Prostodontia e Técnicas de Prótese Dentária

Índice

1 – Prostodontia

1.1 – Prótese Removível

1.2 – Prótese Acrílica

1.3 – Prótese Esquelética

2 – Técnicas e Materiais para a conceção das Próteses

2.1 – Prova de Cera

2.2 – Prova de Metal

2.3 – Prova de Dentes

2.4 – Entrega e Controlo das Próteses

3 – Prótese Removível sobre Implantes

4 – Recomendações e Cuidados com Próteses Removíveis

5 – Prótese Fixa

5.1 – Principais Tipos de Próteses Fixas

5.2 – Tipo de Material para a confeção das Próteses Fixas

5.3 – Problemas frequentes com Próteses Dentárias Fixas

6 – Procedimentos e apoio do Assistente de Medicina Dentária (AMD) em Prostodontia e Técnicas de Prótese Dentária

 

1. Prostodontia

A Prostodontia é a área da Medicina Dentária responsável pela substituição de dentes perdidos, permitindo criar condições dentárias muito semelhantes à dentição natural e como tal restabelecer a função mastigatória, fonética e estética do paciente.

As próteses são dispositivos acoplados à boca com a finalidade de substituir dentes perdidos. O material utilizado para a sua confeção pode variar entre zircónia, porcelana ou resina, a escolha do material depende do caso e da necessidade do paciente.

Independente do formato e do material, com o avanço da tecnologia, a estética das próteses está cada vez mais próxima à de um dente natural.

São muitas as possibilidades de tratamento que a prostodontia pode oferecer para a restituição de dentes perdidos. Os procedimentos mais frequentes em prostodontia incluem a realização de tratamentos recorrendo a próteses removíveis ou fixas, sobre dentes ou sobre implantes, totais ou parciais.

 

1.1 Prótese Removível

As próteses dentárias removíveis são estruturas produzidas em laboratório que imitam a dentição natural, procurando resolver casos de perda de dentes parcial ou totalmente.

As próteses removíveis podem ser retiradas e colocadas quando o paciente quiser. A remoção pode ser realizada sem a intervenção de um profissional, uma vez que este tipo de próteses assenta apenas sobre as gengivas ou sobre alguns dentes existentes. É por essa razão que pode ser utilizada mesmo nos casos em que existe atrofia e falta de consistência óssea.

Quando ocorre a perda de um ou vários dentes, a funcionalidade das restantes estruturas orais fica comprometida. Assim sendo, ao preencher os espaços vazios, com uma prótese dentária removível o paciente pode obter vários benefícios, tais como:

  • Recuperação da capacidade de mastigar e comer bem;
  • Melhoria da dicção;
  • Diminuição da tensão extra colocada sobre os dentes existentes;
  • Manutenção de uma boa saúde oral;
  • Redução das dores e desconfortos provocados pela falta de dentes;
  • Eliminação de disfunções na mordida;
  • Redução do risco de cáries e doenças orais;
  • Aumento da autoestima e confiança.

Além de melhorarem a funcionalidade e estética da boca, as próteses removíveis têm ainda vários pontos fortes, nomeadamente:

:: Permitem uma limpeza facilitada
À semelhança do que acontece com os dentes naturais, as Próteses Dentárias precisam de ser higienizadas para manter uma boa saúde oral. Podendo remover a estrutura, o processo de limpeza e escovagem é mais fácil e prático. Aliás, é possível até mergulhar a prótese em soluções próprias e realizar uma higienização mais profunda e eficaz.

:: Têm um preço acessível
Entre todas as opções de próteses dentárias, as removíveis são, regra geral, as mais económicas, em especial a curto prazo. Isto acontece porque dispensam procedimentos cirúrgicos para a sua colocação.

:: Trazem um efeito imediato
A colocação de uma prótese removível dispensa grandes etapas de preparação e procedimentos longos. Após a produção da estrutura, basta colocá-la para restabelecer a dentição e conseguir o efeito final que se deseja. Com uma fixa, por exemplo, poderá ter de passar por processos intermédios e pela colocação de Próteses provisórias, até que finalmente seja instalada.

:: Oferecem um aspeto natural
As próteses removíveis hoje em dia podem igualar a tonalidade da gengiva e as características dos dentes existentes, se ainda os houver. Também ocupam cada vez menos espaço na boca, em especial as esqueléticas. Então, é possível ter um efeito o mais natural possível.

