Como eleger um presidente

1. Conhecer o eleitorado

Quantos votos para ter sucesso?

Tendo em linha de conta o método de Hondt, utilizado em Portugal nas eleições legislativas e para os órgãos autárquicos, nem sempre uma vitória nas urnas resulta na assunção do poder.

Nas eleições legislativas de 2015, a coligação PSD-PP (PaF) obteve 36,86% dos votos e o Partido Socialista 32,31%, porém, quem passou a governar o país?  Foi o Partido Socialista.

Situações semelhantes à referenciada anteriormente ocorreram já em vários casos a nível autárquico, em que quem obtém mais votos não é necessariamente quem assume tranquilamente a governação.

Cabe então perguntar quantos votos são necessários para ter sucesso?

O estudo dos resultados obtidos em eleições anteriores com ajuda de um simulador do método de Hondt pode ser um primeiro passo para compreender o eleitorado e, posteriormente, poderá servir para estudar possíveis cenários de resultados eleitorais.

Se não tem simulador, consulte o sítio www.ipom.pt onde está disponível um gratuito, simples e intuitivo.

Após saber quantos votos necessitamos para poder exercer o cargo sem depender de terceiras forças políticas, é altura de procurar conhecer o eleitorado.

A melhor forma de conhecer o eleitorado é, sem dúvida, contactá-lo diretamente.

Mas aceite um conselho, se a sua freguesia ou autarquia tiver uma certa dimensão, procure ajuda. Aprenda, desde já, a delegar.

Existem em Portugal boas empresas, acreditadas pela ERC, para o ajudar nas famosas sondagens de opinião.

A informação recolhida por empresas profissionais pode ter um carácter mais qualitativo se recolhida através de entrevistas de profundidade ou das conhecidas dinâmicas de grupo. Por outro lado, podemos recolher informação com um carácter mais quantitativo, neste caso, recorrendo às sondagens.

A informação qualitativa servirá para lhe dar pistas e ideias para ir ao encontro dos problemas com que os eleitores se deparam.

A informação quantitativa, servirá para avaliar a perceção dos eleitores quer em relação a propostas políticas que queira apresentar, avaliar a concorrência ou conhecer as suas hipóteses de sucesso eleitoral.

Se não for candidato a uma super autarquia, fique-se pelas sondagens, elas dar-lhe-ão resposta à maior parte das suas questões.

As sondagens são credíveis?

Não tenha dúvidas; as suas metodologias e técnicas já foram muito testadas e, em Portugal, existem bons profissionais, contudo, deve sempre e por esta ordem:

  1. Definir qual a informação necessária: não se esqueça que uma sondagem pode recolher quase todo tipo de informação que você gostaria de saber, porém, a forma como são feitas as questões é muito importante. Dispense alguma da sua atenção na construção de uma boa entrevista de questionário. Siga esta regra de ouro: questionários curtos são fundamentais para recolher informação com qualidade.
  2. Escolher como vai ser recolhida a informação: o método mais utilizado e ainda com um bom grau de confiabilidade, apesar de todas as críticas, continua a ser a entrevista telefónica.
  3. Certificar-se que a amostra recolhida será representativa do eleitorado ao qual se pretende candidatar.

Quanto ao número de entrevistas a realizar, gostava apenas de lhe dizer que, por vezes, amostras grandes são contraproducentes e que entre 500 a 1000 entrevistas podem ser suficientes. Mas se quer saber qual a dimensão adequada para o seu caso, em função do erro e confiança na informação a recolher, utilize o algoritmo que o sítio do IPOM lhe disponibiliza gratuitamente em www.ipom.pt

Não se esqueça, as sondagens são um bom instrumento para conhecer o eleitorado mas não são o único!

Estamos na era digital e plataformas colaborativas tipo Google Analitics, Facebook, Instagram ou outros do género poderão constituir-se como uma peça essencial para conhecer o seu eleitorado.

