem os seguintes pressupostos:
- Os temas devem destinar-se a todos os sujeitos participantes da comunidade;
- Deverá ser dado realce ao trabalho de grupo;
- Devem centrar a sua dinâmica nos objetivos que pretendem alcançar;
- Todos têm direito a participar;
- É a própria comunidade que deve definir as normas, os valores e comportamentos;
- O formador assume o papel de orientador e animador;
- A aprendizagem é cooperativa/colaborativa;
- O sujeito (formando) assume um papel ativo na construção do seu conhecimento;
- Deverá existir uma interação constante.
Palloff e Pratt (2004) dizem que o sucesso da aprendizagem em ambiente virtual depende do papel ativo do formando, sendo também importante para o êxito a presença e o papel desempenhado pelo formador/professor.
Neste contexto e tendo o formador/professor o papel de moderador e facilitador da aprendizagem não nos podemos esquecer que é importante que este acompanhe a participação dos formandos/alunos, que responda às dúvidas colocadas, que estimule a participação e crie um ambiente de colaboração e respeito.
Assim, o formador/ professor nestas comunidades virtuais de aprendizagem deverá:
- Conhecer os objetivos do curso;
- Conhecer o conteúdo programático;
- Conhecer os formandos (expetativas, motivações, interesses);
- Estimular a criação de um ambiente saudável entre o grupo;
- Dar estímulos positivos, encorajando a participação dos formandos;
- Responder de forma célere às dúvidas dos formandos;
- Estimular, questionar e orientar os formandos.
Nos ambientes virtuais de aprendizagem, existe uma diversidade de formandos, o que faz com que o estilo de aprendizagem tenha que ser adaptado ao grupo, sendo que um mesmo grupo pode juntar diferentes estilos de aprendizagem, devendo sempre o formador adaptar o estilo de aprendizagem ao formando.
Assim, as comunidades virtuais de aprendizagem permitem a troca de conhecimento entre todos os participantes através da interação, permitindo não só adquirir conhecimentos, como também por vezes aprofundar os conhecimentos existentes.
10. Princípios Básicos da Web 2.0
A World Wide Web veio afetar, de forma inalterável, a maneira como se disponibiliza e se acede à informação. Apesar de inicialmente constituir “apenas” texto com hiperligações, ao qual posteriormente se vieram a associar imagens, animações e vídeo, atualmente, com as ferramentas disponibilizadas após a Web 2.0, esta informação passou a ser acessível em qualquer lugar do mundo, a qualquer hora e através de um sem número de equipamentos tecnológicos. As funcionalidades da Web 2.0 vieram facilitar não só a disponibilização de conteúdos, como também a interação entre os cibernautas. Sendo assim, a Web 2.0 constitui não só um conjunto de tecnologias, como também uma nova abordagem ao mundo da informação.
Através da facilidade de contacto e da constante atualização de informação a Web 2.0 tornou-se um fenómeno social, que permitiu uma aproximação das pessoas, uma comunicação mais aberta e sem barreiras, uma descentralização do poder sobre a informação, e uma maior liberdade na partilha e na reutilização da informação partilhada.
A Web 2.0 permitiu ao utilizador recolher informação acerca de determinado tema, a partir de várias fontes, ao mesmo tempo, permitindo, de igual forma, uma maior seletividade na pesquisa do conteúdo que o utilizador deseja consultar.
11. Inserção de Recursos Didáticos em Plataformas Colaborativas de Aprendizagem
O conteúdo pedagógico para o ensino e a aprendizagem em ambiente de e-learning revela-se como um dos elementos mais importantes de todo o processo formativo e, por conseguinte, exige cuidados especiais no momento da sua conceção.
Os diferentes sistemas integrados de e-learning (LMS – Learning Management System) existentes no mercado, impossibilitam, por vezes, a inclusão dos conteúdos pedagógicos de uma forma sistemática, sendo necessário um seguimento de normas específicas, tendo em vista a sua integração e compatibilidade.
Para além de permitir uma fácil reutilização e portabilidade dos conteúdos criados, a normalização dos processos de criação, integração e gestão de conteúdos possibilita automatizar o rastreio da atividade do aluno ao longo da sua aprendizagem, permitindo deste modo e em tempo real, acompanhar e verificar a atividade e o progresso de cada aluno.
