Cirurgia Oral e Implantologia

Índice

1 – Cirurgia Oral

1.1 – Principais Tipos de Intervenções Cirúrgicas

2 – Os Dentes do Siso e sua Extração

2.1 – Tipos de Dentes do Siso em função da Erupção

2.2 – Quando devem ser extraídos os Dentes do Siso

3 – Cirurgia do Freio Labial e Frenectomia Lingual

3.1 – Frenectomia Lingual

3.2 – Cirurgia do Freio Labial

4 – Cirurgias Gengivais

4.1 – Tipos de Cirurgia Gengival mais comuns

5 – Biópsia da Cavidade Oral

6 – Cirurgia Oral para remoção de Quistos

6.1 – Tipos de Quistos Dentários

7 – Procedimentos em Cirurgia para Extração do Siso

7.1 – Avaliação Pré-operatória

7.2 – A Anestesia

7.3 – A Extração do Siso

7.4 – A realização dos Pontos

8 – Instrumentos e Material utilizado na Cirurgia Oral para Extração do Siso

9 – Princípios de Assepsia em Cirurgia Oral

9.1 – Organismos Patogénicos

10 – Desinfeção

11 – Esterilização

11.1 – Técnicas de Esterilização

11.2 – Assepsia da Equipa Cirúrgica

12 – Pós-Operatório em Cirurgia oral e extração do siso              

13 – Procedimentos e apoio do Assistente de Medicina Dentária (AMD) ao Dentista em cirurgia oral

14- Implantologia

14.1 – Quando é indicado aplicar Implantes

14.2 – Tipos de Intervenções e Tipos de Implantes

14.3 – Modelos de Implantes

15 – Procedimentos para a Colocação de Implantes

15.1 – Fase de Preparação

15.2 – Fase Cirúrgica

15.3 – Fase da Reabertura

16 – Instrumentos utilizados em implantologia

17 – Procedimentos e apoio do Assistente de Medicina Dentária (AMD) ao Dentista na colocação de implantes

 

1. Cirurgia Oral

A cirurgia oral é a área da medicina dentária orientada para o diagnóstico e tratamento das doenças, lesões e anomalias dos dentes, da boca, dos maxilares e das estruturas anexas.
Podemos considerar duas grandes áreas de intervenção na cirurgia oral, as cirurgias de pequeno porte e as cirurgias de grande porte.

As cirurgias de pequeno porte, são cirurgias realizadas na cavidade oral sob anestesia local, para extração de dentes simples e dentes inclusos, pequenos tumores benignos, quistos e lesões periapicais. São também realizados implantes dentários e cirurgias para adaptações protéticas, entre outras.

Já as cirurgias de grande porte são realizadas sob anestesia geral em ambiente hospitalar. São exemplos desse tipo de cirurgia os tratamentos de traumas faciais, as cirurgias ortognáticas e o tratamento de quistos ou tumores complexos, entre outros.

1.1 Principais Tipos de Intervenções Cirúrgicas

Neste módulo dedicamos a nossa atenção às cirurgias de pequeno porte, começando por descrever os principais tipos de intervenções cirúrgicas.

:: Extração de dentes do Siso simples e dentes inclusos
A extração de dentes do siso ou exodontia é um dos procedimentos de cirurgia oral mais executados numa clínica dentária. Os motivos da exodontia podem ser vários, desde lesões extensas com cárie até fraturas dentárias ou doença periodontal avançada.

Os sisos geralmente erupcionam parcialmente ou ficam impactados, facto que envolve muitas vezes a sua extração ou exodontia.

 

:: Cirurgia do Freio Labial e Frenectomia Lingual
Conhecida também como frenectomia, este tipo de cirurgia oral visa remover o freio labial. O freio labial é uma dobra da mucosa que liga o lábio e a bochecha à mucosa alveolar. A remoção permite corrigir anomalias nesta região.

O freio labial com tamanho desproporcional ou com inserção baixa pode prejudicar o sorriso do paciente, por causar diastemas (dentes separados).

O freio lingual fica localizado em baixo da língua. Quando muito pequeno ou fibroso, pode não exercer as suas funções corretamente e gera a famosa “língua presa”. Esse tipo de alteração pode ocasionar problemas na dicção.
Este tipo de cirurgia oral pode ser indicado para melhorar a sucção durante a amamentação e a fala em crianças ou adultos.

:: Cirurgias Gengivais
As cirurgias gengivais são muito vulgares na clínica dentária e compreendem uma área de conhecimento importante entre os tipos de cirurgia oral. Entre as cirurgias gengivais podemos destacar o aumento de coroa clínica, as gengivectomias, as plásticas gengivais e a raspagem em campo aberto. São cirurgias muito minuciosas.

 

:: Biopsia na Cavidade Oral
As biópsias consistem em retirar uma amostra de tecido de uma lesão para análise histológica, e assim confirmar o tipo de patologia que poderá estar presente na cavidade oral.
Esta intervenção cirúrgica é indicada para diagnosticar diversos tipos de doenças, desde as mais inofensivas até às mais complicadas, como o cancro oral. Podem ser classificadas como incisionais, para remover apenas um fragmento para análise, ou excisionais, para remover toda a lesão.

 

:: Cirurgia para exérese de Quistos
Uma grande parte das cirurgias orais, também contempla as cirurgias para remoção de quistos. Os quistos podem surgir de uma proliferação de restos dos tecidos responsáveis pela formação dos dentes. Isso ocorre porque o organismo não conseguiu absorver corretamente tais tecidos.
Os quistos também podem surgir como uma reação a uma infeção ou trauma na região. Devem ser removidos de acordo com a técnica mais indicada para cada um deles.

:: Implantologia
A implantologia foi uma das especialidades que mais cresceu na Medicina Dentária nos últimos 20 anos. Este crescimento justifica-se fundamentalmente porque os pacientes perderam os seus dentes em épocas em que a Medicina Dentária não estava tão avançada, nessa altura um dente era muitas vezes extraído aquando de uma simples dor de dentes.

Como consideramos que este tipo de intervenção envolve uma técnica mais apurada e a realização de formação específica ou até especializações, trataremos deste tema num ponto específico neste módulo.

2. Os Dentes do Siso e sua Extração

Comecemos por compreender o que são os dentes do siso e qual a origem do seu nome.
O que vulgarmente designamos por “dente do siso” o dentista designa-o por terceiro molar. Isso porque, tanto na arcada dentária superior como na inferior, possuímos três dentes molares de cada lado e o siso é o último deles, por isso terceiro molar.

 

Assim, é correto dizer que o siso pertence ao trio de molares, que são os dentes que trituram os alimentos mais duros, como as carnes, na etapa final da mastigação. Ao todo, temos quatro dentes do siso.

Por curiosidade, o nome “siso” vem do apelido que ganharam como dentes do juízo, uma vez que nascem na idade em que antigamente se dizia aos adolescentes para terem juízo.
Cronologicamente, todos os dentes nascem de acordo com a necessidade de mastigação. Ou seja, quando somos mais jovens não mastigamos alimentos tão duros. Por isso, os dentes do siso nascem mais tarde.

A razão prende-se, na verdade, com a evolução humana, uma vez que os terceiros molares já não são tão necessários para a mastigação como foram antigamente. Atualmente, os alimentos que consumimos são mais macios e, por isso, o desenvolvimento dos maxilares foi-se alterando ao longo do tempo. Estas alterações levaram à diminuição do espaço que é reservado para o nascimento dos terceiros molares.

É também a evolução que explica que muitas pessoas nem possuam os terceiros molares.

Outras vezes, eles existem, mas não nascem, ou melhor, não eclodem. Nesses casos, existem duas possibilidades:

  • O dente permanece incluso e não causa prejuízo aos demais;
  • O dente causa vários problemas, culminando com a extração do dente do siso.

 

2.1 Tipos de Dentes do Siso em função da Erupção

É muito comum que o dente do siso não esteja totalmente fora ou esteja apenas parcialmente para fora. No primeiro caso, o dente fica incluso e no segundo, semi-incluso. Quando isso acontece, o dente fica impactado, torto e algumas vezes retido dentro do osso maxilar.

 

Um dente incluso pode ficar na horizontal (deitado) dentro do maxilar, contribuindo para o surgimento de infeções e dificultando o processo de extração. Quando o dente do siso está semi-incluso, uma parte dele está fora da gengiva, mas grande parte ainda está no interior da gengiva.

Ambas as situações ocorrem quando falta espaço na arcada dentária para que o dente do siso se encaixe no lugar certo para nascer, atrapalhando o seu desenvolvimento. Nestes casos, o dente passa a empurrar os dentes que estão ao lado dele numa tentativa natural de se encaixar no seu devido lugar. Com isto, algumas situações podem acontecer, nomeadamente:

  • Cáries (quando o siso está encostado no dente ao lado);
  • Infeções em volta do dente;
  • Desalinhamento dentário.