Um último conselho: você, candidato, é o melhor analista eleitoral.

 

2. Potencializar o Candidato

As qualidades e atributos de um candidato ou, pelo menos, as que são percepcionadas pelo eleitorado constituem o que normalmente se designa por imagem pública do candidato.

Cabe perguntar então, será possível modificar a imagem pública de um candidato durante uma campanha eleitoral?

Diremos que sim, porém, temos de admitir que nem sempre é fácil ou possível.

Urge, então, conhecer as qualidades e atributos do candidato, ou seja, os seus pontos fortes, para que possam ser potencializados, assim como neutralizar ou compensar os pontos fracos.

Atributos e competências como: honesto, inteligente, trabalhador, simpático e experiente, constituirão para qualquer cidadão o candidato ideal, no entanto, nos tempos que correm, já poucos eleitores valorizam ou acreditam em candidatos ideais. Contudo se o nosso candidato for detentor desses atributos ou competências devemos potencializá-las ao longo da campanha.

Em detrimento deste tipo de pontos fortes absolutos, importa cada vez mais saber identificar pontos fortes relativos, ou seja, pontos fortes em que o nosso candidato é melhor que os seus adversários.

Para conhecer estes pontos fortes relativos, as sondagens de opinião e os estudos qualitativos podem ser fundamentais.

Nas eleições autárquicas de 2013, para a Câmara do Porto, o candidato Rui Moreira procurou destacar os seus pontos fortes relativamente ao candidato Luís Filipe Menezes. Rui Moreira apresentou-se como um candidato responsável, sério, genuíno e apartidário, por outras palavras, sem filiações políticas.

Importa, também, compreender como determinados pontos fortes ou fracos são percepcionados pelo eleitorado. Voltando ao caso do Porto nas eleições de 2013, o eleitorado valorizou menos a experiência autárquica de Luís Filipe Menezes que a genuína dedicação ao Porto manifestada por Rui Moreira ou o mesmo o seu sentido de responsabilidade.

Um candidato que apresente pontos fortes, muito provavelmente, apresentará também pontos fracos. Importa, relativamente a estes, referir que encobrir os pontos fracos não é a melhor solução, uma vez que os concorrentes devem fazer um exercício semelhante e o seu objetivo será divulgar ao máximo os pontos fracos do candidato opositor.

Relativamente aos pontos fortes e pontos fracos relativos do candidato, é crucial saber até que ponto vai a aceitação e tolerância do eleitorado; não nos podemos esquecer da velha máxima “o eleitorado quando gosta até perdoa os defeitos, mas quando não ama nem as virtudes tolera”.

Por esta razão, devemos ter em conta que uma campanha nem sempre decorre com a racionalidade de um matemático.

Na potencialização de um candidato, é fundamental hierarquizar e destacar os pontos fortes relativos e neutralizar ou compensar os seus pontos fracos. Para que a potencialização do nosso candidato tenha sucesso, devemos também, promover e destacar os pontos débeis dos adversários e contornar ou neutralizar os pontos fortes.

O “problema” é que em democracia os concorrentes também vão a jogo e vão tentar fazer exatamente a mesma coisa.

Para superar da melhor forma, todos estes problemas, há que ter sempre pronto uma espécie de plano de crise, ou de contingência, para saber exatamente qual o comportamento a adotar sempre que surja o pior cenário.

Ricardo Rio, em Braga, quando lhe apontavam que era um candidato perdedor uma vez que tinha perdido duas vezes a eleição face a Mesquita Machado, respondeu “a minha determinação e amor pelo bem-estar dos Bracarenses levar-me-ão a ir à luta as vezes que forem necessárias”. Transformou, assim, um ponto fraco num ponto forte, nomeadamente, em determinação e persistência.

