Periodontologia

Índice

1 – Periodontologia e Anatomia do Periodonto

1.1 – Breve História da Periodontologia

1.2 – Anatomia do pPeriodonto

2 – O Diagnóstico em Periodontologia

2.1 – História Clínica

2.2 – Observação

2.3 – Sondagem Periapical Manual

2.4 – Sondagem Periapical Digital

2.5 – Mobilidade Dentária

2.6 – Exames Imagiológicos/Radiológicos

3 – Patologia Periodontal

4 – Tratamento da Doença Periodontal

4.1 – Prevenção e Educação

4.2 – Destartarização

4.3 – Destartarização com Ultrassom

4.4 – Cirurgias Periodontais

4.5 – Manutenção

5 – Instrumentos para Destartarização

5.1 – Fase 1: Exame Inicial e Diagnóstico

5.2 – Fase 2: Remoção de Cálculos Dentários Supragengival e Subgengival

6 – Procedimentos e Apoio do Assistente de Medicina Dentária (AMD) ao Dentista em Periodontologia

 

1. Periodontologia e Anatomia do Periodonto

Periodontologia é a especialidade da Medicina Dentária que trata dos tecidos do periodonto, ou seja, dos tecidos que dão sustentação aos dentes.

A palavra Periodontologia resulta de duas palavras latinasPeri” que significa à volta de e “Odontos” que significa dentes, logo Periodonto significa à volta do dente e Periodontologia estudo e tratamento em volta do dente.

A intervenção em Periodontologia visa prevenir, diagnosticar e tratar problemas e doenças que atingem a gengiva, o ligamento periodontal e o osso alveolar.

Depois, na segunda metade do século XIX, ocorreram três acontecimentos no campo das ciências da saúde que tiveram grande impacto ao nível da intervenção em Periodontologia, nomeadamente:

  • A descoberta da anestesia;
  • A teoria das doenças causadas por microrganismos;
  • A descoberta dos raios X.

Ainda no século XIX, devemos considerar como marco histórico o trabalho do médico-dentista, John Riggs (1811-1885), principal autoridade dos Estados Unidos da América sobre a doença periodontal e respetivo tratamento, considerado por muitos como o primeiro especialista em Periodontia porque, já naquela época, limitava a sua prática a este campo específico.

No século XX, a área prosperou na Europa Central com dois grandes centros de qualidade superior, nomeadamente Viena e Berlim.

Em Portugal a Ordem dos Médicos DentistasOMD, considera a Periodontologia uma especialidade, tendo sido criado um colégio próprio com regulamentos específicos, com o número n.º 155/2021.

Segundo a OMD, a doença periodontal é a sexta patologia mais prevalente no mundo e afeta cerca de 50% da população mundial, desses, 10 a 15% têm situações de periodontite severa.

A doença periodontal é uma infeção causada por bactérias que afetam os tecidos que rodeiam os dentes, caracteriza-se pela formação de um espaço indesejável entre a gengiva e o dente, designado de bolsa periodontal, a qual favorece o acúmulo de resíduos alimentares e bactérias.

A doença periodontal é a principal causadora da perda de dentes em adultos.

Para uma melhor compreensão da doença periodontal, propomos um estudo sobre a anatomia do periodonto.

 

1.2 Anatomia do Periodonto

O periodonto é constituído pelas estruturas que circundam o dente, sendo dividido em:

  • Periodonto de Proteção (gengiva e mucosa alveolar);
  • Periodonto de Sustentação (ligamento periodontal, cemento e osso alveolar).

A principal função do periodonto consiste por um lado em inserir o dente no tecido ósseo dos maxilares e por outro lado, ajuda a manter a integridade da superfície da mucosa mastigatória da cavidade oral.

Periodonto de Proteção ou Suporte, integra a gengiva e a mucosa alveolar.

Vejamos sumariamente cada um deles.

:: A Gengiva
A gengiva representa a parte da mucosa mastigatória que cobre o processo alveolar e circunda a porção cervical dos dentes. A sua forma e textura definitivas ocorrem em associação com a erupção dos dentes. Em direção à coroa, termina na margem gengival livre e, em sentido apical, estabelece a continuidade à mucosa alveolar.

:: A Mucosa Alveolar
A mucosa alveolar é mole e de coloração mais escura. A mucosa alveolar encontra-se apicalmente na junção ou linha mucogengival. Esta linha é, geralmente, uma delimitação facilmente reconhecida entre a mucosa alveolar e a gengiva inserida. Porque apresenta uma ligação mole com o osso alveolar subjacente, deixando transparecer uma mobilidade bem característica.

 

Periodonto de Sustentação, é constituído pelo ligamento periodontal, cemento e osso alveolar.