:: São feitas à medida
As próteses removíveis são concebidas em laboratório, considerando as necessidades dos pacientes (quanto ao número de dentes a substituir) e as características da sua dentição. Desta forma, podem responder de forma exata ao que se pretende, melhorando os resultados.
Esta adaptabilidade ao quadro clínico também permite ir alterando o plano de tratamento conforme seja necessário, por exemplo ao acrescentar dentes à estrutura.

:: Dispensam períodos de recuperação
Exceto nos casos em que ocorre a remoção de dentes antes de colocar a prótese, é possível fazer a vida normal e realizar as tarefas habituais logo depois de a começar usar. Isto é possível porque não são necessárias cirurgias e procedimentos invasivos.

Entre as próteses removíveis, podemos considerar dois grandes tipos quanto à integração de dentes, podem ser parciais ou totais.

As próteses parciais removíveis, procuram substituir um ou mais dentes de uma arcada, podem ser removidas para limpeza, repousam sobre a mucosa e as gengivas e podem ter ganchos de retenção em alguns dentes.

Com os avanços dos materiais e da tecnologia, este tipo de prótese está cada vez mais fora de uso e estas próteses são normalmente substituídas por implantes dentários.

As próteses totais removíveis, procuram substituir todos os dentes de uma arcada, são próteses completas para pessoas sem dentes e são suportadas exclusivamente pelas membranas mucosas e pelo palato.

Tal como o tipo anterior de prótese, estas também se encontram praticamente em desuso. Apenas são aconselhadas numa percentagem mínima de casos em que os implantes não podem ser colocados, de modo a que cada indivíduo possa viver uma vida relativamente normal. O problema com estas próteses reside na sua instabilidade quando se trata de comer ou falar, pelo que as pessoas recorrem eventualmente a fixá-las com “colas” indicadas para este tipo de casos, com os inconvenientes que isso implica.

Quanto ao material utilizado para a sua confeção podemos considerar dois tipos de próteses as acrílicas e as esqueléticas.

 

1.2 Prótese Acrílica

As próteses dentárias acrílicas são próteses removíveis construídas a partir de resina acrílica, o acrílico é um polímero com múltiplos usos em medicina dentária, tais como restaurações dentárias e placas para tratamento do bruxismo.

As principais vantagens são o baixo custo com resultados estéticos que satisfazem os pacientes que optam por esta opção. Já as desvantagens estão relacionadas com a pouca durabilidade associada, provocada pelo desgaste e amarelecimento dos dentes acrílicos.

O primeiro passo para a confeção de uma prótese acrílica é a moldagem. Este processo é fundamental para copiar a cavidade oral da pessoa exatamente como ela é. Em seguida, é feita a prova dos modelos para definir a borda adequada da prótese, antes de definir o acessório, são realizados outros procedimentos.

Existem mais duas provas onde são confecionados um padrão em cera, para verificar como ocorre a oclusão do paciente, e outra com os elementos dentários que serve para analisar novamente a oclusão, a estética e a função dos elementos que irão compor a prótese.

Em casos mais complexos, é necessária uma montagem da oclusão de forma mais fiel. Considerando parâmetros mais relevantes, como a relação dos elementos dentários. Depois que todas as provas e os pontos de referência ficarem estabelecidos, a prótese é novamente enviada para o laboratório e acrilizada para ser disponibilizada ao paciente.

 

1.3 Prótese Esquelética

Prótese esquelética é um tipo de prótese removível em que a estrutura é feita em cromo cobalto e os dentes são em acrílico, que reabilita um ou mais espaços sem dentes.

A sua base de sustentação ou esqueleto é produzido numa liga metálica inoxidável (crómio, níquel e cobalto) revestida de dentes e gengiva em acrílico. É mais confortável que a acrílica pois é mais pequena e fina, assim como é mais resistente a fraturas.

As ligas com bases de cobalto são compatíveis com os tecidos e resistentes à corrosão. A sua dureza e elasticidade permitem uma configuração estética fina da prótese. As ligas de cromo cobalto foram introduzidas no mercado da prótese dentária em 1930, desde então substituíram as ligas de ouro, sobretudo devido ao seu custo relativamente baixo em relação ao ouro.

Este tipo de prótese tem como requisitos:

  • Um único grau de movimentação, concretamente a dimensão de inserção;
  • Rodear ou circundar fisicamente os dentes pilares;
  • Conter suficiente fricção, neste caso, retenção;
  • Resistência à oxidação e corrosão;
  • Resistência à compressão;
  • Dureza superficial.