Tal como um sonoplasta, que destaca as virtudes da voz e reduz ou elimina o ruído, na potencialização do candidato devem ser destacados os seus pontos fortes e suavizar ou neutralizar os pontos fracos. Mas atenção, da mesma forma que um sonoplasta não pode descaracterizar a voz do artista, tal também não deve ser feito em relação a um candidato.

 

3. Conceber a mensagem

A mensagem é a componente estratégica mais importante de uma campanha eleitoral. O que o candidato ou partido dizem, com ou sem argumentação, com ou sem imagem, são o coração da sua proposta eleitoral.

A mensagem constitui-se, então, como o elemento fundamental para os leitores definirem o seu voto.

A escolha dos temas e a posterior construção de mensagens atrativas deve respeitar três princípios fundamentais:

  • Devem estar em sintonia com a identidade do partido pelo qual o candidato se apresenta;
  • Devem ser concebidos sobre os pontos fortes do candidato, permitindo a sua potencialização;
  • Devem coincidir com os interesses dos eleitores.

Quando se selecionam os temas da uma campanha respeitando os princípios referenciados, a mensagem será diferenciada porque respeitará a matriz do partido ao qual pertence o candidato, irá ao encontro dos pontos fortes do candidato o que lhe garantirá legitimidade e credibilidade e, em última instância, será convincente e persuasiva por ir ao encontro do eleitorado.

Numa campanha eleitoral, a mensagem principal é como a ponta de uma flecha, é através dela que se pode atingir o eleitorado com eficácia.

Para que a mensagem principal seja eficaz deve respeitar os seguintes princípios na sua fundamentação:

  • Escolher argumentos simples e pouco complexos;
  • Recorrer a poucos argumentos, mas poderosos;

Importa ter presente que mais vale um argumento excelente e simples que dez argumentos bons e complexos.

No desenho do processo de comunicação de uma campanha eleitoral, deve ser dada toda a atenção à mensagem principal. Recorrendo, novamente, à metáfora da flecha – deve ser dada uma atenção especial à ponta da mesma.

A mensagem principal deve integrar um conceito primordial único, simples e compreensível que vá integrando, sucessivamente, conceitos e mensagens mais completos e complexos, mantendo a coerência entre si, respeitando a linha ideológica do partido e os pontos fortes do candidato.

A escolha da mensagem principal é a decisão mais importante que o candidato tem que tomar na definição da sua estratégia de campanha e na seleção do tipo de mensagem a veicular.

A mensagem principal deve condensar em uma única ideia a melhor vantagem comparativa que o candidato ofereça face à restante concorrência.

Por todas as razões a mensagem principal deve ter uma qualificação muito alta em todas as dimensões, deve portanto:

  • Promover os valores e metas a que o candidato se propõem;
  • Ser diferenciadora;
  • Projetar o ou os principais pontos fortes do candidato;
  • Plasmar as linhas ideológicas do partido que apoia o candidato;
  • Refletir as exigências essenciais do eleitorado;

A mensagem principal deve ser uma ideia poderosa que anda no coração e paira na cabeça dos eleitores. Quanto melhor o candidato e a sua equipa a descodificarem e comunicarem mais facilmente se atinge o sucesso eleitoral.

A mensagem principal, normalmente, dá origem ao slogan da campanha que, por sua vez, se apoia em dois ou três temas centrais, suportados em argumentos e propostas complementares apoiadas no programa de governação apresentado pelo candidato.

O slogan da campanha é a mensagem principal dita de maneira eufónica, com impacto e apresentada de uma maneira publicitária. Para que um slogan seja efetivo deve ser curto e poderoso e deve dizer o essencial com emoção.

O slogan não deve ser, simplesmente, uma frase atrativa, ou uma combinação de palavras de uso frequente em política. Um bom slogan pode ter resultados muito poderosos.

Quem é que não se lembra do famoso “Yes, we can!” De Barack Obama em 2008.

Em suma, o slogan deve ser ímpar, expressar a mensagem principal com clareza, força e emoção e instigar esperança no eleitorado.