Vejamos sumariamente cada um deles.

:: Ligamento Periodontal

O ligamento periodontal é constituído por um tecido muito vascularizado que se encontra em volta das raízes dos dentes, unindo-as ao osso alveolar pelo cemento radicular. Está separado da gengiva pelos feixes de fibras colágenas que conectam a crista do osso alveolar com a raiz.

O espaço do ligamento periodontal tem a forma de ampulheta, sendo, a princípio, mais estreito ao nível do terço médio da raiz.

:: Cemento Radicular
O cemento radicular é um tecido calcificado e especializado que recobre as superfícies radiculares dos dentes. Integra as fibras do ligamento periodontal da raiz e contribui para o processo de tratamento após danos à superfície radicular.

:: Osso Alveolar
O osso alveolar compreende a porção da maxila e da mandíbula que forma e dá suporte aos alvéolos dos dentes. Desenvolve-se em associação com o desenvolvimento e erupção dos elementos dentais, sendo, aliás, gradativamente reabsorvido quando estes são perdidos.

O Periodonto de Sustentação constitui o aparelho de inserção dos dentes. O seu papel reside em distribuir e absorver as forças geradas pela mastigação ou outros contactos dentários.

 

2. O Diagnóstico em Periodontologia

2.1 História Clínica

A anamnese é o processo que consiste em recolher o conjunto de informações que fazem parte da história clínica do paciente até ao momento do exame, incluindo as histórias médica e história dentária, a queixa principal ou o motivo da consulta atual, e a evolução da doença atual.

A história clínica divide-se em 3 secções:

  • Dados pessoais;
  • Anamnese geral;
  • Anamnese interligada com fatores de risco periodontais.

A recolha de dados para a anamnese deve ser sistemática e organizada com uma determinada finalidade, no entanto, o resultado tem de ser simples e organizado de forma a proporcionar uma explicação coerente do problema existente.

Através de uma ficha digital bem preenchida e elaborada com todos os dados relevantes do paciente é possível perceber a sua condição de saúde sistémica, até às mais ínfimas particularidades clínicas que irão ditar as necessidades do tratamento e a visão do respetivo prognóstico.

2.2 Observação

O diagnóstico deve ser realizado baseado no exame visual das gengivas e no exame clínico periodontal por meio do periograma.

A observação contempla o aspeto clínico das gengivas em relação à coloração, consistência, textura e presença/ausência de sangramento.

Pode ser utilizado um instrumento denominado de sonda milimetrada periodontal para avaliar o sulco gengival (saudável) ou a bolsa periodontal. É o único método clínico preciso para detetar e medir as bolsas periodontais.

2.3 Sondagem Periapical

O processo de sondagem periodontal é a metodologia que nos permite avaliar os tecidos periodontais. Portanto, é muito importante escolher uma sonda que permita uma avaliação ideal em que dentistas e pacientes se possam sentir confortáveis e obter os melhores resultados possíveis.

Para realizar a sondagem periapical devemos utilizar a sonda periodontal que deve ser inserida paralelamente ao eixo vertical do dente ao redor da superfície de cada dente e a penetração da sonda pode variar de acordo com a força de introdução, calibre e o grau de inflamação tecidual. A introdução da sonda na bolsa periodontal deve ser delicada evitando causar desconforto e dor ao paciente.

É obrigatório examinarmos os sítios de todos os dentes à procura da bolsa periodontal.
Devem-se realizar 6 medidas à volta do dente:

  • Mésio-vestibular;
  • Vestibular (no centro);
  • Disto-vestibular;
  • Mésio-palatina;
  • Palatina (no centro);
  • Disto-palatina.

As áreas de furca dos dentes multirradiculares exigem atenção especial durante a sondagem clínica periodontal.

Antes de realizar a sondagem é necessário compreender os parâmetros clínicos periodontais (avaliados em mm) e o significado de cada um deles para o diagnóstico clínico da doença periodontal.

Vejamos sumariamente cada um deles:
:: Sangramento Gengival, significa que há inflamação gengival ao realizar a sondagem circundando o sulco gengival ou a bolsa periodontal.
:: A ausência de sangramento pode indicar saúde gengival.  pode haver exceções. Fumadores com periodontite podem não apresentar sangramento gengival à sondagem.
:: Recessão ou Retração Gengival (RG), indica a distância da junção amelocementária até a margem gengival.
:: Profundidade de Sondagem (PS), indica a distância da margem gengival até a base da bolsa periodontal ou sulco gengival.
:: Nível Clínico de Inserção (NIC), indica a distância entre a base da bolsa (sulco) e um ponto fixo (JCE – junção amelocementária). Avalia a extensão da perda de inserção periodontal em mm. É o melhor indicador do grau de destruição periodontal.