São vários os organismos mundiais que se preocupam com esta temática, nomeadamente:
- AICC (Aviation Industry CBT Comitee);
- IMS (IMS Global Learning Consortium, Inc.);
- SCORM (Sharable Content Object Reference Model).
Dado que o modelo SCORM integra as propostas do IMS e algum do trabalho da AICC, neste manual iremos apenas abordar este último organismo.
O SCORM (Sharable Content Object Reference Model) é uma iniciativa da ADL – Advanced Distributed Learning que teve origem no Departamento da Defesa Norte-Americano para uniformizar a “troca, a gestão, a reutilização e o rastreio dos conteúdos e das tecnologias de aprendizagem, independentemente da sua origem e aplicação”. Deste modo, implementou as propostas do IMS, complementando-as com o trabalho da AICC na comunicação do conteúdo/LMS e no rastreio da atividade do aluno.
O seu principal objetivo visa desenvolver um processo de normalização que possibilite o acesso a conteúdos pedagógicos de qualidade, adequados às necessidades do mercado e facilmente disponibilizados aos intervenientes do processo formativo via Internet.
Inicialmente cada fabricante concebia o seu modelo de dados para suportar toda a aplicação e conteúdos educativos, sendo que a migração para plataformas tecnológicas distintas tornava-se extremamente difícil. Warwick Bailey usa o paralelismo de uma cassete de vídeo e um leitor VHS para clarificar esta ideia: também o SCORM irá igualmente “permitir que os autores forneçam conteúdo que seja transportável e utilizável em ambientes virtuais de aprendizagem que se encontrem em concordância com o modelo de referência”.
Neste contexto, o SCORM pode ser definido como um conjunto de especificações para o desenvolvimento, adaptação e distribuição de conteúdos pedagógicos na Internet.
Atualmente, este modelo – que vai na versão 1.3, também conhecida como 2004 – é composto por três secções:
A grande vantagem desta proposta em relação às restantes é a integração dos vários aspetos relacionados com a criação de conteúdos, em detrimento de uma abordagem modular, com poucos pontos de contacto entre os diferentes grupos de trabalho.
A utilização do modelo SCORM para a estruturação de conteúdos e atividades pedagógicas permite a criação de pequenos objetos de aprendizagem, SCO’s (Sharable Content Objects), que podem ser combinados entre si para criar uma linha evolutiva de transmissão de conhecimentos (percurso de aprendizagem). Desta forma, há a possibilidade de integrá-la em diferentes suportes.
Assim sendo, os vetores mais relevantes desenvolvidos pelo SCORM são:
Por outro lado, o facto de englobar no mesmo pacote um conjunto de metadados tornará o acesso aos conteúdos muito mais simples. Sempre que se fale de repositórios de conteúdos, a procura destes será sempre mais fácil.
Estas duas iniciativas de normalização desenvolveram-se em três grandes domínios: portabilidade do conteúdo, gradualidade e interoperacionalidade. A portabilidade diz respeito à capacidade de desenvolver conteúdos independentemente da plataforma. Por sua vez, o vetor da gradualidade procura definir a normalização no plano dos objetos de aprendizagem e a interoperacionalidade define o modelo de dados adequado à partilha entre as diferentes plataformas.
11.1 Metodologia de conceção para E-learning
Na metodologia de conceção de cursos e material de apoio para E-learning utilizada pela ENA, para além das normas e conceitos internacionalmente vigentes, são também seguidos e utilizados os princípios vigentes no modelo ADORA, desenvolvido pelo IQF e os do modelo ADDIE, proveniente do Instructional Design. Tendo em conta as especificidades do ensino à distância foram criados procedimentos e instrumentos de apoio próprios, a fim de apoiar todo o processo de conceção e validação dos conteúdos produzidos.
Esta metodologia poderá ser graficamente descrita através do seguinte esquema:
FASE 1 – ANÁLISE
Neste patamar são clarificadas as características dos destinatários, quais os objetivos a atingir em termos de conhecimentos e competências, qual o sistema de aprendizagem (puramente à distância ou misto com sessões presenciais), quais as tecnologias e os recursos necessários para cumprir os objetivos pretendidos.
Questões mais frequentes:
- Quem são os destinatários e quais as suas características?
- Qual o objetivo pretendido: conhecimento ou comportamento?
- Quais os entraves à aprendizagem?
- Quais as tecnologias necessárias para executar o projeto?
- Qual o tipo de acompanhamento online?
- Quais os prazos para executar o projeto?