 

4. Meios de comunicação

A comunicação do candidato deve recorrer a suportes pagos e não pagos.

Através dos suportes pagos, o candidato comunica diretamente com os eleitores, uma vez que o material é produzido e divulgado sobre a orientação dele e da sua estrutura. Com o advento da comunicação digital, estes têm vindo a ganhar terreno. A principal desvantagem deste tipo de suportes é que têm que ser pagos.

Os suportes não pagos, em princípio, não são controláveis pelo candidato, uma vez que falamos dos media independentes, que se pautam pela independência editorial e liberdade dos seus jornalistas. Possuem uma boa capacidade de massificar e gozam de elevada credibilidade. O seu principal inconveniente é que não são controlados pelo candidato. Nas últimas décadas, têm tido uma relevância primordial em todas as eleições que se têm realizado em Portugal.

De entre os meios de comunicação pagos, a internet tem vindo a ganhar exponencialmente espaço na comunicação política.

No mundo da internet, o direct-mail foi dos meios que mais cedo se manifestou e tem sido extremamente utilizado com eficácia, uma vez que permite selecionar e segmentar os eleitores, permite um contacto frequente e metódico, possibilita a personalização da mensagem e não necessita de grandes recursos financeiros nem humanos para ser produzido e divulgado.

O Facebook tem vindo a ganhar rapidamente o estatuto de meio de comunicação por excelência no mundo da internet. Ao permitir compartilhar, criar grupos, interagir com outras redes e colocar publicidade, este meio torna-se fundamental para comunicar o candidato e a sua mensagem.

No mundo digital, e tendo em conta a internet mobile, o Twitter tem vindo a conquistar uma posição relevante não só para comunicar com os media, mas para comunicar com os leitores. A mensagem deve ser comunicada até 140 caracteres e, por esta razão, é muito rápido e direto. A mensagem deve estruturar-se por Trending Topics.

O Youtube é o canal de excelência de disponibilização e partilha de vídeos. O seu layout é simples e objetivo e, independentemente da mensagem que se pretenda divulgar, se uma imagem vale por mil palavras, um vídeo pode valer mais. Através do vídeo o candidato não só divulga, como pode educar os eleitores.

Fora do mundo da comunicação digital, destacaremos três meios, por razões diferentes entre si.

A TV continua, ainda, a ser o meio ao qual qualquer candidato anseia poder chegar, fundamentalmente pela sua capacidade massificadora e de credibilidade.

Uma boa presença na TV, como de resto nos outros meios de comunicação não pagos, exige uma preparação adequada e com apoio de profissionais. O candidato deve evitar gravatas garridas, braceletes e outros objetos que façam “ruído”. Para ter sucesso na TV, o candidato deve dar respostas curtas e diretas, privar-se de argumentos longos, evitar gestos bruscos e expansivos e adotar uma postura de conversa informal, como se estivesse na sala com o telespectador.

O candidato deve prestar muita atenção aos famosos “sound bites”. São simples de recordar e frequentemente partilhados pelos jornalistas e bloggers. Todavia, apesar destes serem poderosos para comunicar em TV, se o candidato não for experiente e tiver bastante à vontade para falar em público, os “sound bites” podem ser a morte do artista.

Outdoors e cartazes são, ainda, dos meios mais utilizados. São bastante semelhantes, variam nas dimensões e, embora estejam a perder espaço, nas eleições autárquicas constituem-se como peça fundamental, uma vez que permitem fixar a imagem do candidato e passar o slogan de campanha. São meios relativamente caros.

Faixas, panos, bonés, sacos de plástico, autocolantes, entre outros – nestes materiais consta apenas o nome ou o slogan do candidato. Se integrar outra mensagem, esta deve ser curta.

Este material é produzido em função do eleitorado que se pretende atingir e dos locais onde vai ser distribuído ou colocado. Nas eleições autárquicas, estes meios de comunicação são muito significativos.