A Perda de Inserção Periodontal é a medida do NIC que representa a destruição acumulada dos tecidos periodontais. A soma da NG + PS indica se o paciente tem doença periodontal ou não.

2.4 Sondagem Periodontal Digital

Ocasionalmente, sondas periodontais manuais podem levar-nos a cometer erros porque não podemos ver exatamente o que está a acontecer na boca do paciente. As sondas periodontais digitais em comparação com as manuais podem ajudar-nos no dia a dia porque:

  • A tecnologia é focada e aplicada apenas ao diagnóstico e monitoramento do tratamento periodontal;
  • A reprodução audiovisual dos resultados do exame, permite ter uma exploração mais abrangente e completa da boca do paciente. Além disso, permite explicar ao paciente com mais clareza qual é o seu problema, sendo capaz de o visualizar;
  • Os resultados são transmitidos automaticamente para o arquivo do paciente, sem a necessidade de procedimentos intermediários, permitindo assim uma grande economia de tempo;
  • Podemos ter o histórico médico de um paciente com o qual podemos ver facilmente a sua evolução, tanto gráfica quanto numericamente;
  • Os resultados são sempre precisos, reproduzíveis e não dependem de fatores como a troca de médicos ou a força exercida;
  • Permite medir indicadores como profundidade da bolsa, sangramento, localização da placa, dentes ausentes e impactados, implantes e coroas, hiperplasia, adesão gengival, etc.

2.5 Mobilidade Dentária

A doença periodontal provoca a reabsorção do osso alveolar que envolve o dente e também a destruição do ligamento periodontal. Esta destruição, causada por bactérias, é gradual, lenta e indolor e, em consequência, leva ao aumento progressivo da mobilidade dentária, que já não poderá ser considerada fisiológica. Há necessidade de tratamento, que consiste inicialmente na raspagem da placa bacteriana que adere à superfície radicular. Em casos extremos, nos quais a doença se encontra em níveis muito avançados, não é possível manter o dente, sendo indicada a extração.

A mobilidade pode ser classificada em diferentes graus:

  • Grau 0: anquilose;
  • Grau 1: movimento horizontal de 0,2 a 1 mm;
  • Grau 2: movimento maior que 1 mm no sentido horizontal;
  • Grau 3: mobilidade nos sentidos horizontal e vertical.

2.6 Exames Imagiológicos/ Radiológicos

Os exames radiográficos têm um papel fundamental na avaliação de condições periodontais, são suplementares ao processo diagnóstico.

São indicados quando se verificarem características que confirmem um histórico positivo de periodontite após a sondagem e na presença de evidência clínica de doença periodontal como por exemplo mobilidade dentária, tratamento periodontal anterior, etc.

O exame radiográfico é necessário para classificar a periodontite quanto ao grau de acordo com a atual Classificação das Doenças Periodontais.

O dentista deve avaliar o paciente com doença periodontal e determinar a frequência ideal de exames radiográficos.
Todas as áreas afetadas devem ser radiografadas no começo da terapia periodontal para ajudar no diagnóstico e permitir o planeamento do tratamento.

A duração da atividade da doença deve ditar a frequência de exames radiográficos subsequentes.

As radiografias orais (periapical do paralelismo e interproximal) são as mais indicadas para visualizar os dentes e o osso alveolar circundante, por serem ricas em detalhes e mostrarem bem as estruturas delicadas, como lâmina dura e espaço do ligamento periodontal. Porém, são limitadas na área de abrangência por conta do tamanho do recetor (filme/sensor digital), necessitando, muitas vezes, de um levantamento completo da boca de um paciente, que consiste em 14 a 16 radiografias periapicais, juntamente com quatro radiografias interproximais.

Além disso, possuem outras limitações quando o assunto é a avaliação periodontal, sendo algumas inerentes a qualquer técnica radiográfica e outras relacionadas a necessidade do exame clínico minucioso prévio ao exame complementar e de uma técnica radiográfica bem executada.

Portanto, uma alta qualidade da imagem e uma padronização da técnica radiográfica são fundamentais na avaliação periodontal. Para isso, o recetor de imagem deve ser posicionado de forma paralela ao longo eixo dos dentes ou tão próximo desta posição ideal quanto possível.
O feixe de raios X deverá ser direcionado perpendicularmente ao recetor e ao dente no sentido vertical e paralelo às faces proximais no sentido horizontal.

Vejamos alguns indicativos que nos podem indicar se a radiografia foi bem executada para avaliar a relação dos dentes com o processo alveolar:

  • Houver ausência de sobreposição dos contactos próximos entre as coroas;
  • As raízes de dentes adjacentes não estiverem sobrepostas;
  • Houver sobreposição das cúspides vestibulares e linguais em dentes posteriores, sem mostrar a face oclusal.