FASE 2 – CONCEÇÃO
Este domínio comporta diferentes tarefas como a definição de objetivos de aprendizagem, a construção do conteúdo, de instrumentos de apoio e de exercícios, o planeamento de unidades de aprendizagem e a seleção de multimédia. Ou seja, o material didático terá de ser produzido e revisto antes de passar para a versão multimédia de objeto de aprendizagem.
Os teóricos defendem que este momento deve ser simultaneamente sistemático – dever-se-á identificar, desenvolver e avaliar de forma metódica as estratégias planeadas, tendo em conta os objetivos previamente definidos – e específico, ou seja, cada elemento deve ser detalhadamente desenvolvido.
Esta fase pode ser subdividida em diferentes momentos:
- Documentar a estratégia do projeto em termos de design de instrução, visual e técnico;
- Aplicar as estratégias de acordo com o resultado comportamentalista pretendido: cognitivo, afetivo e psicomotor;
- Desenhar a interface e a experiência do utilizador;
- Criação de protótipos;
- Aplicação de design gráfico.
FASE 3 – DESENVOLVIMENTO
Nesta fase, a partir de storyboards e dos elementos multimédia faz-se o desenvolvimento do conjunto de conteúdos/objetos de aprendizagem definidos na fase anterior. Ou seja, estamos no processo de autoria e de produção dos materiais necessários para atingir os objetivos, podendo utilizar diferentes ferramentas de programação, de acordo com o grau de interação e complexidade que o conteúdo exija. Os programadores ocupam-se de desenvolver e/ou integrar tecnologias e testar o funcionamento das aplicações. No final desta fase os objetos de aprendizagem são normalizados de acordo com as normas internacionais de modo a poderem integrar ambientes de E-learning e serem posteriormente reutilizados. Neste nível o projeto é ainda alvo de revisões e correções de acordo com o feedback do autor, do coordenador e dos utilizadores.
FASE 4 – IMPLEMENTAÇÃO
Estamos agora no nível em que criam as ferramentas de apoio para os facilitadores da aprendizagem e a comunidade de aprendentes. No primeiro caso, dever-se-á formar em termos da estrutura programática, dos objetivos de aprendizagem, métodos pedagógicos e procedimentos de avaliação. Já para os aprendentes, esta fase prevê a apresentação das ferramentas de aprendizagem (software) e o registo e a inscrição na plataforma. Ou seja, aqui procura-se colocar no sítio todos os instrumentos.
FASE 5 – AVALIAÇÃO
A avaliação, neste ponto, abarca duas dimensões – formativa e sumativa:
DIMENSÃO FORMATIVA
É a que está patente em cada uma das fases precedentes, ou seja, define a sua qualidade e eficácia. Pretende-se que durante o percurso do projeto sejam feitos esforços para ultrapassar todos os obstáculos, ajustando e corrigindo os desvios identificados; esta avaliação é transversal a todo o processo de conceção. A avaliação da qualidade do material didático tem subjacentes diferentes critérios.
Seguindo as orientações de Peter Baumgartner e Sabine Payer são utilizados doze critérios na avaliação de documentos educativos:
DIMENSÃO SUMATIVA
É a que analisa e testa determinados critérios, incluindo o feedback dos utilizadores finais. Após a implementação vamos recolher informação para determinar a eficácia e a satisfação dos objetivos de instrução. A este nível pode ser medido a transferência de conhecimento, os resultados dos aprendentes, fatores de custos e perceção dos aprendentes.
12. Organização do Trabalho Pedagógico e Comunicação Online
12.1 Organização do Trabalho Pedagógico
A organização do trabalho pedagógico pode ser compreendida como o trabalho realmente desenvolvido numa escola, no interior da sala de formação, as ideias e ações definidas pela equipa pedagógica com o objetivo de aumentar os níveis de aprendizagem dos formandos.
Assim, vários autores referem que existem sete elementos que podem ser utilizados na organização do trabalho pedagógico: as finalidades da instituição, a estrutura organizacional, os conteúdos do curso, o tempo de formação, o processo de decisão, as relações de trabalho e a avaliação, elementos esses que abordaremos de seguida.
FINALIDADES DA INSTITUIÇÃO
Todas as instituições têm finalidades, deste modo é necessário que a equipa pedagógica tenha conhecimento dessas finalidades e dos objetivos desta para poder organizar todo o trabalho de acordo com estas finalidades e objetivos. Deste modo, uma das principais tarefas das escolas/instituições de formação é refletir sobre o processo educativo, sobre o processo de ensino/aprendizagem.