 

5. Comunicar o Candidato

Numa campanha eleitoral, elaborar uma estratégia de comunicação e posteriormente segui-la e respeitá-la é fundamental, assim o candidato não transmitirá a ideia que se anda “ao sabor da maré”.

O sucesso de uma comunicação eficaz do candidato passa por uma combinação entre comunicação paga e não paga, isto porque os dois modos de difusão são complementares.

A promoção da complementaridade dos dois modos de comunicar pode fazer-se de várias maneiras, vejamos alguns casos.

Na campanha do referendo sobre a regionalização, o Partido Popular recorreu a vários cartazes, entre os quais, um que colocava uma bandeira nacional rasgada em 8 partes e outros que falavam de corrupção e dívida vezes 8. O cartaz serviu como suporte a uma mensagem emotiva e as reações na comunicação social não se fizeram esperar resultando na massificação de uma mensagem, cujo objetivo nunca teria sido conseguido só pela capacidade do suporte em si.

A partir de 2004, o recurso ao email e ao SMS foi crescendo exponencialmente em Portugal e, atualmente, não há um único candidato autárquico que não os utilize. Embora a sua utilização se tenha massificado, a eficácia da mesma tem vindo a decrescer. Estes meios são muito poderosos se forem orientados por forma a veicularem a ideia de que são personalizados e, para isso, é necessário um trabalho profissional.

A redação do direct-mail passa por um discurso simples e o mais pessoal possível. O texto não deve ser longo nem ter uma mancha carregada, deve ter parágrafos pequenos e um tipo de letra não agressivo.

A aposta dos candidatos e partidos em mindblogging ou nos seus próprios blogues teve um crescimento exponencial dos últimos anos. Os blogues tornaram-se uma fonte de notícia.

Um blogue deve ter um caráter descritivo e informativo, partilhando a opinião de diferentes eleitores independentes, mas favoráveis à candidatura. E quanto maior notoriedade, visibilidade e credibilidade tiverem os seus participantes, melhor.

A partir das eleições legislativas de 2009, por força da eleição de Barack Obama em 2008, passou a ser moda orientar a comunicação política em função das redes sociais.

A forma como decorreram as últimas eleições presidenciais, farão com que nas futuras eleições autárquicas qualquer candidato tenha que ter a sua campanha na rede. Há quem diga que candidato que não esteja na rede não é candidato, porém se somos o que colocamos na rede, temos que ter cuidado com os seus labirintos.

Curiosamente, Marcelo Rebelo de Sousa foi o único candidato que não teve página própria no Facebook.

Para ter sucesso na comunicação digital, o candidato necessita de uma equipa que conheça e tenha experiência a comunicar com as diferentes aplicações, (Facebook, Youtube, Twitter, Instagram, Flickr, WhatsApp…) mas, fundamentalmente, deve procurar conhecer as seguintes características dos eleitores para quem quer comunicar:

  • Quem são os eleitores e como podemos agrupá-los ou segmentá-los;
  • O que pensam os eleitores sobre as temáticas a abordar;
  • O que querem os eleitores.

O sucesso comunicacional integrando Facebook, Twitter, YouTube e WhatsApp, permite um relacionamento especial com os eleitores. Neste tipo de comunicação que muitos apelidam de inbound marketing, o candidato deve saber conversar, gerar conteúdo, atrair, relacionar, envolver e inspirar o eleitor.

O fundamental é saber gerar conteúdos relevantes para cativar e informar o eleitor. Este estilo de comunicação consiste em melhorar a mensagem e a forma de a comunicar e não em correr atrás do eleitor. Bons conteúdos e boa estratégia de inbound fazem o eleitor ter vontade de vir ter com as propostas do candidato.

A campanha de Barack Obama criou esta metodologia. O IPOM analisou a sua estratégia e método e desenvolveu uma aplicação que o poderá ajudar muito a este respeito.