 

3. Patologia Periodontal

As doenças gengivais podem ser induzidas ou não induzidas pela placa dentária.
Nas doenças induzidas, ocorre inflamação na gengiva marginal resultante de bactérias, não tendo perda de inserção, podem ser modificadas por fatores sistémicos.

As não induzidas, apresentam características de inflamação, mas não são causadas pela placa dental e são de origem bacteriana específica, virótica, fúngica, genética, doenças sistémicas e de lesões traumáticas.

Vejamos os principais tipos de doenças periodontais.

:: Periodontite Crónica
Tem maior prevalência em adultos, cálculo subgengival, associado a bactérias, progressão lenta, modificadas por fatores sistémicos, cigarro e stress emocional. Classificada em função da severidade e localização.

:: Severidade, relacionada com a perda de inserção clínica, pode ser:

  • Leve: 1 a 2 mm;
  • Moderada: 3 a 4 mm;
  • Severa: > ou = 5 mm.

:: Localização, em função do número de dentes atingidos:

  • Localizada: < 30% dos dentes;
  • Generalizada: > 30%.

:: Periodontite Agressiva
Caráter genético, rápida progressão, pacientes clinicamente saudáveis, rápida perda de ligamento periodontal e destruição óssea.

:: Periodontite Necrosante
Neste tipo destacamos:

  • Gengivite Ulcerativa Necrosante (GUN): presente no Periodonto de Proteção.
  • Periodontite Ulcerativa Necrosante (PUN): perda óssea e envolvimento do Periodonto de Sustentação, doença aguda, paciente tem mudanças no hábito de vida; stress, má alimentação, tabagismo, necrose da papila interproximal, sangramento, dor, gosto metálico e comprometimento sistémico.

:: Abcessos Periodontais
Neste tipo destacamos:

  • Abcesso Gengival: infeção purulenta na gengiva marginal e papilar, sem alterações no RX.
  • Abcesso Periodontal: infeção aguda localizada dentro dos tecidos adjacentes à bolsa periodontal pode levar a destruição do ligamento periodontal (LP) e do osso alveolar com alterações do RX.
  • Abcesso Pericoronariano: infeção aguda localizada na intimidade dos tecidos que rodeiam um dente parcialmente irrompido.

 

4. Tratamento da Doença Periodontal

4.1 Prevenção e Educação

Os sinais e sintomas da periodontite podem ser tratados, restabelecendo a saúde ao periodonto. Contudo é muito diferente da gengivite, na qual basta a remoção da placa bacteriana para que a doença seja reversível e sem sequelas. Na periodontite, a destruição dos tecidos de suporte do dente provoca sequelas e cicatrizes.

Sabe-se também que uma vez diagnosticada e tratada a periodontite, não impede a sua recidiva, isto é, o reaparecimento da periodontite. Nesses casos, é necessária uma terapia de suporte e acompanhamento à periodontite.

A Academia Americana de Periodontologia afirma que até 30% da população podem ser geneticamente suscetíveis à periodontite. E aqueles que são geneticamente predispostos têm seis vezes maior probabilidade de desenvolverem algum tipo de doença gengival.

Com o tratamento adequado e com controle de placa e biofilme, a maioria das pessoas que apresentam a periodontite pode manter os dentes durante toda vida.

Pacientes que têm consultas regulares e visitas de manutenção podem prevenir ou minimizar a recorrência da periodontite.

Se alguém na família tem doença gengival, pode significar uma maior propensão para também ter. Se um paciente é mais suscetível à periodontite, deve consultar um periodontista para exames e limpezas.

A prevenção da periodontite tem início em casa, mantendo hábitos saudáveis através de uma escovagem eficiente e adequada, higienização dos dentes, das gengivas, da língua e das bochechas.

O uso do fio dentário é muito importante para a limpeza de bactérias e restos alimentares entre os dentes, onde a escova não consegue chegar. As limpezas e profilaxias com o profissional devem ser mantidas rotineiramente.