ESTRUTURA ORGANIZACIONAL
As escolas/instituições de formação conciliam dois tipos de estruturas: as estruturas administrativas e a estrutura pedagógica. Assim, as estruturas administrativas dizem respeito à gestão dos recursos humanos, físicos e financeiros enquanto as estruturas pedagógicas são as estruturas que determinam as ações das estruturas pedagógicas, sendo que, nestas estruturas estão inseridos todos os sectores necessários ao desenvolvimento do trabalho pedagógico.
Assim, identificar a estrutura organizacional da escola/instituição de formação permite uma maior organização de todo o trabalho de forma a tomar medidas/soluções que ajudem a eliminar os problemas que afetam o processo ensino/aprendizagem.
Nesta perspetiva, ao ser analisada a estrutura organizacional, ao identificar as situações-problema que podem existir em contexto ensino/aprendizagem, os formadores vão tomando conhecimento da realidade formativa/educativa, definindo assim objetivos adequados. Serão também formadas novas formas de estrutura administrativa e pedagógica de modo a caminhar-se na direção que se pretende.
CONTEÚDO DO CURSO
Os conteúdos a serem ministrados num determinado curso são um elemento importante para uma boa organização do trabalho pedagógico. Assim, a construção do conhecimento por parte dos formandos necessita que existam meios que levem os formandos a construir o conhecimento. Deste modo é necessário que exista harmonia entre as finalidades, os conteúdos a serem abordados, a forma como irão ser abordados os conteúdos e quem são os formandos.
O TEMPO DA FORMAÇÃO
A construção do calendário de formação torna-se outro elemento muito importante para a organização do trabalho. Assim, este calendário define o tempo em que decorre a formação, qual o seu início, qual o seu fim, quais os dias em que existe reunião da equipa pedagógica, quais as férias, quais os dias em que os formandos serão submetidos ao processo de avaliação. Corresponde ao cronograma da formação.
Quando falamos em período de formação podemos falar ainda no horário da formação, que define o número diário de horas de formação que o formando vai ter e que o formador também terá.
Deste modo, a organização do trabalho pedagógico está dependente do tempo de formação definido, o que permite ao formador articular da melhor forma possível os conteúdos que tem de abordar num determinado momento com o tempo em que essa formação decorrerá. Logo, verificamos como o conhecimento do tempo de formação se torna um elemento muito importante para uma boa organização do trabalho.
PROCESSO DE DECISÃO
Tal como em outras entidades, as tarefas e as ações são orientadas/definidas por alguém superior. Assim, numa estrutura administrativa de uma escola/instituição de formação de forma a serem atingidos os objetivos é importante que todos participem no processo de decisão. Desta forma, é necessário que todos participem na tomada de decisões, desde o coordenador pedagógico, o formando, a pessoa dos serviços administrativos e os formandos.
RELAÇÕES DE TRABALHO
Num contexto formativo e para uma boa organização do trabalho torna-se essencial um ambiente saudável de trabalho, proporcionado através do estabelecimento de relações de trabalho assentes na solidariedade, na participação coletiva e na reciprocidade.
Assim, para uma boa organização do trabalho é necessário este espaço de troca e de ajuda, com espaços onde exista a reflexão coletiva que incentive o diálogo, a comunicação entre todos os intervenientes do processo pedagógico.
AVALIAÇÃO
A avaliação do processo formativo permite ter um conhecimento real da formação, uma vez que acompanhar as atividades e avaliá-las abre momentos de reflexão sobre o processo de ensino/aprendizagem.
Assim, o momento de avaliação permite tomar conhecimento de como correu a formação e se o trabalho pedagógico foi bem organizado, permitindo desta forma aos formadores e formandos tomar conhecimento sobre o trajeto a percorrer numa outra situação semelhante.
Este processo de avaliação envolve três momentos:
- Descrição e problematização da realidade formativa;
- Compreensão crítica da realidade formativa;
- Criação de alternativas de ação.
Neste sentido, verificamos que para que esta organização seja bem-sucedida é necessário a participação de todos, o diálogo e colaboração. Ao conhecermos as finalidades, o plano formativo e o tempo de formação podemos definir o nosso trabalho.