Consulte o sítio www.ipom.pt

 

6. Comunicar o candidato nas redes sociais

O efeito da internet nas campanhas presidenciais de Barack Obama em 2008 e 2012, e em algumas campanhas políticas que ocorreram em Portugal nos últimos anos, levaram a que nenhum candidato à presidência de uma autarquia possa ignorar este poderoso meio de comunicação.

Para ter sucesso numa campanha autárquica promovida na internet é fundamental não cometer erros.

É frequente cometer o erro de preparar uma campanha de marketing político digital, decalcando as linhas de uma campanha tradicional. Este erro deve ser evitado, porque a campanha não funcionará.

Outro erro frequente é inundar a página oficial do Facebook com posts, de maior ou menor carga emotiva e pessoal, esquecendo que sem uma estratégia de complementaridade de meios ou canais e respetivos conteúdos, ter gostos no Facebook, pode ter muito pouco efeito na tomada de decisão do eleitor.

A Internet tem regras próprias, na web o processo de convencimento é muito mais subtil e elaborado que no processo de comunicação tradicional. É necessário promover a interatividade, estimulando o envolvimento com o eleitor, levando a que o nosso candidato seja percecionado com diferenças significativas em relação aos outros candidatos.

Blogs, Twitter, Facebook e email são reconhecidamente canais que permitem interação entre as pessoas, como tal, uma campanha nas redes sociais deve considerar obrigatoriamente a sua complementaridade.

Para que uma campanha política na internet tenha sucesso é fundamental conquistar o interesse do eleitor, em vez de “comprar” a sua atenção ou interação com promessas veiculadas em posts divulgados indiscriminadamente no facebook ou outro canal anteriormente referido.

O inbound marketing é uma metodologia que visa ajudar a captar a atenção do eleitor através da divulgação de conteúdos do seu interesse, melhorando a estrutura do sítio e a sua divulgação no Google ou outros motores de pesquisa. Quando trabalhado com seriedade e comprometimento, o inbound marketing torna-se um forte aliado na construção da credibilidade do candidato.

Uma estratégia de inbound marketing considera três tipos de usuários:

  • Visitantes (todos os eleitores e potenciais visitantes do site do candidato);
  • Leads (eleitores/visitantes registados na base de dados do candidato);
  • Potenciais votantes no candidato.

Visitantes
Numa campanha eleitoral na internet é fundamental captar a atenção do eleitor (potencial visitante), através das redes sociais (Blogs, Twitter, Facebook e email), para que oriente a sua atenção e interesse para o sítio do candidato. Neste processo é fundamental conceber conteúdos atrativos e úteis para a vida do eleitor. Os conteúdos devem refletir as causas defendidas pelo candidato (ex. Marcelo Rebelo de Sousa orientou a comunicação para os afetos, a sua principal causa na primeira campanha).

Leads
Depois de captar a atenção do eleitor, é fundamental levá-lo a disponibilizar os seus dados pessoais e, se possível, “seduzi-lo” a partilhar os nossos conteúdos nos seus canais de comunicação digital. Na posse dos dados pessoais, o candidato deve enviar para os Leads (eleitores visitantes) informação útil para a sua vida diária, informação essa que se enquadre com as estratégias e propostas do candidato, ajudando o eleitor a fundamentar as suas opiniões.

Potenciais votantes
Aos eleitores que disponibilizam a sua informação e manifestaram interesse nas propostas do candidato é necessário trabalhar a sua fidelização, convertendo-os em potenciais votantes. Devemos enviar informação, ou seja, conteúdos, que levem o eleitor a concluir que o nosso candidato é a sua melhor opção política.

Aparecer nos primeiros lugares de uma pesquisa no Google pode ser o elemento fundamental para o sucesso de uma campanha.