Vejamos algumas alterações de saúde e estilo de vida que contribuirão para diminuir o risco, a gravidade e a velocidade de desenvolvimento de doença periodontal incluem:

  • Escovar os dentes durante dois minutos, pelo menos duas vezes ao dia (idealmente, uma ao acordar e outra ao deitar, mas se possível também após as refeições);
  • Se possível, utilizar uma escova de dentes elétrica;
  • Escolher uma pasta de dentes para controle do tártaro com flúor;
  • Usar fio dentário, pelo menos uma vez por dia;
  • Utilizar diariamente um antisséptico oral para ajudar a eliminar as bactérias que causam a placa bacteriana;
  • Consultar o dentista com regularidade;
  • Realizar um tratamento com flúor, para prevenir o crescimento de bactérias da placa bacteriana e a acumulação de tártaro nos dentes;
  • Parar de fumar, o tabagismo é um fator de risco significativo para o desenvolvimento da periodontite. Fumadores são sete vezes mais propensos a ter doença gengival do que não fumadores, e fumar pode reduzir as chances de sucesso de alguns tratamentos.
  • Reduzir o stress, o stress pode tornar difícil a ação do sistema imunológico no combate de infeções.
  • Manter uma dieta bem equilibrada, a nutrição adequada ajuda a combater a infeção do sistema imunológico. Comer alimentos com propriedades antioxidantes, que contenham vitamina E (óleos vegetais, nozes, vegetais de folhas verdes, etc.) ou vitamina C (frutas cítricas, brócolos, batatas, etc.) pode ajudar no processo de reparo do corpo.
  • Evitar apertar e ranger os dentes, são ações que colocam força excessiva sobre os tecidos de suporte dos dentes e podem aumentar a taxa de tecidos destruídos.

 

4.2 Destartarização Manual

Por se tratar de uma placa calcificada aderida ao dente, o tártaro só pode ser removido por um dentista ou higienista oral qualificados, já que a higienização tradicional não é capaz de limpar a região e é necessário o auxílio de alguns instrumentos dentários para a sua remoção.

Embora pareça ser um procedimento simples, dependendo da quantidade de placa acumulada, às vezes uma sessão não é suficiente e o paciente necessita marcar mais do que uma consulta para que o tratamento seja finalizado.

Para as pessoas que utilizam aparelho ortodôntico, o processo de remoção é muito semelhante, mas é exigido um pouco mais de esforço por parte do paciente no que diz respeito à higiene oral.

Convém, contudo, destacar que há uma pequena diferença entre a remoção do tártaro supragengival que pode ser facilmente retirado com curetas e/ou ultrassom, relativamente ao tártaro subgengival, que muitas vezes, requer uma técnica mais apurada para ser removido abaixo da gengiva.

A destartarização pode ser feita manualmente com o auxílio de instrumentos específicos ou com vibração ultrassónica.

A destartarização é um método de tratamento da doença periodontal usado quando as bolsas são maiores do que 2 mm.  Permite remover a placa e o tártaro ou cálculos dentários que estão abaixo da linha da gengiva.

Utilizando instrumentos próprios, o dentista ou higienista oral removem a placa e tártaro de toda a profundidade de cada bolsa periodontal. As superfícies da raiz do dente são, então, alisadas ou planificadas. Este procedimento permite que o tecido gengival cicatrize e também dificulta o acúmulo de placa sobre as superfícies radiculares. Quando persistem bolsas maiores do que 2 mm após o tratamento, medidas adicionais podem ser necessárias.

A destartarização periodontal e o alisamento do dente e da raiz retira o material que causa a atividade bacteriana, permitindo que a gengiva cicatrize e retorne à sua posição normal.

 

4.3 Destartarização com Ultrassom

A limpeza nos dentes com ultrassom ou destartarização com ultrassom consiste nas ondas emitidas em alta frequência pelo aparelho, que ao entrarem em contacto com as placas, fazem com que elas se quebrem.

A destartarização com ultrassom é tida como um processo relativamente simples de ser realizado. O ultrassom entra como um aliado à destartarização dentária, tornando o processo de limpeza muito mais ágil, rápido e eficaz.

Os instrumentos ultrassónicos foram introduzidos na medicina dentária por Balamuth em 1952, mas foram utilizados apenas em determinados casos, como em preparos cavitários. Pouco tempo depois, em 1955, Zinner introduziu o equipamento na Periodontia, para destartarização dentária, e foi um sucesso.

Atualmente, a destartarização com ultrassom é a instrumentação escolhida para o destartarização inicial e para a terapia de controle e manutenção.
Nesse sentido, a destartarização com ultrassom é indicada para qualquer paciente que sofra com patologias como tártaro e gengivite.

A destartarização subgengival com ultrassom ocorre quando há a remoção do tártaro localizado abaixo da linha da gengiva. Nesse caso, a eliminação integral pode ser um pouco difícil, então é recomendado o uso de curetas para preservar a gengiva do paciente.
Além dela, há também a destartarização supragengival, que ocorre quando é retirado o tártaro localizado acima da linha da gengiva. Nesse caso, o procedimento de destartarização supragengival com ultrassom pode ser a melhor escolha.

Nem todos os pacientes se podem submeter à destartarização com ultrassom. Por exemplo, pessoas que utilizam pacemaker não podem, porque a ferramenta pode acabar alterando o ritmo do aparelho.