12.2 Estratégias e Ferramentas de Comunicação Online
Atualmente o Ensino à Distância promove o desenvolvimento da aprendizagem através da internet e do uso de ferramentas de comunicação online que permite a cooperação e colaboração entre alunos e professores ou formandos e formadores.
Neste sentido, existem ferramentas de comunicação online que permitem esta interação através da comunicação síncrona ou assíncrona. Assim, como já referimos anteriormente a comunicação síncrona ocorre quando a comunicação acontece ao mesmo tempo, existindo assim a comunicação em tempo real, enquanto a comunicação assíncrona acontece em momentos diferentes, não existindo a participação simultânea dos envolvidos no processo de comunicação.
Desta forma, temos como exemplos das comunicações síncronas o chat e a videoconferência e como exemplos das comunicações assíncronas o e-mail e os fóruns.
FERRAMENTAS SÍNCRONAS
- Chat
- Videoconferência
A videoconferência permite a um grupo de pessoas localizadas em lugares distantes realizarem reuniões como se estivessem na mesma sala. Os participantes podem conversar uns com os outros e visualizarem-se através de um ecrã.
Este sistema permite todas as opções de apresentação e intercâmbio de informação que são possíveis em reuniões presenciais.
Por se tratar de sistemas remotos, exigem a aplicação de estratégias pedagógicas interativas, que levem os formandos a participar ativamente:
- Incentivar a discussão sobre um tema;
- Introduzir exemplos práticos;
- Servir-se de experiências reais.
Estes são alguns exemplos que poderão ser seguidos pelo tutor, no sentido de aumentar a motivação e participação.
FERRAMENTAS ASSÍNCRONAS
- Fóruns
13. E-formador e E-moderador
O conceito de Ensino à Distância (EaD) inicialmente definia-se mais pela negativa, isto é, por contraste ou oposição ao modelo presencial e não pelas suas características intrínsecas.
Atualmente, o EaD traduz uma mudança no foco de ensinar para o de aprender e acentua o potencial da tecnologia como mediadora do processo de acesso ao ensino e à formação.
Assim, o EaD pode ser definido com base em três critérios:
- Professores e alunos estão separados pela distância;
- O meio de instrução utilizado pode ser a voz, o texto, o vídeo ou outra tecnologia eletrónica;
- A comunicação é interativa, onde o professor recebe feedback do aluno.
À semelhança do que acontece em qualquer situação formativa, também no Ensino à Distância (EaD) os laços pedagógicos criados entre o tutor/e-formador e o formando são cruciais no sucesso da aprendizagem.
Na relação pedagógica online o clássico triângulo “Professor – Aluno – Conhecimento” é mediado pelo uso de tecnologias que acentuam uma evolução do ensino individualizado para uma aprendizagem colaborativa.
O tutor/e-formador é o elemento fundamental no desempenho de atividades online de aconselhamento, avaliação, motivação e clarificação científica das matérias em estudo e ainda da coordenação das sessões presenciais, quando estas existem.
A conversão dos modelos de «formação por correspondência» em modelos de formação à distância com E-learning abdicam, genericamente, de um papel ativo por parte do tutor deslocando para os materiais a ênfase na facilitação da aprendizagem e deixando ao estudante a iniciativa do contacto.
Num contexto de formação profissional em que se visa atingir o domínio de competências específicas e bem determinadas a relação entre o tutor e o formando é naturalmente mais intensa, estreita e empenhada na prossecução de tais objetivos.
No âmbito da formação oferecida pelas universidades e demais instituições de ensino o papel do tutor confunde-se mais com o papel do docente da disciplina. Porém do ponto de vista da instituição a estratégia de coordenação, neste âmbito da interação, das equipas docentes envolve uma importância vital. O docente da disciplina e a sua equipa de tutores tem de estar em perfeita sintonia o que obriga a um planeamento pormenorizado da formação, à definição clara de regras de avaliação e do sistema de apoio interativo a executar. Há que salientar a importância de definir prazos de respostas, calendários de atendimento síncrono, ou outros, sempre sob uma conduta ética que dignifique a instituição.
Cabe ainda à equipa e ao seu coordenador a avaliação do processo de aprendizagem e a análise aos resultados equacionando a eventual necessidade de renovação de aspetos específicos da disciplina.
Nem sempre as plataformas estão especificamente preparadas para apoiarem esta vertente organizativa. Também nem sempre as instituições estão atentas ao despertar de novos perfis profissionais que devem interagir com a entidade e as equipas pedagógicas na conceção, desenvolvimento e gestão dos conteúdos didáticos.