Uma estratégia de SEO (Search Engine Optimization) no marketing político digital consiste em orientar a comunicação para potencializar o público-alvo, ou seja, visa conseguir a melhor colocação possível no Google e restantes canais de pesquisa, para a mensagem do candidato, desde o seu nome até aos temas relacionados com as suas áreas de atuação.

Uma boa estratégia de SEO será como a cereja no topo do bolo para uma campanha de marketing político.

Para saber mais consulte o sítio www.ipom.pt e www.ena.pt.

 

7. A arte de liderar uma campanha eleitoral

Numa campanha eleitoral, existem atividades que só o candidato pode fazer e outras que podem e devem ser delegadas à equipa que integra a sua campanha eleitoral.

Se for candidato, concentre-se no primeiro grupo e acompanhe as atividades do segundo grupo. A condição de candidato e líder da campanha não deve ser delegada a ninguém.

Vejamos quais são as funções ou atividades que devem ser desempenhadas pelo candidato e líder da campanha e quais são as funções que devem ser delegadas a outras pessoas, para que o candidato possa coordenar e dirigir a campanha.

Na árdua tarefa de conceber, planear e implementar uma campanha eleitoral, o elemento principal é o candidato. Em linguagem empresarial, diríamos que este seria o produto ou serviço principal. Nesta base comparativa, o candidato não poderá ser o gerente, coordenador ou mesmo diretor desta empresa que designamos campanha. Não poderá assumir nenhuma destas funções porque é o elemento insubstituível e fundamental da empresa, que deve ser considerado como fundamental por todos os colaboradores na campanha para que seja o mais desejado pelo eleitor. Nesta perspetiva, o candidato deve estar sempre muito bem apresentado, atraente e disponível.

Uma vez que o candidato não deve assumir a coordenação ou direção de campanha, deverá então profissionaliza-la e, nesse sentido, em função da dimensão da mesma e tal como numa empresa, deverá arranjar um Coordenador ou Diretor Geral, para além de um Diretor de Marketing, Financeiro, de Logística ou mesmo Jurídico.

O sucesso de uma campanha passa, em grande parte, por encontrar pessoas-chave, de confiança e de competência comprovada em cada uma das áreas referidas. Depois de escolher a sua equipa, o candidato deverá deixá-la trabalhar para o seu sucesso, sem interferências que possam provocar turbulência, porém sempre atento, ou seja, liderando.

Como um bom líder, o candidato com apoio do Coordenador (que será a primeira pessoa a selecionar), deverá organizar a campanha com base numa estrutura leve montada num organograma que aposte numa linha mais horizontal que vertical.

É fundamental selecionar um bom Coordenador ou Diretor Geral, pois será com ele que o candidato irá definir a estratégia da campanha, o tom e o ritmo de trabalho, assim como selecionar o Diretor Financeiro, o Diretor Jurídico, o Diretor de Logística e Mobilização e o Diretor de Marketing e Comunicação.

Numa campanha moderna, o candidato deve então assumir para si duas funções fundamentais: a de candidato e a de líder.

Como líder e principal responsável pela campanha e pelos seus resultados, deve saber delegar funções de execução e liderar todas as funções de coordenação.

Um bom líder depois de selecionar a sua equipa, deve estimulá-la adequadamente para promover e incentivar a criatividade e potencializar a produtividade.

Um bom líder não deve forçar ambientes com metas e objetivos pouco realistas, uma vez que estes podem ser catastróficos para a campanha. Um bom líder deve criar empatia, promover espírito positivo e ser altamente inspirador, fatores fundamentais para levar a que toda a equipa lute por conquistar uma alta performance e a vitória final.

Um candidato e líder de campanha nunca se poderá esquecer que liderar uma campanha é, antes de mais, liderar pessoas e, como tal, deve reservar parte da carga afetiva para a equipa de campanha, pois estas pessoas serão as grandes responsáveis por conseguir transformar o candidato num grande vencedor.