Vejamos cada um destes casos:

:: Sisos com Cárie
Se um dente do siso está com uma cárie muito profunda, do tipo que requer um tratamento de canal, a extração deste dente é sempre a melhor opção. Isso porque, o investimento para fazer a sua restauração é muito dispendioso financeiramente e o tratamento é muito trabalhoso e complicado. E, como vimos anteriormente, os últimos molares não são essenciais para a mastigação, fazendo com que o investimento não valha a pena.

:: Sisos com Lesões Quísticas
Embora incomum, os quistos podem formar-se no local onde os sisos se localizam. Essas lesões quísticas levam à destruição dos ossos alveolares (camada de tecido ósseo que circunda os dentes). Com isto, a saúde dos dentes próximos fica prejudicada.

:: Sisos com Periocoronarite
O nome pode até ser complicado, mas a pericoronarite é uma inflamação dos tecidos moles localizados em volta de um dente. Esse problema pode acontecer durante a erupção (nascimento) de um dente e é mais frequente em dentes do siso do maxilar inferior. Isso porque, o siso da arcada inferior fica com um espaço maior do que os outros dentes, entre ele e a gengiva, favorecendo o surgimento deste problema.

Este espaço maior propicia o acúmulo de restos de alimentos. E como é mais difícil escovar os dentes do siso da forma adequada, a combinação de restos alimentares e bactérias que vivem na boca é um dos fatores que potencializam o problema.

Ainda que não seja um problema muito grave, a pericoronarite pode espalhar-se para os dentes dos lados, causando infeções mais graves e difíceis de serem tratadas.

 

2.2 Quando devem ser extraídos os Dentes do Siso

A cirurgia para extração do dente do siso é absolutamente necessária quando estes dentes causam muitas dores e constantes inflamações nas gengivas.
Os sintomas mais comuns são:

  • Abcessos devido à erupção dos sisos;
  • Dificuldade para abrir a boca;
  • Pressão nos maxilares;
  • Dores de cabeça;
  • Enxaquecas;
  • Dores de ouvido.

Muitas vezes, o paciente já chega ao consultório com uma grande inflamação ou mesmo infeção, fazendo com que a extração do dente do siso seja absolutamente necessária.

 

3. Cirurgia do Freio Labial e Frenectomia Lingual

Existem dois tipos básicos de freios: o lingual e o labial.

3.1 Frenectomia Lingual

O freio lingual está localizado entre a base da língua e a base da boca. Pode ter diferentes tamanhos e restringir o movimento da língua (uma condição chamada “língua presa“). Para o soltar pode ser realizado um procedimento cirúrgico designado de frenectomia. O objetivo é soltar a língua para permitir a fala, a deglutição e os movimentos adequados.

3.2 Cirurgia do Freio Labial

Na arcada superior, o tecido que conecta a gengiva ao lábio é designado de freio labial. Se o tecido for anormalmente largo ou longo, pode conectar-se ao tecido gengival entre os dentes e estender-se até à parte frontal do céu da boca. Quando o freio labial superior é muito largo ou longo, pode criar um espaço entre os dois dentes da frente, o que pode exigir um procedimento cirúrgico.

Dependendo da preferência do cirurgião dentista e das limitações do próprio procedimento, o tamanho do freio é reduzido com um bisturi (lâmina) ou um laser específico para cortar tecidos moles, de acordo com a revista Journal of Clinical and Diagnostic Research. Em alguns casos, o cirurgião que executa o procedimento pode usar uma combinação dos dois instrumentos para modelar e cortar com precisão o tecido, a fim de obter o resultado ideal.

 

4. Cirurgias Gengivais

A bolsa periodontal desenvolve-se porque as bactérias da placa se acumulam excessivamente e avançam abaixo da linha da gengiva. Nestes casos, os recursos domésticos deixam de ser eficazes na remoção da placa. Se não for tratada pelo dentista, a placa bacteriana continuará a avançar abaixo da linha da gengiva, infetando o interior da bolsa periodontal.

A terapia para eliminar as bolsas periodontais, consiste na raspagem e alisamento radicular, utilizando um aparelho ultrassónico para a limpeza abaixo da linha da gengiva. São também utilizados procedimentos manuais para raspagem e alisamento da raiz, eliminando a doença.

A maioria das cirurgias gengivais é realizada com o intuito de tratar as doenças periodontais. Porém, há casos em que a pessoa possui uma gengiva saudável mas muito exposta ou, ao contrário, muito retraída. Procurando uma melhor aparência e de uma harmonização do sorriso, pode optar-se por uma cirurgia plástica na gengiva.

4.1 Tipos de Cirurgia Gengival mais comuns

Vejamos os três tipos de cirurgia gengival mais comuns:

:: RETALHO GENGIVAL
Se as bolsas periodontais tiverem mais de 5 milímetros de profundidade, o dentista realizará este procedimento para as reduzir. A maioria dos pacientes diagnosticados com periodontite moderada a severa passa por este procedimento. O dentista corta o tecido gengival para o separar do dente, faz uma limpeza geral, com o uso de um aparelho ultrassónico e manualmente, e remove o tártaro, a placa e a película abaixo das bolsas.

:: GENGIVECTOMIA
Este procedimento é realizado para remover o excesso de tecido gengival e proporcionar uma melhor limpeza dos dentes. Antes de cortar e eliminar o excesso de tecido, o dentista deve anestesiar a gengiva.

:: GENGIVOPLASTIA
Este tipo de cirurgia é utilizado para remodelar o tecido gengival saudável em volta dos dentes e melhorar sua aparência. Se a pessoa apresentar recessão gengival (afastamento da gengiva do dente), pode realizar-se uma gengivoplastia. Pode também fazer-se um enxerto, retirando-se tecido do palato e costurando-o no local da recessão.

 

5. Biópsia da Cavidade Oral

A biópsia é um procedimento cirúrgico que visa a obtenção de uma amostra de tecido de um organismo vivo para posterior análise anátomo-patológica. A biópsia confirma o diagnóstico clínico ou permite estabelecer um diagnóstico definitivo de lesões nas quais existem dúvidas de diagnóstico.

Existem várias técnicas de biópsia, cabendo ao médico-dentista a decisão da mais adequada para cada caso em particular. A biópsia da cavidade oral é um procedimento facilmente realizável no consultório dentário pelo médico-dentista.

Na maioria dos casos a biópsia é solicitada para averiguar alterações suspeitas nas células. Em Medicina Dentária a biópsia é indicada nas seguintes situações:

  • Lesões ulceradas ou não, com suspeita de malignidade (úlceras que não cicatrizam após 10 a 20 dias);
  • Lesões esbranquiçadas ou avermelhadas;
  • Crescimentos teciduais;
  • Lesões ósseas expansivas ou não;
  • Lesões infeciosas.

Existem vários tipos de biópsias capazes de identificar possíveis problemas em diferentes partes do corpo. Na Medicina Dentária utiliza-se com maior frequência as seguintes:

:: BIÓPSIA INCISIONAL
Trata-se da recolha de um fragmento da lesão, sendo de grande importância a remoção de tecido normal juntamente com o alterado. É indicada em casos de suspeita de lesões malignas e/ou lesões muito extensas.

:: BIÓPSIA EXCISIONAL
Trata-se da recolha da lesão toda, sendo importante remover todo o tecido alterado e uma faixa de tecido normal ao redor. É indicada em casos em que não há suspeita de malignidade e em lesões pequenas.

 

6. Cirurgia Oral para remoção de Quistos

O quisto oral é um problema silencioso e que pode causar danos irreversíveis ao sorriso. Quando localizado próximo de um dente, o quisto é conhecido por ser uma cavidade revestida de tecido epitelial, em que se acumula um líquido com bactérias e células mortas. Esta cavidade, que se forma na estrutura dentária, possui paredes grossas e resistentes, podendo crescer e espalhar-se. Geralmente os quistos possuem um crescimento lento e sem dor, o que dificulta o seu diagnóstico.

Os quistos podem levar à perda de dentes ou ocasionar um problema sistémico na região oral. É importante lembrar que estas cavidades não possuem relação com o cancro da boca, o quisto é um tumor benigno.

Por ser inodoro, não é possível identificar quando um quisto surge na cavidade oral. O quisto pode ser resultado de uma proliferação de restos de tecidos epiteliais que são responsáveis pela formação dos dentes. Estes restos, quando mal absorvidos pelo organismo, podem proliferar e formar quistos na região.

Algumas situações propiciam o seu surgimento, como doenças infeciosas na região da boca, nariz e garganta, stresse, imunidade baixa e desgaste físico e mental são fatores de risco.

 Procedimentos dentários realizados de forma inadequada também provocam o surgimento de quistos dentários.