Os serviços da instituição devem desenvolver mecanismos que facilitem a determinação do perfil de aprendizagem, ou as formas preferidas de lidar com a informação dos estudantes inscritos em determinada formação e de o fazer saber junto dos seus docentes ou tutores (Lagarto, 2002).
13.1 E-Tutoria
A E- tutoria ou tutoria online pode ser entendida como a atividade de implementação, condução e acompanhamento de alunos/formandos na Educação a Distância (EaD) através de tecnologias de informação e comunicação. Esta pode decorrer em ambientes de comunicação síncrona (chat ou videoconferência) ou em ambientes de comunicação assíncrona (email ou fórum).
Gilly Salmon (2000) propõe um modelo que realça a importância da interatividade entre os membros da comunidade. De acordo com esse modelo devemos considerar cinco etapas.
ETAPA 1- Acesso e Motivação
Nesta fase o tutor tem o papel de assegurar o acesso ao sistema, dar as boas-vindas e motivar os formandos para o curso. A motivação é um elemento fundamental para que os formandos ultrapassem as dificuldades que advêm da utilização de software e hardware e dessa forma aumentar os níveis de confiança para aprenderem online. Uma das técnicas mais utilizadas passa por promover atividades online entre os vários participantes para conhecerem a plataforma que vão utilizar e contactarem com pessoas novas através do ambiente de aprendizagem à distância.
ETAPA 2 – Socialização Online
Nesta fase é criada uma pequena comunidade online através de atividades interativas e muito práticas recorrendo a ferramentas síncronas e assíncronas. Muitos formandos vão ficar entusiasmados com este novo paradigma de aprendizagem, mas depressa se irão aperceber das dificuldades iniciais. O papel do tutor é sem dúvida importante, uma vez que vai fazer a ponte entre as várias culturas e estilos de aprendizagem dos formandos.
ETAPA 3 – Troca de Informação
Esta é a fase onde deverá existir troca de informação e trabalho cooperativo. Uma das grandes vantagens das ferramentas assíncronas é permitir aos formandos o poder trabalhar a comunicação ao seu próprio ritmo. Nesta fase a aprendizagem dos formandos requer dois tipos de interação: A interação com o conteúdo do curso e a interação com outras pessoas e com o tutor.
ETAPA 4 – Construção de Conhecimento
Nesta fase os formandos começam a contactar com uma nova realidade que é a construção de conhecimento através da utilização do texto com recurso a ferramentas assíncronas. As atividades online irão permitir o debate e formas de desenvolvimento do conhecimento como objetivo principal. O tutor tem também um papel muito importante nesta fase, cria os grupos de trabalho e gere a informação que é colocada nos fóruns de maneira clara e objetiva.
ETAPA 5 – Desenvolvimento
Nesta fase os formandos são responsáveis pelo seu próprio trabalho e participação em grupo. Desenvolvem as suas ideias a partir das atividades realizadas online e aplicam-nas nos seus trabalhos individuais. Nesta fase os participantes já não se preocupam como deverão usar as ferramentas online e passam a ser mais criativos e objetivos nos trabalhos que realizam. O seu espírito crítico aumenta consideravelmente.
13.2 Competências do E-tutor
O tutor deve ter em atenção os seguintes aspetos:
- Bom conhecimento dos objetivos e conteúdos do curso;
- Bom conhecimento da metodologia adotada;
- Bom conhecimento dos limites no acesso à informação e tecnologia de suporte;
- Um relacionamento muito próximo e personalizado com os formandos;
- Orientar o formando em todas as fases do processo de ensino/aprendizagem;
- Ter um papel muito ativo como mentor, conselheiro e professor;
- Planificar o processo de tutoria e a forma como vai ser implementado;
- Estabelecer os meios técnicos necessários ao desenvolvimento do curso e implementação da metodologia adotada;
- Comunicar apropriadamente com os formandos;
- Providenciar suporte administrativo sempre que necessário;
- Iniciar e orientar as atividades online;
- Avaliar os conhecimentos dos formandos em relação à tecnologia utilizada e motivá-los ao longo de todo o curso;
- Utilizar o correio eletrónico para comunicar com os formandos;
- Utilizar as ferramentas disponíveis na plataforma, tais como, fóruns, chat, anúncios, para comunicar com os formandos;
- Utilizar texto, áudio e vídeo para enriquecer e aumentar a dinâmica da informação disponibilizada aos formandos.