A limpeza dentária ultrassónica auxiliada por jato de bicarbonato de sódio pode melhorar os resultados, porque o jato é lançado com alta velocidade em direção aos dentes e, portanto, pode atingir os locais mais profundos e difíceis entre os dentes e as gengivas.

Para completar a destartarização com ultrassom dos dentes, o especialista adiciona Flúor ao procedimento e assim todas as estruturas da cavidade oral ficam protegidas do tártaro comum.

A limpeza ultrassónica dos dentes tem muitos benefícios para o paciente, como por exemplo:

  • Resultados eficazes e seguros, a vibração e a alta pressão do feixe de bicarbonato podem atingir todas as áreas da boca e assim proporcionar resultados benéficos e eficazes para o paciente.
  • Durabilidade do instrumento, a limpeza ultrassónica aumenta muito a durabilidade do aparelho porque não se desgasta.
  • Processo mecânico/automático, este tipo de limpeza elimina o processo manual e, portanto, é muito rápido e eficiente.

 

4.4 Cirurgias Periodontais

A cirurgia periodontal é necessária quando a periodontite ou a gengivite já estão em estágios mais avançados. Isso porque ela visa expor a raiz dos dentes para facilitar o processo de raspagem de remoção de tártaro.

O objetivo de uma intervenção cirúrgica deve ser o de reduzir a bolsa periodontal, obtendo acesso direto à superfície radicular, o que permite a remoção dos cálculos subgengivais e a correção de defeitos ósseos ou de tecidos moles que possam prejudicar a manutenção da saúde periodontal.

Destacam-se entre as várias técnicas cirúrgicas disponíveis que podem ser adotadas, as seguintes:

:: Retalho Gengival
Se as bolsas periodontais tiverem mais de 5 milímetros de profundidade, o periodontista realizará este procedimento para as reduzir. A maioria dos pacientes diagnosticados com periodontite moderada a severa passa por este procedimento. O periodontista corta o tecido gengival para o separar do dente, faz uma limpeza geral, com o uso de um aparelho ultrassónico e manualmente, e remove o tártaro, a placa e a película abaixo das bolsas.

 :: Gengivectomia
Este procedimento é realizado para remover o excesso de tecido gengival e proporcionar uma melhor limpeza dos dentes. Antes de cortar e eliminar o excesso de tecido, o periodontista anestesia a gengiva.

 :: Gengivoplastia
Este tipo de cirurgia é usado para remodelar o tecido gengival saudável ao redor dos dentes e melhorar sua aparência. Se a pessoa apresentar recessão gengival (afastamento da gengiva do dente), pode realizar-se uma gengivoplastia. Pode também fazer-se um enxerto, retirando-se tecido do palato e cosendo-o no local da recessão.

O tempo de recuperação do pós-operatório de uma cirurgia periodontal varia de pessoa para pessoa. Os resultados estéticos serão, sem dúvida, excelentes mas haverá pacientes que vão demorar mais que outros na sua recuperação, se bem que sem qualquer desconforto oral.

Após a cirurgia, é importante o periodontista explicar como limpar os dentes e gengiva usando uma escova macia e uma pasta dentífrica com antimicrobiano e flúor, bochechador antibacteriano e fio dentário.

 

 4.5 Manutenção

O tratamento de manutenção ou de suporte periodontal inicia-se após se ter estabelecido o controlo da doença periodontal. Esta fase do tratamento tem como objetivo a prevenção da recorrência da doença e consistirá num exame clínico periodontal (e radiográfico) que permitirá aferir a atual situação clínica.

Nas consultas de manutenção serão também realizados procedimentos de eliminação de placa bacteriana e tártaro. Por se tratar de uma doença de etiologia bacteriana, nestas consultas de manutenção são avaliados os hábitos de higiene oral e, sendo necessário, reforçadas as instruções e ajustadas as técnicas de higiene oral.

É também fundamental atualizar a história clínica, uma vez que algumas patologias sistémicas poderão influenciar a saúde periodontal.

A periodontite não tem cura, mas é uma doença crónica controlável. A manutenção correta da higiene oral é o primeiro passo e, por isso, o paciente deve dar muita atenção à escovagem.

 

5. Instrumentos para Destartarização

Os instrumentos em Periodontia devem seguir uma série de requisitos para cumprir as suas funções da maneira desejada. Os instrumentos periodontais devem ser delicados e, ao mesmo tempo, rígidos. Devem também ser fáceis de afiar, porque, após o uso, a ferramenta sofre desgaste e fica arredondada.

Os instrumentos utilizados em Periodontia podem ser compostos de:
:: Cabo
É responsável por proporcionar uma boa firmeza e confortável para que o profissional trabalhe adequadamente. Deste modo, pode contar com textura estriada ou lisa.