 

6.1 Tipos de Quistos Dentários

Existem vários tipos de quistos dentários vejamos os principais:

:: Quisto da Lâmina Dentária
É conhecido como quisto do recém-nascimento, pois 80% dos casos aparecem em crianças. São pequenos nódulos, com coloração esbranquiçadas, localizados nos alvéolos do maxilar.

:: Quisto Primordial (Queratocisto)
É menos frequente nas análises clínicas dentárias. Quando cresce mais do que o esperado, esse quisto pode gerar incómodo e dor na região. É mais comum no terceiro molar, porém, pode surgir noutras regiões do maxilar.
É uma lesão mais comum em homens entre 20 e 30 anos, mas também pode ser diagnosticada em mulheres.

:: Quisto Dentígero
Sendo mais frequente em adolescentes, a lesão geralmente surge na coroa de um dente, sendo os terceiros molares com mais incidência. O seu crescimento é lento e assintomático, o que pode gerar perda óssea e deslocamento de outros dentes na arcada.
O seu surgimento está relacionado com uma alteração no tecido epitelial do esmalte, após a formação do dente.

:: Quisto de Erupção
É uma variação do quisto dentígero, mas está associado a dentes de leite ou permanentes que estejam a passar por processo de erupção. Geralmente esta lesão está localizada entre o epitélio reduzido do esmalte do dente e a coroa do dente, tem característica hemorrágica, o que deixa a gengiva com coloração roxeada.

Na maioria dos casos, o paciente não apresenta nenhum sinal visível de alteração na estrutura dental, os quistos só apresentam sintomas quando já estão em quadros avançados, necessitando de atenção e cuidados redobrados.

Em casos graves, os sintomas podem ser:

  • Dor local;
  • Inchaço das gengivas;
  • Febre;
  • Dores de cabeça;
  • Ferimentos na região oral;
  • Língua e bochechas com manchas brancas ou avermelhadas;
  • Dormência na língua;
  • Dificuldade para engolir;
  • Dores na garganta.

 

7. Procedimentos em Cirurgia para Extração do Siso

No processo de extração de um siso podemos considerar as seguintes etapas:

  • Avaliação pré-operatória
  • Anestesia
  • Extração do siso
  • Realização dos pontos

7.1 Avaliação Pré-operatória

Tudo começa com uma solicitação da ficha dentária pelo médico-dentista. Esta documentação servirá para verificar o espaço que a arcada dentária possui para suportar o siso.
Em função da análise do caso, pode ser pedida somente uma radiografia panorâmica ou outros exames de imagens. Com isso, o dentista identificará:

  • Estado da raiz do dente;
  • Determinação exata da posição do terceiro molar;
  • Verificar a proximidade dos nervos da face.

A partir destas três informações, o profissional avalia a necessidade de extração do dente do siso e como o procedimento será realizado.

 

7.2 A Anestesia

O médico-dentista aplica uma anestesia local antes de começar o procedimento. A anestesia apenas barra a sensibilidade na região da boca, por algumas horas, onde o dente será extraído.
No entanto, em casos raros, pode ser necessário recorrer a uma anestesia geral, neste caso o paciente permanece sedado. Este tipo de anestesia é utilizada para a extração do dente do siso em ambiente hospitalar.

 

7.3 A Extração do Siso

Existem duas possibilidades para fazer a extração do dente do siso. Uma delas, é quando o dente do siso já nasceu, ou seja, é como fazer a extração de qualquer dente. A outra aplica-se quando o dente está incluso ou semi-incluso.

Quando o dente está incluso ou semi-incluso, é necessário fazer uma incisão na gengiva para que seja removido parte do osso que recobre o dente. A extração de dente do siso pode ocorrer em média entre 10 e 30 minutos para cada dente retirado, contudo podem ocorrer situações mais complicadas, dependendo, portanto, da situação de cada siso.

 

7.4 A realização dos Pontos

No local onde o dente do siso for extraído ficará um espaço vazio pela ausência do terceiro molar. Será necessário fechar o local com pontos (suturas). Há dois tipos de pontos que podem ser usados, os tradicionais e os reabsorvíveis.

Os primeiros são retirados aproximadamente após uma semana da extração. Já os pontos realizados com fio de sutura reabsorvível (absorvidos pelo organismo) não necessitam de ser removidos.

Para que a intervenção do cirurgião dentista decorra da melhor forma devem ser verificadas duas condições:

  • Existir boa visibilidade do campo operatório;
  • Possuir um bom auxílio por parte da sua equipa.

A visibilidade é muitas vezes negligenciada pelos profissionais. Para conseguir uma boa visibilidade devemos ter em consideração os seguintes fatores:

  • Acesso apropriado, que não requer somente que o paciente abra muito a boca, mas também uma exposição cirúrgica apropriada;
  • Iluminação suficiente, por vezes os profissionais esquecem que muitos procedimentos colocam o cirurgião e a assistente em posição que bloqueiam as fontes de luz acopladas na cadeira. Para corrigir este problema, deve-se posicionar continuamente a fonte de luz, ou os profissionais devem evitar posições que obstruam a luz.
  • Campo cirúrgico livre de sangue e outros fluidos, uma boa aspiração cirúrgica com ponta pequena, pode rapidamente remover sangue e outros líquidos do campo operatório. Um campo cirúrgico livre de fluidos é importante para ter boa visibilidade.

Para poder realizar uma boa intervenção cirúrgica, o cirurgião dentista deve trabalhar em equipa. Na sua equipa o Assistente de Medicina Dentária é uma peça fundamental, quando devidamente treinados e formados, oferecem inestimável ajuda durante o ato cirúrgico. É fundamental que o AMD esteja familiarizado com os procedimentos a serem executados, para antecipar as necessidades do cirurgião.

 

8. Instrumentos e Material utilizado na Cirurgia Oral para Extração do Siso

Vejamos uma lista dos instrumentos utilizados na cirurgia oral básica, necessários para a realização de procedimentos nas cirurgias orais de rotina.

:: Instrumentos utilizados para incisão do tecido
Bisturi, como a maioria dos procedimentos cirúrgicos começa com uma incisão, o instrumento utilizado para fazer a incisão é o bisturi, composto por um cabo e uma lâmina cortante estéril e descartável.

O cabo mais utilizado é o n.º 3, ocasionalmente poderá utilizar-se o n.º 7, mais longo e fino. O cabo do bisturi está preparado para receber uma variedade de diferentes formas de lâminas. A lâmina mais utilizada para cirurgia intraoral é a nº 15. É relativamente pequena e pode ser utilizada para fazer incisões à volta dos dentes e através do mucoperiósteo.

A lâmina do bisturi é fixada pelo porta-agulha e pressionada no cabo até que haja o estalido; é removida da mesma forma. O porta-agulha segura a lâmina na porção final e levantado desconecta do encaixe.

:: Instrumentos utilizados para controlar a hemorragia
Pinças de dissecação e hemostáticas, servem para manusear determinado tipo de tecidos.

As hemostáticas servem para manipular vasos que se encontrem a sangrar.
Possuem várias formas, em cirurgia oral normalmente são utilizadas as curvas. Esse instrumento possui uma ponta longa e delicada para apreender os tecidos, e um cabo que trava, para que mesmo depois de soltar a pinça, o vaso continue preso aos tecidos. A pinça hemostática também é útil em cirurgia oral para remoção de tecido de granulação em alvéolos dentários e apreensão de pedaços de raiz, cálculos, fragmentos de amálgama e outras pequenas partículas.

:: Instrumentos utilizados para descolagem do mucoperiósteo
Depois da incisão, a mucosa e o periósteo devem ser levantados num único bloco, para este fim é utilizado um instrumento para destacar o periósteo, o mais utilizado é o descolador Molt n.º9.

A sua extremidade cortante é utilizada para destacar as papilas dentárias entre os dentes, e a mais larga para destacar o tecido mole do osso. O descolador pode ser utilizado de três formas:

  • A extremidade pontiaguda pode ser utilizada em movimento de alavanca (elevar as papilas);
  • Movimentos para empurrar com vigor, com a extremidade mais larga por baixo do retalho(descolamento regular);
  • Movimento de puxar ou de raspar com vigor (pode rasgar o tecido).

:: Instrumentos utilizados para apreensão dos tecidos
Pinças, para a parte posterior da boca é necessário uma pinça mais longa, neste caso é utilizada a pinça de Stille. Em alguns casos uma pinça angulada, como a de algodão, é utilizada para a apreensão de pequenos fragmentos e colocar ou remover rolo de gazes.

Para remoção de grande quantidade de tecido fibrosado é utilizada a pinça de Allis, não deve ser utilizada em tecidos que irão permanecer na boca, porque causa grande destruição nos tecidos.

As pinças russas de tecido são largas e com extremidades arredondadas, utilizadas para apreensão de dentes elevados dos alvéolos.