Uma prótese esquelética pode integrar vários componentes, nomeadamente:

:: Apoios: São elementos que se apoiam na face oclusal dos dentes, por forma a proporcionar suporte vertical à prótese. Impedem que a prótese se desloque no sentido ocluso-gengival. Devem transmitir as forças oclusais aos dentes pilares de uma forma paralela ao longo dos eixos dos dentes. Devem integrar-se na morfologia do dente sem invadir o espaço oclusal, o que obriga a preparação prévia de apoios oclusais. Participam na retenção indireta e estabilidade, conferem estabilidade horizontal e impedem a extensão dos dentes sem antagonistas. Os apoios podem ser diretos (quando adjacentes ao espaço protético) ou indiretos (mais distantes do espaço protético, proporcionando retenção indireta ou estabilidade).

:: Retentores Diretos(ganchos): São elementos que unem uma prótese aos dentes pilares impedindo o deslocamento da prótese no sentido gengivo-oclusal. Estes são constituídos por um braço retentivo, um braço recíproco, um apoio oclusal e um conector pequeno.

:: Conetor Maior: Liga os elementos de um lado do arco dental ao outro, no qual se unem todas as partes da prótese direta ou indiretamente. Como características principais deve apresentar rigidez, para distribuir as cargas, resistir à tração e à fratura, não deve perturbar a fonética nem traumatizar a mucosa durante a instalação e remoção.

:: Conetor Menor: É designado pela ponte metálica que une o conector grande a outros elementos da prótese, tais como os apoios oclusais indiretos, e têm como função transmitir aos dentes de suporte as forças mastigatórias e contribuir para a rigidez do aparelho protético.

:: Retentores Indiretos: São componentes de uma prótese que ajudam os retentores diretos a impedir a desinserção da prótese do extremo livre, exercendo ação de alavanca do lado oposto à linha de fulcro. Impedem os movimentos de rotação, contribuem para o suporte e estabilização horizontal da prótese e ajudam também a verificar a adaptação das bases do extremo livre, de modo que quando um apoio se encontra deslocado, é sinal de desadaptação.

 :: Bases Protéticas: Correspondem à parte da prótese à qual os dentes artificiais estão ligados, apoiando-se sobre a mucosa. Servem de suporte aos dentes, restauram a estética e função mastigatória, o material utilizado normalmente é a resina acrílica.

 

 

2. Técnicas e Materiais para a conceção das Próteses

2.1 Prova de Cera

Antes que sejam finalizadas, as próteses totais em cera devem ser avaliadas na boca, de maneira que pequenos erros possam ser identificados e corrigidos. Esta fase, denominada de fase de prova de cera, além de permitir uma avaliação de todos os registros prévios pelo dentista, também permite que o paciente expresse a sua opinião sobre a estética, de maneira que fica possibilitada a realização de modificações, quando necessárias.

As próteses totais em cera devem ser testadas ou avaliadas primeiro no articulador e depois na cavidade oral.

A testagem ou avaliação no articulador permite um exame sistemático se o dentista inspecionar cada superfície da dentadura tendo em consideração:

:: A superfície interna
O dentista deve avaliar se as placas articulares estão intimamente adaptadas ao modelo. As regiões das bordas devem ser conformadas de maneira que preencham a largura e profundidade dos sulcos do modelo. No arco superior, a base deve estar estendida posteriormente até à região de travamento posterior e no inferior, recobrir o triângulo retromolar.

:: A superfície polida
Se existirem grandes discrepâncias no modelo inferior entre as posições dos dentes e a crista do rebordo, pode ser que os dentes não estejam na zona neutra e, por isso, sejam a causa da instabilidade da prótese na boca. As superfícies vestibular e lingual da superfície polida devem convergir oclusalmente, de maneira que as pressões oriundas dos tecidos moles contribuam para a retenção.

:: A superfície oclusal
Esta avaliação deve ser feita sobre os contactos oclusais e a articulação balanceada.

Para a orientação do plano de cera, há necessidade de se confecionar um rolete de cera que deve ser unido firmemente à base de prova a fim de serem registradas as diferentes operações de interesse protético.

Para a confeção do plano de cera são necessários os seguintes materiais:

  • Lâmina de cera rosa nº 7;
  • Espátula nº 31;
  • Espátula Lecron;
  • Espátula nº 7;
  • Lamparina a álcool.

 

Para realizar o plano de cera, começamos por uma lâmina de cera rosa que se coloca sobre a chama da lamparina longitudinalmente na largura de 1cm, até que se comece a curvar. A parte da lâmina de cera que ficou plástica deve ser dobrada, procurando conseguir uma união perfeita das superfícies, evitando que incorporem bolhas de ar. Continuar aquecendo e dobrando a lâmina de cera até que se consiga um rolo de cera plástico. Levamos novamente o rolo de cera à chama e dobramos ao meio com a finalidade de ganhar em altura.