 :: Haste
Esta parte da ferramenta fica entre o cabo e a extremidade ativa, a sua principal característica é o seu comprimento, que varia de acordo com a função específica da ferramenta. Em casos de instrumentos que visem o acesso aos dentes posteriores, é indicado que a haste seja longa e mais angulada. Em casos de instrumentos que visem o acesso aos dentes anteriores, a haste deve ser mais curta e menos angulada.

 :: Extremidade Ativa
Parte da ferramenta utilizada para realizar o procedimento, a sua ponta pode ser simples ou dupla.

Os instrumentos periodontais, ajudam na realização do exame clínico, essencial para a primeira abordagem do dentista ou higienista oral, sobre a saúde oral do paciente. São fundamentais para realizar a destartarização supra e subgengival.

Todos os instrumentos de Periodontia são utilizados na superfície da raiz e coroa do dente a fim de remover o cálculo aderente à superfície do dente, eliminando assim a infeção e promovendo a cicatrização dos tecidos periodontais.

A doença periodontal tem, como se sabe, várias fases. Permitindo a sua progressão a partir das fases iniciais, o resultado é a perda de dentes ou edentulismo parcial ou total, com muitas consequências negativas para os pacientes.

A utilização de instrumentos para a destartarização depende da fase em que estejamos a realizar a destartarização, vejamos os instrumentos a utilizar em cada uma das fases.

 

5.1 Fase 1: Exame Inicial e Diagnóstico

Nesta primeira fase, o objetivo é determinar o estado periodontal do paciente. Os instrumentos utilizados nesta fase serão os seguintes:

:: Sondas Periodontais
São instrumentos de exploração e permitem conhecer o grau de avanço dos danos nos tecidos periodontais, graças à sua parte ativa milimétrica.
Na triagem inicial, as sondas periodontais fornecem as informações necessárias para fazer um periodontograma. Esta ferramenta é um gráfico em que a profundidade do sulco gengival é registada em milímetros, tanto no lado vestibular dos dentes como no lado palatino.

Quais são as sondas periodontais mais frequentes?

  • Sonda North Carolina: esta sonda é ligeiramente mais grossa, têm sido considerada a mais normalizada, além de ser a mais fácil de utilizar.
  • Sonda Williams: destina-se a medir a profundidade das bolsas periodontais. Esta marcada em milímetros: 1-2-3-5-7-8-9-10.
  • Sonda OMS: caracteriza-se por apresentar uma bola de 0,5 mm de diâmetro na extremidade e uma banda preta indicando dois comprimentos: 3,5 mm no início e 5,5 mm na extremidade distal.
  • Sonda da Nabers: o perfil deste instrumento é útil, devido à sua curvatura, para verificar o espaço entre as raízes dos dentes multirradiculares. A intenção é poder penetrar transversalmente na área, a fim de detetar o grau de lesão furtiva, um conceito que se refere ao osso entre as raízes.

 

:: Exploradores Dentários
Os exploradores dentários, destinam-se ao exame clínico dos dentes e não do periodonto. São utilizados para avaliar a superfície para detetar a presença de cálculos dentários, cáries, fissuras ou recidivas de obturações anteriores.

A numeração atribuída permite-lhe identificar a sua forma e função. Entre as mais utilizadas estão a n.º 23, com ponta afiada ou romba, a n.º 17 e as sondas dentárias 15 e 6A.

A diferença entre exploradores e sondas dentárias reside nas funções para as quais estão reservadas.

Tanto as sondas como os exploradores e os instrumentos de limpeza e polimento dentário são concebidos de metais inertes, que não reagem com as substâncias utilizadas na medicina dentária.

A parte ativa, se for afiada, deve ter um diâmetro final de 0,2 milímetros. Pode também ter uma extremidade arredondada para evitar lesões. As reentrâncias no punho permitem uma aderência segura, a fim de evitar acidentes.

 

5.2 Fase 2: Remoção de Cálculos Dentários Supragengival e Subgengival

Os materiais que passaremos a apresentar foram concebidos para eliminar os depósitos supragengivais ou subgengivais nos dentes.

:: CURETAS DENTÁRIAS
As curetas dentárias são utilizadas para realizar a tartarectomia que permite remover o cálculo dentário subgengival e supragengival. São também úteis para raspar tecidos moles ou cimentos necróticos.
Destacamos os seguintes tipos de curetas dentárias.