 

 

:: Instrumentos usados para remoção óssea
A pinça-goiva, possui lâminas cortantes, unidas pelo cabo, no meio uma mola metálica, que quando é pressionada abre-se. Permite repetidos cortes sem reabrir o instrumento. Os seus dois principais desenhos são: a pinça com corte lateral e a com corte lateral e na extremidade final (pinça goiva de Blumenthal).

Cinzel e martelo, o êxito do cinzel vai depender da sua afiação, que deve ser efetuada antes da esterilização para cada vez que for utilizado. Podemos considerar dois tipos, o cinzel monoangulado, utilizado para remoção de osso. O cinzel biangulado, utilizado para seccionar dentes. O martelo deve possuir uma faceta de náilon para causar menos impacto ao paciente, e por ser menos barulhento.

Lima para osso, é utilizada a lima para o alisamento final. É um instrumento duplo, uma extremidade pequena e a outra larga. O movimento executado é o de puxar, o empurrar promove brunimento e esmagamento do osso.

Broca e peça de mão, as peças de mão devem ter alta velocidade de torque e devem ser previamente autoclavada e as brocas tipo carbide removem eficientemente a cortical óssea. As brocas mais utilizadas são: de fissura n.º 557 ou n.º 703 e a esférica n.º 8. Na maior parte dos casos é utilizada uma broca larga parecida com uma broca para acrílico.

::Instrumentos utilizados para remover tecidos moles de defeitos ósseos
É a cureta periapical, um instrumento angulado, com ponta dupla. Utilizado para remover granulomas ou pequenos quistos de lesões periapicais, como também pequenas quantidades de tecido de granulação dos alvéolos.

Agulha, é utilizada para fechar as incisões da mucosa, geralmente pequena, em semicírculo ou 3|8 de círculo. Curva para permitir o manuseio em espaço limitado, por onde uma agulha reta não poderia passar.

Tesouras, a tesoura de sutura possui pontas curtas, a mais utilizada é a de Dean. Os tipos de tesoura para tecidos mais comuns são as de Iris, são pequenas, com ponta cortante aguda, é utilizadas para procedimentos delicados. As tesouras de Metzenbaum, com ponta romba são utilizadas para dissecar tecidos moles e cortá-los. As tesouras de tecido não devem ser utilizadas para cortar fio pois podem danificar-se e depois não cortar tecidos efetivamente.

 

:: Instrumentos utilizados para o  afastamento dos tecidos moles
Os afastadores de bochecha mais utilizados são os de ângulo reto de Austin e o mais largo e saliente, o de Minnesota. Os dois podem afastar a bochecha e o retalho mucoperiosteal simultaneamente. Para afastar retalhos de tecido mole temos o afastador de Seldin, que se assemelha ao descolador de Molt, mas a sua ponta ativa é romba.

O afastador lingual de Weider é amplo e em forma de coração, tem uma superfície rugosa num dos lados, mas o instrumento mais comum para promover o afastamento da língua é o espelho bucal.

 

:: Instrumentos utilizados para manter a boca aberta
Têm como finalidade suportar a mandíbula e prevenir a sobrecarga na articulação temporomandibular.
Bloco de mordida, é um bloco de borracha, no qual o paciente pode repousar os dentes.
Abridor de boca de Molt, é um abridor de ação lateral, utilizado pelo cirurgião dentista para abrir amplamente a boca, mais utilizado em pacientes profundamente sedados.

 

:: Instrumentos utilizados para aspiração
Aspirador de Fraser, possui um orifício no cabo, vedado quando necessário, em irrigação constante é vedado para que o líquido seja removido rapidamente, quando o tecido mole está a ser aspirado é destapado para prevenir danificações ao tecido.

:: Instrumentos utilizados para irrigação
Uma seringa plástica grande, com uma agulha romba de calibre 18, lisa e angulada para maior eficiência na direção da corrente de irrigação.

:: Alavancas dentárias
Estes instrumentos são utilizados para luxar os dentes do osso adjacente. Com a luxação antes do uso dos fórceps, minimiza a incidência de fraturas radiculares. Também utilizados para expandir o osso alveolar.

 

:: Instrumentos utilizados para remoção dos dentes do osso alveolar
Cabo, articulação e ponta ativa, os cabos são de tamanho adequado para ser seguros confortavelmente e transferir pressão e força suficiente para extração. A sua superfície é serrilhada para evitar que escorregue. A articulação é o mecanismo de conexão do cabo com a ponta ativa. Ponta ativa, é projetada para se adaptar à raiz dentária e não à coroa dos dentes.

 Fórceps para maxila, são seguros com a palma da mão sobre o cabo.

Utilizam-se:

  • N.º 150, para dentes maxilares unirradiculares;
  • N.º 150A, ligeira variação do nº 150, útil para pré-molares maxilares;
  • Reto n.º 1, para incisivos e caninos superiores;
  • N.º 53, para molares maxilares;
  • N.º 88, molares com coroas gravemente destruídas, conhecidos como chifre de vaca para dentes superiores;
  • N.º 210S, segundos ou terceiros molares com raiz única e cónica;
  • N.º 286, para pré-molares com coroas estreitas ou incisivos inferiores, também conhecidos como fórceps para raízes.

 

9. Princípios de Assepsia em Cirurgia Oral

Assepsia consiste em evitar a sepsia, que é o colapso dos tecidos vivos pela ação de microrganismos, geralmente com inflamação. No caso de cirurgia oral os organismos patogénicos contaminantes são:

  • Bactérias
  • Micobactérias
  • Vírus
  • Fungos

 

9.1 Organismos Patogénicos

Vejamos a descrição sumária de cada um destes tipos de organismos patogénicos, para melhor compreender a intervenção e respetivo combate.

:: BACTÉRIAS
Na prática de Medicina Dentária os profissionais devem ter em consideração as várias fontes transmissoras de bactérias, nomeadamente provenientes de:

  • Flora do trato respiratório superior;
  • Flora da pele maxilofacial;
  • Flora não-maxilofacial.

:: VÍRUS
Os vírus causam riscos aos pacientes e às equipas de saúde oral. Os mais perigosos e conhecidos são o da hepatite B e o da imunodeficiência humana (HIV).

O vírus da hepatite B transmite-se pelo sangue infetado, alguns pacientes infetados expelem grande quantidade pela saliva, que pode penetrar no indivíduo por qualquer superfície. Os meios mais eficientes para inativar o vírus é por meio de desinfetantes contendo halogénios (como iodóforos e hipoclorito), formaldeído, gás óxido de etileno, todos os tipos de esterilização pelo calor, e irradiação.

A equipa de profissionais de saúde oral deve utilizar barreiras, como o uso de luvas, máscara facial e óculos de proteção.

O vírus da imunodeficiência, transmite-se pelo contato direto com o sangue ou secreções de um organismo infetado. O HIV perde a sua capacidade de infetar quando desidratado, e não existem evidências que sustentem uma infeção pela saliva. Os profissionais de saúde têm pouca probabilidade de contrair a doença mesmo quando exposto ao sangue e secreções de pacientes HIV positivo, durante a realização de cirurgias ou quando autoinoculados.

Mesmo assim, até que seja totalmente compreendido o mecanismo de transmissão de HIV, os profissionais e a sua equipa devem tomar as devidas precauções, que consistem em técnicas de assepsia, esterilização e uso de barreira de proteção.

Os pacientes com a função imune deprimida devem ser atendidos com cuidados, evitando a exposição de agentes contaminantes, a outros pacientes com doença clínica contagiosa.

:: MICROBACTÉRIAS
O único microrganismo significativo para os cirurgiões dentistas é o Mycobacterium tuberculosis (Mtb conhecida como tuberculose). São altamente resistentes à desidratação e à maioria dos desinfetantes químicos, e sensíveis ao calor, óxido de etileno e irradiação. A tuberculose é transmitida por meio de aerossóis expirados de pulmões que possuem os bacilos (Mtb) e por instrumentos inadequadamente esterilizados. Os microrganismos mais resistentes são os endósporos bacterianos, portanto, qualquer método que os elimine, também é capaz de eliminar bactérias, vírus, micobactérias, fungo, mofo e parasitas.

Os conceitos de desinfeção e esterilização são empregados erroneamente. A desinfeção apenas reduz o nível de contaminação, por sua vez a esterilização elimina qualquer forma de microrganismo.

Antissépticos e desinfetantes são as substâncias que previnem a multiplicação de microrganismos capazes de produzir a sepsia. Os antissépticos são aplicados em tecidos vivos e os desinfetantes são aplicados em objetos inanimados.

A sanitização e descontaminação, é a redução do número de microrganismos, a sanitização está relacionada a níveis seguros pela saúde pública, e a descontaminação não.

 

10. Desinfeção

Os agentes químicos são utilizados para a desinfeção de instrumentos. Os agentes químicos podem ser utilizados em função do seu nível de atividade, considerando três níveis:

  • Atividade biocida alta (eficaz contra todos os microrganismos);
  • Atividade intermediária (eficaz contra todos os microrganismos, exceto esporos bacterianos);
  • Atividade biocida baixa (efetivo contra formas vegetativas de bactérias e vírus lipídicos).