O passo seguinte consiste em dar forma ao rolo de cera de acordo com o arco dentário e adaptá-lo sobre a base de prova, unindo-o firmemente com cera fundida. O acabamento do plano de cera será dado utilizando-se a espátula n.º 36 bem aquecida para prover alisamento na superfície vestibular e lingual e uma espátula de pintor para o acabamento da superfície oclusal. O plano finaliza quando apresentar as superfícies totalmente lisas e uniformes.

Uma fase importante da prova de cera, está relacionada com a montagem dos dentes artificiais. Nesta fase é importante ter em consideração:

  • A coincidência da linha média nos dentes superiores com a linha média da face e com os dentes inferiores;
  • A linha do sorriso, ou seja, se os dentes anteriores superiores estão montados acompanhando o sorriso do paciente e se durante o sorriso a borda do lábio superior repousa sobre a cervical dos dentes anteriores;
  • O suporte do lábio, formando um ângulo de aproximadamente 90º entre a base do nariz e a superfície do lábio superior;
  • A posição dos caninos, na linha comissural;
  • Altura das bordas incisais, de acordo com a idade do paciente;
  • Cor dos dentes.

 

2.2 Prova de Metal

O primeiro passo desta prova deve ser a conferência do desenho da estrutura metálica no modelo, este deve estar em harmonia com o planeamento enviado ao técnico no modelo de estudo ou na ficha de requisição com o desenho da estrutura.

Em seguida, deve avaliar-se o acabamento e polimento e a adaptação da estrutura. Ao remover a estrutura do modelo, deve verificar-se sobre a existência de áreas desgastadas no gesso, pois podem indicar a existência de estruturas rígidas em áreas retentivas. Caso existam, essas superfícies abrasonadas no modelo serão provavelmente as superfícies onde a estrutura metálica não se adaptará na boca.

Após a análise da estrutura no modelo, o posicionamento da estrutura sobre os dentes suporte pode ser realizado, com as pontas dos dedos sobre os apoios, aplicando-se leve pressão.

Para ajustar a estrutura metálica da prótese, o dentista deve identificar as áreas de interferência e compressão, o que pode ser obtido com o uso de agentes evidenciadores como: carbono líquido, corretivos brancos à base de água e pastas indicadoras de pressão. O evidenciador deve ser aplicado à estrutura nas superfícies de contacto com os dentes numa camada fina e uniforme. Em seguida, a estrutura metálica é alinhada sobre os dentes com pressão digital sobre os apoios, de forma bilateral. A estrutura nunca deve ser forçada ao local se encontrar resistência significativa.

Em seguida, a estrutura metálica pode ser removida da boca com cuidado para não distorcer o material evidenciador utilizado.

 

2.3 Prova de Dentes

O último procedimento desta etapa deve ser a seleção dos dentes artificiais. Após a seleção, os modelos devem ser encaminhados para o laboratório para realização da montagem dos dentes artificiais. Durante a seleção dos dentes os pacientes devem ser convidados a opinar na escolha, disposição e montagem dos seus dentes anteriores artificiais. Esses aspetos devem ser discutidos entre o profissional e o paciente, para que se possa obter o máximo de satisfação e qualidade nas próteses. A seleção dos dentes artificiais referencia-se nos dentes naturais remanescentes e em referências faciais. Para esta seleção, quatro aspetos devem ser considerados:

  • Material utilizado;
  • Tamanho;
  • Forma;
  • Cor dos dentes.

 

2.4 Entrega e Controlo das Próteses

Com a entrega e instalação da prótese, o paciente deve voltar à consulta após 24 horas, 5 e 10 dias, dependendo da sua adaptação às próteses.
Nessas sessões, o ajuste oclusal deve ser avaliado novamente e, se necessário, atualizado.

Avalia-se também a necessidade de ajuste da base evidenciada pela presença de úlceras traumáticas. Nesse caso, com uma peça reta, uma broca maxicut e pontas de polimento para resina acrílica, são realizados leves desgastes nas áreas correspondentes às úlceras e repolimento da prótese.

Para realizar o registo preciso da região a ser desgastada, recorre-se a lápis cópia ou pastas evidenciadoras. A pasta é pincelada em toda superfície interna da sela, de modo que as marcas do pincel sejam visíveis e aplicadas na mesma direção. As interferências nos tecidos durante a colocação das próteses ou a pressão excessiva no rebordo residual podem ser facilmente interpretadas.