O modelo de e-tutoria, desenvolvido por Salmon (2000) reflete, de forma esquemática a progressão dos formandos em ambientes de aprendizagem online e as mudanças na atuação do tutor, cujas funções se diferenciam à medida que o processo de aprendizagem se vai desenvolvendo.
O tutor deve, por isso, possuir um conjunto de competências técnicas (exemplo: conhecimento das tecnologias), pedagógicas (exemplo: ao nível do planeamento das atividades de tutoria) e psicossociais (exemplo: estabelecimento de uma comunicação adequada aos formandos), fundamentais ao desempenho das suas funções.
14. Bibliografia
– ALCÂNTARA, Paulo Roberto. (2003) Modificando a atuação docente utilizando a colaboração. Revista Diálogo Educacional, Curitiba, v. 4, nº 8, p. 57-69, jan/abr. 2003.
– ANDRADE, A. M. (2005). Ensino a Distância e e-learning. Lisboa, Instituto de Educação – Universidade Católica Portuguesa.
– CAÇÃO, R., Dias, Paulo Jorge Dias (2003). Introdução ao e-learning. Porto, Sociedade Portuguesa de Inovação.
– CARDOSO, E. L., Carvalho, Carlos Vaz (2003). O e-learning e o Ensino Superior em Portugal.
– COTHREL, J., Williams, Ruth (1999). On-Line Communities – Getting the most out of on-line discussion and collaboration.
– FIGUEIRA, M. (2003). O Valor do e-Learning. Porto, Sociedade Portuguesa de Inovação.
– FUKS, H. (2000). Aprendizagem e Trabalho Cooperativo no Ambiente AulaNet, Monografias em Ciência da Computação.
– GOUVEIA, L. (2000). Ambientes Virtuais Colaborativos: a procura de formas alternativas de interação, Revista Politécnica.
– JACKELINE, R. e. B., M. The Case for Constructivist Classrooms.
– L. Arvan, J. O., C. Bullock, K. Burnaska and M. Hanson (1998). The Scale Efficiency Projects, Jornal of Asynchronous Learning Networks.
– LAGARTO, J. R. (2002). A Formação a Distância em Portugal, Inofor, Ano I, Nr 0.
– LAGARTO, J. R. (2003). Guia para a Conceção e Desenvolvimento de Projetos de Formação a Distância. Lisboa, Inofor.
– LIMA, J. R., Capitão, Zélia (2003). e-Learning e e-Conteúdos. Lisboa, Centro Atlântico.
– MASIE, E. (julho 2001). e-learning 2001. Ireland, European Edition, The MASIE Center Dublin.
– MATHEWS, R. S., Cooper, James L., Davison, Neil, Hakes, Perter (1997). Building Bridges Between Cooperative and Collaborative Learning, Change Magazine.
– MATTOS, Alessandro Nicoli. (s/d). Informação é Prata Compreensão é ouro – Um guia para todos sobre como produzir e consumir informação na Era da Compreensão.
– MUZIO, J., Heins, T., Mundell, R. (2001). Experiences with reusable e-learning objects: From Theory to Practice. Vitoria, Canada.
– NUNES, I. (Dez/93 – Abr/94). Noções de Educação à Distância, 4/5. Brasília, INED.
– PALLOFF, R. M.; PRATT, K. (2004). O aluno virtual: um guia para se trabalhar com estudantes on-line. Porto Alegre: Artmed.
– PALLOFF, R. M.; PRATT, K. (1999) Building learning communities in cyberspace – effective strategies for the online classroom. São Francisco: Jossey-Bass Publishers.
– PINTO, M. L. d. S. (2002). Práticas Educativas num Sistema Global. Porto, Edições ASA.
– PREECE, J. (2000). Online Communities: Designing Usability, Supporting Sociability.
– RAMOS, F. M. S. (12 de julho 2001). Explorando as Potencialidades do e-Learning, Universidade de Aveiro.
– RHEINGOLD, H. (1996). A Comunidade Virtual. Lisboa.
– SANTOS, A. (2000). Ensino a Distância & Tecnologias de Informação, FCA.
– SKILBECK, M. (1998). Na Sociedade de Informação. Porto, Edições ASA.
– SOULELES, N. (1998). Interactivity in Teaching and Learning. Sydney Australia, KVB Institute of Technology.