A solução deve ser preparada conforme especificação do fabricante, os instrumentos devem ficar em total contacto com a solução por um determinado período, depois de lavados.

Após a desinfeção, os instrumentos devem ser passados por água e usados imediatamente. Para manutenção da esterilização dos materiais descartáveis, o profissional deve manusear a embalagem adequadamente. Muitos possuem embalagem dupla (exceto as lâminas de bisturi), para embalagem externa ser utilizada com método não estéril.

Os instrumentos esterilizados ou desinfetados, devem ser arrumados para o uso durante a cirurgia, limitando a possibilidade de contaminação por microrganismos estranhos à flora maxilofacial do paciente e mantendo a esterilização do campo cirúrgico.

Deve-se evitar que os campos fiquem húmidos, não permitindo que as bactérias da face inferior subam e entrem em contato com os instrumentos estéreis. A cadeira do gabinete dentário deve ser desinfetada regularmente, com um desinfetante spray, e o encosto de cabeça encapado com uma cobertura descartável. Uma folha retangular de alumínio esterilizada pode ser utilizada no cabo do refletor, prevenindo a contaminação. As torneiras e saboneteiras devem ser ativadas sem o uso das mãos.

 

Os antissépticos devem ser utilizados antes das luvas serem calçadas e para desinfeção do sítio cirúrgico. Os mais utilizados em medicina dentária são:

  • Iodóforos
  • Clorexidina
  • Hexaclorofeno

Os iodóforos, são soluções de iodo a 1%, pelo facto de serem menos tóxicos para os tecidos, são contraindicados para pacientes sensíveis ao iodo, com hipotireoidismo não tratado e em grávidas.
A solução deve permanecer em contacto com a superfície durante alguns minutos para obter a sua atividade máxima.

A clorexidina está disponível para uso interno e externo.

O hexaclorofeno possui um potencial de toxidade sistémica com uso contínuo, assim seu uso é limitado.
Tanto a clorexidina como hexaclorofeno, são mais eficazes contra bactérias gram-positivas do que gram-negativas, mais eficientes quando utilizados repetidas vezes durante o dia, pois possuem efeito cumulativo na pele e deixam um efeito antibacteriano residual após cada lavagem.

 

11. Esterilização

11.1 Técnicas de Esterilização

As técnicas de esterilização dos instrumentos utilizados em cirurgia oral devem ser confiáveis, práticas e seguras. Os três métodos disponíveis são:

  • Calor seco
  • Calor húmido
  • Gás de etileno

::  Calor Seco
A esterilização é feita em forno equipado por um termostato de controlo e um marcador de tempo. O calor seco oxida as proteínas celulares, a temperaturas muito altas (170ºC – 340ºF por 1 hora).
É utilizado o calor seco para esterilizar itens volumosos e vidrarias que suportam altas temperaturas e são suscetíveis à ferrugem.

Devemos considerar alguns fatores ao usar o calor seco, como o tempo de aquecimento para o forno e para os materiais, condução do calor pelos materiais, circulação de ar através do forno. As vantagens de metodologia são a facilidade de uso, o baixo potencial de danos a materiais resistentes. As desvantagens estão relacionadas com o tempo para o processo e os danos provocados aos materiais não resistentes ao calor.

::  Calor Húmido
O aparelho utilizado para aplicar esta metodologia é conhecido como autoclave, funciona criando vapor por meio de válvulas que aumentam a pressão do vapor que se torna altamente aquecido (116ºC – 240ºF em 1 hora).

Causa rapidamente uma coagulação proteica destrutiva em temperaturas relativamente baixas.
Os instrumentos devem ser embalados em sacos de papel ou em tecido de algodão, de modo que permita o fluxo livre do vapor.

Apresenta como vantagens a eficácia e a rapidez. Como desvantagens a tendência em enferrujar os instrumentos.

::  Esterilização a Gás
Alguns gases têm um efeito letal nas bactérias, destruindo as enzimas e outras estruturas bioquímicas essenciais à sua viabilidade. O óxido de etileno é o mais utilizado, altamente inflamável, deve ser misturado com Freon, CO2 ou nitrogénio para se tornar mais seguro.
Devido à sua toxicidade, os instrumentos esterilizados com este procedimento devem ser arejados por períodos de 8 a 12 horas em temperaturas de 50 a 60ºC ou por 4 a 7 dias em temperatura ambiente.

Apresenta como vantagens a eficácia em materiais porosos, em grandes equipamentos e materiais sensíveis ao calor seco ou húmido. Como desvantagens, a necessidade de um equipamento especial, longo tempo de esterilização (50ºC em 3 horas) e tempo de arejamento.

11.2 Assepsia da Equipa Cirúrgica

Para o preparo da equipa cirúrgicadois tipos básicos de assepsia pessoal, a técnica limpa e a técnica estéril.

:: Técnica Limpa
Técnica da assepsia limpa, é utilizada em cirurgias realizadas em consultório. A equipa pode utilizar as roupas da rua limpas, cobertas por um avental de mangas longas. Os brincos fixos podem não necessitar de ser retirados.

As luvas devem ser utilizadas por todos os profissionais, estéreis e colocadas com uma técnica apropriada, as mãos lavadas com sabão antisséptico e secas com toalhas descartáveis.

As máscaras e protetores oculares devem ser sempre utilizados quando sangue ou saliva formam aerossóis ou for feita uma ferida cirúrgica. A pele perioral e a cavidade oral podem ser descontaminadas, por escovagem ou bochecho com gluconato de clorexidina (0,12) ou um antisséptico oral à base de álcool.

O paciente pode ser coberto para proteger as suas roupas e evitar que algum objeto atinja o olho.
No procedimento cirúrgico oral, apenas água estéril ou solução salina estéril devem ser utilizadas para irrigar as feridas abertas.

:: Técnica Estéril
Técnica estéril, é utilizadas para em cirurgias de consultório quando se criam feridas limpas (feitas através da pele intacta que tenha sido tratada com um antisséptico) ou em cirurgias realizadas em ambiente cirúrgico.

A escovagem das mãos e braços com soluções antissépticas seguindo esquema padrão, com sabão antisséptico, escova firme e limpador de unhas. As mãos e os antebraços são molhados em pia de escovagem, e as mãos mantidas acima do nível do cotovelo até ao final do procedimento de escovagem. O sabão deve ser mantido sobre os braços, enquanto as unhas são limpas, inicia-se a escovagem com a aplicação de antisséptico, em movimentos firmes e repetidos da escova por toda superfície das mãos e braços até 5 cm abaixo do cotovelo.

As técnicas de escovagem que se baseiam no número de movimento são mais confiáveis do que as que tem por base o tempo gasto para escovagem.

Assepsia pós-cirúrgica consiste em descartar os materiais contaminados de imediato em recipientes rotulados e produzidos especificamente para tal uso.

 

12. Pós-Operatório em Cirurgia Oral e Extração do Siso

Nos primeiros momentos de pós-operatório, quando ainda na clínica ou após escassas horas, o paciente ainda estará sob o efeito da anestesia e não sentirá dor alguma. No entanto, é recomendado administrar um analgésico prescrito pelo dentista passadas algumas horas, para evitar que ocorram dores fortes quando o efeito anestésico passar. Na maioria das vezes, o analgésico prescrito é potente e acaba com a dor de forma eficaz.

Deve ser recomendado ao paciente que se faça acompanhar de alguém que o possa levar para casa, visto que os efeitos da anestesia e da própria cirurgia podem provocar reações no organismo, como fraquezas ou até desmaios.

Para diminuir o sangramento na região operada, o paciente deverá colocar gaze estéril no local e pressionar levemente com a mordida.

Para diminuir o inchaço e a dor, devem ser utilizadas compressas com bolsas de água fria ou até um pano com alguns cubos de gelo, para ajudar a reduzir esses sintomas. A orientação é que as compressas sejam aplicadas em intervalos de meia em meia hora durante o primeiro dia.

No segundo dia de pós-operatório para o dente do siso, o paciente poderá utilizar uma bolsa de água morna ou toalha húmida para tornar a compressa mais agradável.

A recuperação dura aproximadamente 7 dias e é uma etapa que exige o cumprimento rigoroso de todas as recomendações passadas pelo dentista. Entre elas estão cuidados com a higiene oral, repouso e alimentação.

O procedimento estimula a reação inflamatória no local em que o dente foi retirado e resulta numa ferida exposta ao ambiente externo, a qual está sujeita às infeções. Por esse motivo, durante essa fase é fundamental que o paciente siga todos os cuidados recomendados pelo seu dentista, como forma de diminuir os desconfortos que a extração pode provocar, prevenindo possíveis complicações.