:: Curetas Gracey
A angulação da parte ativa com o pescoço determina a função de cada tipo de cureta dentária e pode ser de 60 ou 70 graus. A conceção destes instrumentos torna-os adequados para alcançar as bolsas gengivais de dentes específicos, sejam eles caninos, pré-molares, molares ou incisivos, dependendo do ângulo com o pescoço mais ou menos próximo do pescoço. Por exemplo, as curetas Gracey 5 e 6 são preferencialmente utilizadas sobre os incisivos. Todos eles têm também uma ponta arredondada, mas apenas uma ponta de corte, que se curva para cima e lateralmente.

:: Curetas Universais
A angulação de 90 graus, pode ser usada em todas as superfícies dentárias, e tem duas arestas de corte e uma ponta arredondada. A angulação que fornece permitir-lhe-á alcançar as várias superfícies para remover quantidades moderadas ou grandes de cálculo. Nas curetas universais, a lâmina de corte curva-se apenas para cima.

A utilização frequente destes instrumentos dentários faz com que fiquem rombos. Neste caso, perdem a sua utilidade, pelo que devem afiar-se novamente.

Existem vários tipos de pedra, sintética ou natural, que podem ser utilizados para este procedimento.
A Arkansas é uma pedra natural com uma textura fina, que proporciona tanto o afiamento como o acabamento.

Entre os materiais sintéticos destacamos os de cerâmica, para afiação e acabamento. A pedra da Índia tem uma textura intermédia, é adequada para instrumentos que sejam muito contundentes ou que necessitem de ser retificados.

 

:: Outros Instrumentos utilizados na fase de Remoção do Cálculo Dentário
Podemos destacar outros instrumentos também utilizados para uso manual na destartarização e limpeza, nomeadamente:

:: Foices Dentárias
Têm um desenho de secção transversal triangular e duas bordas de corte, com uma ponta afiada. Por estas razões, não pode ser utilizado para remover o cálculo subgengival, uma vez que prejudicaria a gengiva. A sua utilidade reside na remoção do supragengival.

 :: Limas Dentárias
Têm três objetivos principais: ajudam a remover resíduos de cálculos, a polir restaurações nas superfícies livres dos dentes ao preparar canais radiculares. Contêm um número infinito de arestas de corte, em ângulos variáveis em relação à base.

 

:: Enxadas Dentárias
O corte é afiado e anguloso, e perpendicular ao cabo do instrumento. Têm como objetivo aparar manualmente pequenas porções de tecido dentário, remover cálculos supra e subgengivais e trabalhar na última fase da preparação das cavidades.

:: Cinzéis Dentários
São lâminas retangulares longas com um bisel afiado, duplo ou simples. São fabricados de forma reta ou em ângulo. Os maiores são utilizados para seccionar tecido ósseo, os médios para dentina ou esmalte e para grandes depósitos de cálculo, e os pequenos são para a gengiva.

Nas restantes fases (alisamento e polimento das raízes), são utilizadas seringas de ar e água, curetas, escovas e copos de borracha, tiras de polimento e em raras ocasiões, enxadas.

 

6. Procedimentos e Apoio do Assistente de Medicina Dentária (AMD) ao Dentista em Periodontologia

Para que o médico-dentista realize o seu trabalho de forma eficiente, o contributo do auxiliar de Medicina Dentária é fundamental.

Vejamos como deve estruturar o seu trabalho e intervir quer em termos de posicionamento no gabinete, quer em termos de disponibilização dos materiais e equipamentos que o médico-dentista necessite no decorrer do ato clínico.

  • Higienização do gabinete clínico, o Auxiliar de Medicina Dentária, deve começar por higienizar o gabinete onde vai ser realizada a intervenção, respeitando o protocolo definido pela clínica.
  • Disponibilizar o material e respetivos equipamentos, estando atento à anamnese do paciente para saber antecipadamente que tipo de intervenção poderá vir a ser realizada.
  • Apoiar durante o ato clínico, quando iniciar a intervenção do médico-dentista, o Auxiliar de Medicina Dentária deve estar atento a todos os passos realizados pelo dentista, estando do lado oposto na cadeira, por forma a poder visualizar a intervenção e apoiar quer na aspiração quer na disponibilização do material que seja solicitado pelo dentista.
  • Limpeza do gabinete após o ato clínico, após a realização do ato clínico o Assistente de Medicina Dentária, deve proceder à arrumação do material utilizado e respetiva limpeza.
  • Desinfeção e esterilização dos equipamentos utilizados, estes procedimentos poderão ser somente realizados no final do dia, tudo depende da dinâmica da clínica onde trabalhar.

A formação e experiência do Auxiliar de Medicina Dentária levam a que muitas vezes a comunicação verbal entre o dentista e o AMD seja muito reduzida uma vez que este consegue antecipadamente saber quais são os materiais e equipamentos que o dentista vai necessitar no decorrer da intervenção.