Os 3 primeiros dias de pós-operatório são os que exigem maior atenção do paciente. É nesse período em que ocorre a estabilização do coágulo sanguíneo formado no local de onde o siso foi retirado. Por este motivo, o paciente deve ser muito cuidadoso para que nada faça com que esse coágulo se solte, porque é indispensável para uma recuperação mais rápida e sem complicações.

Os outros 4 dias para completar uma semana de pós-operatório costumam ser mais tranquilos, uma vez que o processo de cicatrização já está avançado e os sintomas são mais leves. Passados esses 7 dias, é fundamental que o paciente volte à clínica dentária para que o cirurgião dentista avalie como foi a sua recuperação e para retirar os pontos.

Permanecer com os pontos na boca pode contribuir para o acúmulo de alimentos e, consequentemente, de bactérias que se alimentam desses resíduos. Portanto, esta é uma etapa que deve ser cumprida com rigor para evitar infeções que podem dificultar a cicatrização da região operada e prejudicar inclusive os dentes vizinhos, a cavidade oral e a saúde de forma geral.

Se os pontos utilizados forem do tipo reabsorvível, podem permanecer na boca até desaparecerem sozinhos. Contudo, a visita ao dentista continua a ser necessária para que o profissional avalie se a cicatrização aconteceu corretamente e sem nenhum agravante.

Com a cirurgia de extração de siso o pós-operatório tem um tempo menor que em cirurgias de grande porte ou mais complexas. Mesmo assim, é importante que todos os cuidados durante o pós-operatório sejam respeitados e que as orientações passadas pelo profissional sejam seguidas fielmente.

Apesar de o desconforto ser algo esperado, o normal é que a intensidade dos sintomas seja mais leve. Caso contrário, é um sinal de complicação. Entre os problemas estão inchaço e dores em excesso, infeções e hemorragias.

Para além dos cuidados referenciados, o paciente deve fazer uma boa higienização porque é um dos res mais importantes durante o pós-operatório para o siso. Não é só porque o paciente está com uma ferida e pontos na boca que poderá deixar de fazer a limpeza adequada. Durante esse período é crucial que mantenha a boca bem limpa para evitar focos inflamatórios mais intensos e infeções.

Alguns cuidados nos procedimentos de limpeza oral, nomeadamente:

:: A escovagem deve ser realizada de uma forma suave e a região da cirurgia não deve ser atingida pelo impacto das cerdas para evitar dores fortes ou até o rompimento dos pontos. Se possível, deve ser realizada com uma escova com cerdas ultra macias para facilitar a escovagem. Além disso, deve utilizar o fio dentário.

:: Evitar utilizar bochechadores com álcool durante o pós-operatório, porque isso pode provocar muita ardência na região da ferida. Utilizar sempre a opção de antisséptico recomendada pelo dentista. A aplicação desses produtos é crucial para evitar o acúmulo de bactérias na região onde o siso foi extraído e o desenvolvimento de uma infeção.

O paciente deve tomar cuidado quando os cuspir porque movimentos bruscos podem fazer com que o coágulo que está bloqueando o sangramento e que induzirá a cicatrização se solte e prolongue o período de recuperação.

:: Permanecer em repouso por um período de três dias, após passar por uma cirurgia de extração do siso, é fundamental que o paciente permaneça em repouso por pelo menos por 3 dias, com destaque especial para o primeiro dia. Quando chegar a casa o paciente deve ficar deitado, preferencialmente com dois travesseiros, manter a cabeça elevada evita sangramentos. Durante esse período, não deve fazer esforços nem praticar exercícios físicos, porque isso pode trazer problemas para a cicatrização e provocar complicações.

:: Os banhos quentes e exposições prolongadas ao sol também podem ser prejudiciais e causar hemorragias, portanto, o paciente deve evitá-los por um período de pelo menos 5 dias. Além disso, falar em excesso nos primeiros dias não é recomendado, porque a movimentação demasiada da boca pode prejudicar a recuperação.

:: Evitar tocar na ferida com a mão ou elementos estranhos, uma vez que insere os micróbios na região ferida e aumenta os riscos de infeção. Além disso, mexer no local de forma ríspida e contínua, inclusive com a língua, pode romper os pontos e prejudicar a cicatrização.

:: Tomar a medicação recomendada, antes da cirurgia, o dentista prescreverá alguns medicamentos fundamentais, como analgésicos para amenizar a dor, anti-inflamatórios para reduzir a inflamação e o inchaço, e antibióticos, importantes para prevenir e combater infeções.

No pré-operatório, o paciente deverá começar a fazer o uso de antibiótico, o qual deve ser tomado exatamente na quantidade de dias estabelecidos pelo profissional, assim como nos horários e doses corretas. Esses cuidados com o antibiótico são necessários para um tratamento efetivo e para que infeções resistentes não se instalem no seu organismo.

Além disso, as orientações também são estendidas às outras classes de medicamentos, em que é indispensável o uso nas quantidades correspondentes às que estão na receita. Isso previne intoxicações em caso de doses elevadas ou até mesmo a falta de efeito quando a quantidade utilizada de medicamento for muito baixa.

Se o paciente respeitar a medicação corretamente e mesmo assim não tiver o efeito esperado, deve procurar o dentista para que faça um ajuste das doses ou prescreva outro medicamento mais potente. Nunca deve substituir, alterar a dose ou utilizar outros medicamentos sem a orientação de um profissional.

:: Evitar fumar e beber, o cigarro tem substâncias tóxicas extremamente prejudiciais para o processo de cicatrização na região oral. A nicotina é a principal responsável por afetar esse período e dificultar a cicatrização e, após penetrar na mucosa, aumenta os riscos de inflamação e infeção.

O álcool, é outra substância que prejudica o organismo de maneira geral. Portanto, após a extração, o consumo desses tipos de bebidas deve ser evitado, especialmente pelo facto de estar a utilizar antibióticos, o álcool inibe a ação desses medicamentos, deixando o paciente exposto às infeções.

:: Que alimentação fazer, outra recomendação importante durante o período de pós-operatório para dente do siso diz respeito à dieta que o paciente deve seguir. Nessa fase, é recomendado evitar alimentos quentes e sólidos difíceis de mastigar, porque podem provocar sangramentos, dificultar a cicatrização e até causar o rompimento dos pontos e a exposição da ferida.

Portanto, a dieta deverá ser baseada em alimentos gelados ou frios de consistência líquida a pastosa. Entre os exemplos estão:

  • gelados;
  • gelatinas;
  • iogurtes;
  • pudins;
  • sumos e vitaminas;
  • puré de batatas frio;
  • sopas e caldos frios.

No pós-cirurgia oral/ siso é fundamental cuidar da hidratação. O paciente deve beber pelo menos 2 litros de água por dia para restabelecer o equilíbrio do organismo. Contudo o paciente não deve utilizar palhinhas para beber a água porque a força exercida pode fazer com que o coágulo se solte.

Para evitar que surjam complicações no período de pós-operatório para o siso, os cuidados devem iniciar-se antes mesmo que o procedimento seja realizado. Assim, os exames que antecedem a cirurgia são indispensáveis, especialmente a radiografia panorâmica, que fornece ao dentista uma visão completa sobre a posição dos sisos de cada paciente e possibilita o planeamento para realizar o procedimento com maior precisão e segurança.
Respeitar a prescrição e seguir todas as recomendações do médico-dentista.

 

13. Procedimentos e apoio do Assistente de Medicina Dentária (AMD) ao Dentista em Cirurgia Oral

Para que o médico-dentista realize o seu trabalho de forma eficiente, o contributo do Auxiliar de Medicina Dentária é fundamental.

Vejamos como deve estruturar o seu trabalho e intervir quer em termos de posicionamento no gabinete, quer em termos de disponibilização dos materiais e equipamentos que o médico-dentista necessite no decorrer do ato clínico.

  • Higienização do gabinete clínico, o Auxiliar de Medicina Dentária, deve começar por higienizar o gabinete onde vai ser realizada a intervenção, respeitando o protocolo definido pela clínica.
  • Disponibilizar o material e respetivos equipamentos, estando atento à anamnese do paciente para saber antecipadamente que tipo de intervenção poderá vir a ser realizada.
  • Apoiar durante o ato clínico, quando iniciar a intervenção do médico-dentista, o Auxiliar de Medicina Dentária deve estar atento a todos os passos realizados pelo dentista, estando do lado oposto na cadeira, por forma a poder visualizar a intervenção e apoiar quer na aspiração quer na disponibilização do material que seja solicitado pelo dentista.
  • Limpeza do gabinete após o ato clínico, após a realização do ato clínico o Assistente de Medicina Dentária, deve proceder à arrumação do material utilizado e respetiva limpeza.
  • Desinfeção e esterilização dos equipamentos utilizados, estes procedimentos poderão ser somente realizados no final do dia, tudo depende da dinâmica da clínica onde trabalhar.

A formação e experiência do Auxiliar de Medicina Dentária levam a que muitas vezes a comunicação verbal entre o dentista e o AMD seja muito reduzida uma vez que este consegue antecipadamente saber quais são os materiais e equipamentos que o dentista vai necessitar no decorrer da intervenção.

 

14. Implantologia

A implantologia é a área da Medicina Dentária que se concentra na implantação, de forma definitiva, de dentes artificiais na mandíbula.

A implantologia, apesar de não ser considerada uma especialidade de acordo com a Ordem dos Médicos Dentistas, é uma área clínica muito específica, complexa e evoluída. Muitos médicos-dentistas optam por se dedicar exclusivamente à sua investigação e aos tratamentos com implantes dentários.

As recentes evoluções tecnológicas têm levado a que a integração de implantes seja cada vez mais previsível, natural e confortável para os pacientes.
Por este motivo, tornaram-se na solução ideal para devolver sorrisos, proporcionar uma melhor saúde oral e elevar a autoestima das pessoas.

A estética do sorriso ganhou uma nova vida e passou a ser possível voltar a comer aquilo que mais se gosta, sem limitações, nem dores.

Os implantes dentários proporcionam uma estabilidade semelhante à dos dentes naturais, fazendo com os dentes artificiais funcionem tal e qual como os naturais.

Os implantes podem também ser utilizados para suportar as próteses totais ou parciais, apresentam-se como uma alternativa muito boa às pontes e dentaduras.

O implante dentário é, portanto, um tratamento dentário que veio solucionar de vez o constrangimento e os problemas funcionais da perda um ou mais dentes, uma vez que no seu lugar, é colocado um “dente” não natural.

O implante é posicionado no osso, tendo uma estrutura muito parecida à de um parafuso comum. Desta forma, este pino serve como a estrutura para a colocação da prótese de resina ou de porcelana.

O implante como o conhecemos hoje, com base em titânio, surgiu nos anos 60, na Suécia, e pelas mãos do professor Per-Ingvar Branemark. Ele percebeu que o titânio possibilitava a osseointegração, o que não acontecia com outros materiais, os quais eram muito suscetíveis à rejeição.
Com o surgimento do implante de titânio, subiu para 95% a taxa de sucesso de um implante dentário. Os 5% dos problemas com o implante surgem por razões de caráter individual, ou pela má higienização, por exemplo.

A partir dos anos 80, as técnicas foram sendo aperfeiçoadas e vários tipos de implantes surgiram.

 

14.1 Quando é indicado aplicar Implantes

A aplicação do implante dentário é indicada em casos de perca de dente ou necessidade de remoção. Pode ocorrer em pessoas que tenham danificado os dentes em acidentes, gengivites ou até mesmo queda por outras razões.

Além disso, em alguns casos, o dente do paciente pode ainda não ter caído, mas precisa ser removido. Sendo assim, o dentista faz a remoção e realiza a colocação do implante dentário.

O implante dentário é indicado fundamentalmente em dois casos:
Quando o paciente perdeu os dentes, independentemente do motivo: se uma pessoa perdeu um ou mais dentes e possui uma estrutura óssea saudável, pode recorrer a um implante dentário. Em pessoas que já utilizam prótese fixa ou ponte, o implante também pode ser indicado.

Quando o paciente tem dentes comprometidos, pelas seguintes razões:

  • Dentes com danos estéticos, como manchas muito escuras;
  • Problemas sérios de mastigação;
  • Dentes com raízes prejudicadas por doenças, como as cáries em estágio avançado ou periodontite;
  • Correção de dentes posicionados de forma inadequada, não corrigível por aparelho ortodôntico.

Para a intervenção que visa a colocação de um ou mais implantes, ou seja, realizar um ato cirúrgico na boca, é essencial que o implantologista se certifique que o paciente esteja com a saúde oral em dia para que possa passar pelo procedimento cirúrgico. Para isso, o dentista fará uma análise geral da boca e da arcada dentária, incluindo a execução de raios-x, tomografia computadorizada em diversos ângulos e fotos.

 

14.2 Tipos de Intervenções e Tipos de Implantes

A fixação do implante pode ser feita de duas formas:

  • TRADICIONAL, realizada por uma incisão na gengiva, o que permite ao profissional visualizar o osso. Assim que for feita a implantação, é feita a sutura.
  • GUIADA, desta forma, o implante é aplicado através de uma guia cirúrgica projetada por tomografia computadorizada. A inserção é feita por um pequeno furo na gengiva, sem a necessidade de incisões.

O implante guiado é, atualmente, o mais utilizado por ser menos doloroso para o paciente, e a recuperação é mais rápida.

Os implantes dentários podem ser de vários tipos. A modalidade escolhida pelo profissional irá depender de cada caso. Vejamos sumariamente os diferentes tipos de implantes e situações:

:: Implante unitário, é indicado para casos de implante em apenas um dente. Este é o tipo de procedimento mais realizado atualmente. Neste caso, realiza-se a colocação da estrutura de titânio por meio de uma cirurgia. Após cerca de três meses, a prótese definitiva é aparafusada ou cimentada na estrutura de titânio. Este período é chamado de osseointegração.

:: Dois implantes para três dentes, o procedimento de realização do implante dentário para três dentes é parecido com o implante unitário. Este caso é indicado para pessoas que precisam repor três dentes. Funciona da seguinte maneira: o dentista analisa a estrutura da gengiva e do osso do paciente como no implante unitário. A única diferença é que, ao invés de fazer três implantes, fará apenas dois. Assim, após o procedimento, é colocada uma ponte de porcelana que cobre os três dentes.

 :: Overdenture, no implante dentário denominado overdenture, são colocadas duas estruturas de titânio. Sobre as duas estruturas é localizada uma espécie de dentadura, a qual é chamada de prótese total. A grande vantagem desta modalidade é justamente o custo/benefício, sendo muito mais barato do que fazer um implante de todos os dentes.

:: Todos os dentes em 4 implantes, chamada comumente de “All-on-4”, esta modalidade é indicada em casos de pacientes sem nenhum dente. Nesta modalidade, são colocados quatro implantes, a partir dos quais será estruturada uma prótese completa de todos os dentes de uma arcada. Na maioria dos casos, a prótese é feita com 12 dentes e aparafusada aos implantes que são colocados no paciente. Neste caso, a grande vantagem é que o resultado fica mais natural e deixa a mastigação muito mais estável.

 :: Todos os dentes em seis implantes, esta modalidade de implante dentário é muito parecida à anterior, porém, conta com seis implantes para estruturar todos os dentes.

:: Implantes Zigomáticos, este tipo de implante é indicado em casos de pacientes com atrofia alveolar maxilar. Nestes casos, o implante é localizado na região do osso da maçã do rosto. A alternativa é interessante e representa mais autoestima, facilidade de mastigação e melhoria estética do paciente.

14.3 Modelos de Implantes

Além dos diversos tipos de colocação dos implantes, podem ser diferenciados de acordo com o material e formato em que são produzidos. vejamos os modelos mais utilizados.

:: Implante Curto
O implante curto diferencia-se dos convencionais elas suas reduzidas dimensões. É indicado em casos em que o paciente tem défice de massa óssea, mas não se quer submeter ao procedimento de enxerto ósseo. Apesar de seu tamanho reduzido, o nível de estabilidade do implante curto é similar ao do modelo convencional.

:: Implante em Titânio
O titânio puro é o material mais utilizado para a confeção de implantes dentários. O componente é altamente resistente à corrosão e bastante sólido em temperatura ambiente. Além disso, é extremamente leve, tem cor branca metálica e é biocompatível com o organismo, o que minimiza a possibilidade de rejeições.

:: Implante de Cerâmica
A aplicação deste material para a confeção de implantes ainda é recente, portanto, não são tão utilizados como as opções de titânio. No entanto, a cerâmica já é utilizada no tratamento dentário devido às suas vantagens, como a coloração muito semelhante à cor dos dentes naturais.
Além disso, ela é bastante resistente às forças da mastigação, oferece muito conforto, não apresenta níveis de toxicidade e não sofre com oxidação ou corrosão.

:: Implante Nanotecnológico
O implante dentário com uso de nanotecnologia é uma das maiores inovações na área da medicina dentária. Por meio de partículas criadas com biologia molecular e informática, esse tipo de implante conta com uma cicatrização mais eficiente e uma melhor fixação óssea.
O método é bastante utilizado em casos mais críticos, em que são necessários resultados imediatos, reduzindo o tempo para a colocação da coroa dentária.

 

15. Procedimentos para a Colocação de Implantes

Para a implementação de um ou mais implantes dentários na boca de um paciente o médicodentista, deve respeitar uma espécie de protocolo, que considera as seguintes fases:

  • Fase de Preparação
  • Fase Cirúrgica
  • Fase de Reabertura
  • Fase de Colocação das Próteses

15.1 Fase de Preparação

É uma das mais importantes na cirurgia de implante dentário e consiste no planeamento prévio por parte do dentista.
Nessa fase, o paciente passa por uma avaliação. O dentista pode solicitar exames gerais de saúde (como, por exemplo, hemograma, coagulograma, glicemia), para se certificar de que a pessoa está preparada para a intervenção cirúrgica.

A colocação do implante é feita após uma avaliação da quantidade de osso na região a ser reabilitada, afinal, é necessária a certificação de que existe osso suficiente para sustentar o implante. Esta avaliação é feita através de radiografias convencionais e tomografia computadorizada para identificar qual o modelo e o tamanho ideal do implante.

Antes da realização da cirurgia, é necessário que o paciente tome alguns cuidados, conforme as solicitações do dentista.

 

 15.2 Fase Cirúrgica

A cirurgia acontece em ambiente com fluxo controlado de pessoas, com o uso de instrumentos técnicos esterilizados, que garantem toda a segurança do paciente. Esta fase é considerada uma cirurgia de pequeno a médio porte. Utiliza-se uma anestesia local para que o paciente não sinta incómodo ou dor durante o procedimento.

O ato clínico específico para a colocação de um implante deve respeitar as seguintes etapas:

  • Incisão da gengiva, após o paciente estar devidamente anestesiado com a anestesia local, o dentista fará uma pequena incisão na gengiva. O corte é feito exatamente no local do implante para que o cirurgião possa ter acesso ao leito ósseo do paciente.
  • Perfuração do osso, assim que o cirurgião tiver um bom acesso ao leito ósseo, ele irá fazer a perfuração do osso com uma pequena broca. O procedimento é totalmente indolor, visto que o paciente está anestesiado.
  • Colocação do implante e da tampa de proteção, assim que o dentista perfurar o osso, o implante de titânio é colocado na cavidade e coberto com uma tampa de proteção.
  • Sutura, por fim, o cirurgião fará a sutura, ou seja, dará pontos na região da gengiva.

O procedimento dura entre 15 a 30 minutos.

 

15.3 Fase da Reabertura

Esta fase é mais simples que a fase cirúrgica e equivale a uma segunda cirurgia menos agressiva que a primeira. Ela ocorre de três a seis meses após a primeira etapa. O tempo entre a primeira e segunda fase depende da resposta fisiológica do paciente e da marca do implante usado.

Esse procedimento tem por objetivo reabrir caminho para que os implantes possam receber as próteses dentárias em breve.
A cicatrização é previsível, tranquila e os riscos são menores do que na fase anterior. Desse modo, trata-se de uma cicatrização gengival, importante para o sucesso estético na colocação das próteses.

 

15.4 Fase de Colocação das Próteses

Após uma boa cicatrização, as próteses são confecionadas e colocadas no implante dentário do paciente. O processo pode depender de duas ou três sessões para ser executado, não havendo risco para o paciente. Caso a pessoa sinta dores ou algum desconforto nessa fase do implante, ela deve comunicar o acontecido imediatamente ao dentista.

É importante lembrar que os implantes dentários são confiáveis, práticos e é muito difícil de ser perdido após sua colocação. Inclusive, a funcionalidade das próteses vai além da estética, pois ajudam também na saúde oral.

 

16. Instrumentos utilizados em Implantologia

No dia a dia do consultório, o implantologista depara-se com perfis diferentes de pacientes. Cada caso tem as suas singularidades e apresenta um grau de dificuldade, que exige a adequação da técnica às necessidades de cada pessoa.

Para além dos instrumentos referenciados para a cirurgia oral, o implantologista necessita de ter à sua disposição um conjunto de instrumentos cirúrgicos específicos e um Assistente de Medicina Dentária (AMD), com bom conhecimento sobre eles, para que durante o ato cirúrgico não ocorram imprevistos.

Para alcançar bons resultados, o implantologista dispõe de diferentes materiais. Vamos descrever os mais utilizados.

:: Kit Cirúrgico de Implante
É composto pelos materiais essenciais que o implantologista utilizará sempre. Podemos dizer que são a base para o seu trabalho, porque sem eles não é possível realizar os procedimentos. O kit é composto por:

  • Brocas cirúrgicas;
  • Prolongador de broca;
  • Chaves de instalação;
  • Chave de catraca;
  • Intermediários de instalação;
  • Paralelómetro.

:: Kit Protético
Trata-se de um conjunto de chaves utilizado para confecionar as próteses. Para tornar o trabalho do especialista mais simplificado, algumas marcas disponibilizam uma única chave em formato hexagonal.

:: Kit de Compactação Óssea
Este conjunto instrumental é utilizado nos casos em que o paciente apresenta pouca disponibilidade óssea na arcada superior posterior. A função do material é compactar o osso para cima, aumentando a sua altura, para que seja possível instalar implantes de maior comprimento.

:: Kit de Expansão Óssea
Este kit é utilizado em cirurgias mais avançadas e, geralmente, adotado por cirurgiões experientes. A sua indicação é para os casos em que há pouca espessura óssea, então, em vez de retirar osso com a broca, utiliza-se o expansor para compactar o osso lateralmente. Assim, haverá maior espessura para fazer a instalação do implante.

:: Fresa Lança
É utilizada para a marcação do local onde será instalado o implante promovendo o rompimento da cortical óssea facilitando a inserção de outras fresas.

:: Fresa Helicoidal
É utilizada para aprofundar e direcionar a perfuração no tecido ósseo de acordo com o planeamento realizado pelo profissional.

:: Fresa Piloto
É utilizada na sequência cirúrgica após a fresa helicoidal e antes de cada fresa cónica para atenuar o aquecimento ósseo.

:: Fresa Cónica
É utilizada para aprofundar e direcionar a perfuração no tecido ósseo de acordo com o planeamento realizado pelo profissional.

:: Macho de Rosca
Tem a finalidade da formação de roscas em osso de alta densidade, é utilizado após a utilização da última fresa indicada para instalação do implante e por consequência diminui o torque final de instalação dos implantes dentários nesta densidade óssea.

:: Medidor Transmucoso
Tem a finalidade de auxiliar na seleção do componente protético. O medidor é encaixado no implante instalado para verificação da altura do transmucoso.

:: Indicador de Direção
Tem a finalidade de auxiliar na correta perfuração do alvéolo cirúrgico.

:: Chave/Fixador
A finalidade é possibilitar a realização da instalação de implantes dentários e componentes protéticos, através do auxílio no procedimento cirúrgico.

:: Sonda de Profundidade
Tem a finalidade de auxiliar na correta perfuração do alvéolo cirúrgico.

:: Torquímetro
Tem a finalidade de possibilitar a realização da instalação de implantes dentários e componentes protéticos, através do auxílio no procedimento cirúrgico.
Uma vez esterilizados, os instrumentais deverão ser manuseados apenas em ambiente estéril por profissionais devidamente paramentados e em trajes adequados ao momento da cirurgia para instalação de implantes.

 

17. Procedimentos e apoio do Assistente de Medicina Dentária (AMD) ao Dentista na colocação de implantes

Para que o médico-dentista realize o seu trabalho de forma eficiente, o contributo do Auxiliar de Medicina Dentária (AMD) é fundamental.

Vejamos como deve estruturar o seu trabalho e intervir quer em termos de posicionamento no gabinete quer em termos disponibilização dos materiais e equipamentos que o médico-dentista necessite no decorrer do ato clínico.

  • Higienização do gabinete clínico, o Auxiliar de Medicina Dentária, deve começar por higienizar o gabinete onde vai ser realizada a intervenção, respeitando o protocolo definido pela clínica.
  • Disponibilizar o material e respetivos equipamentos, estando atento à anamnese do paciente para saber antecipadamente que tipo de intervenção poderá vir a ser realizada.
  • Apoiar durante o ato clínico, quando iniciar a intervenção do médico-dentista, o Auxiliar de Medicina Dentária deve estar atento a todos os passos realizados pelo dentista, estando do lado oposto na cadeira, por forma a poder visualizar a intervenção e apoiar quer na aspiração quer na disponibilização do material que seja solicitado pelo dentista.
  • Limpeza do gabinete após o ato clínico, após a realização do ato clínico o Assistente de Medicina Dentária, deve proceder à arrumação do material utilizado e respetiva limpeza.
  • Desinfeção e esterilização dos equipamentos utilizados, estes procedimentos poderão ser somente realizados no final do dia, tudo depende da dinâmica da clínica onde trabalhar.

A formação e experiência do Auxiliar de Medicina Dentária levam a que muitas vezes a comunicação verbal entre o dentista e o AMD seja muito reduzida uma vez que este consegue antecipadamente saber quais são os materiais e equipamentos que o dentista vai necessitar no decorrer da intervenção.