A prótese é cuidadosamente colocada na boca realizando-se uma pressão manual uniforme para revelar quaisquer áreas de pressão na base que deslocam o tecido mole. As áreas que  devem ser corrigidas serão aquelas onde a pasta evidenciadora foi removida totalmente. Quando se usa lápis cópia, este irá delimitar a região da úlcera e transferir para a prótese (quando levada à boca) o local a ser corrigido.

São necessárias visitas periódicas, a cada três ou seis meses, para avaliar o desempenho das próteses e realizar eventuais correções e limpezas que sejam necessárias.

 

3. Prótese Removível sobre Implantes

A overdenture é um tipo de prótese dentária móvel que utiliza um sistema que é fixado sobre implantes para fornecer a sua fixação.

É um tipo de prótese total, portanto serve para repor todos os dentes em falta de uma arcada dentária. Geralmente os implantes são utilizados em próteses fixas, porém, esse não é o caso na prótese overdenture.
Nesse modelo de prótese, os implantes servem como forma de fixar o sistema de suporte da prótese.

O sistema de fixação da overdenture pode ser de dois tipos, nomeadamente:

:: Barra Clip
Consiste num dispositivo composto por barras horizontais que se fixam nos implantes e um clipe plástico que fica fixado na prótese. A fixação ocorre por meio do encaixe entre o clipe plástico e a barra metálica.

:: O’ring
O sistema O’ring consiste num encaixe composto por pinos e um furo com um anel de vedação. Desta forma, a sustentação é feita pelo encaixe dos pinos nos furos com o anel O’ring.

Apesar de a overdenture ser uma prótese dentária móvel, o facto de ser fixada sobre implantes garante uma boa estabilidade ao paciente quando necessita de se alimentar.

 

4. Recomendações e Cuidados com Próteses Removíveis

As próteses dentárias removíveis necessitam de ser limpas diariamente com detalhe, uma vez que a placa dentária entra na boca todos os dias.

Podendo remover a estrutura, o processo de limpeza e escovagem é mais fácil e prático. Aliás, é possível até mergulhar a prótese em soluções próprias e realizar uma higienização mais profunda e eficaz.

As pessoas que usam próteses ou dentaduras devem receber formação para realizar a sua limpeza e devem visitar o profissional pelo menos uma vez por ano para que sejam verificadas e limpas em pormenor.

Uma higiene adequada é essencial para que a prótese possa ter uma durabilidade de muitos anos.
Além disso, os controles periódicos, como indicado acima, são essenciais para o profissional verificar se tanto o ajuste como o estado dos tecidos moles estão corretos.

 

5. Prótese Fixa

A prótese dentária fixa é aparafusada no maxilar ou mandíbula do paciente, com o objetivo de repor a dentição perdida e, assim, harmonizar a aparência e restabelecer funções essenciais à saúde.

Diversas pesquisas científicas sobre a durabilidade da prótese fixa apontam para uma expetativa média de vida de 8 anos para os dispositivos protéticos unitários. Este é o período em que, passado este tempo, 85% das coroas dentárias fixas em porcelana ainda se apresentam com boa adaptação aos dentes, esteticamente satisfatórias e também sem problemas como a infiltração por cárie dentária.

Existem diversos tipos de próteses fixas, vejamos os principais.

 

5.1 Principais Tipos de Próteses Fixas

5.1.1 Coroa Dentária

A prótese dentária fixa utilizada para recuperar um único dente recebe o nome de coroa dentária fixa unitária. Podendo ser fixada sobre dentes naturais, pinos protéticos ou implantes dentários, que é o procedimento mais realizado pelo dentista especializado em próteses dentárias.

As principais vantagens da coroa dentária são:

  • Resultados estéticos marcantes;
  • Elevada durabilidade;
  • Prevenção de fraturas em dentes com restaurações dentárias extensas;
  • Facilidade na higienização.

Desvantagens:

  • Necessidade de despender bastante tempo para a sua conceção (comparado à restauração dentária).
  • Preço elevado.

 

5.1.2 Ponte Dentária

Indicada para recuperar áreas com dentes perdidos, a ponte dentária fixa em porcelana é uma alternativa ao implante dentário. Utiliza como suporte os dentes vizinhos às áreas com dentes ausentes.

As principais vantagens da ponte dentária são:

  • Ser uma alternativa ao implante dentário em diversas situações;
  • Apresentar resultados estéticos excelentes.

Desvantagens:

  • Preço elevado para recuperar um único dente perdido.

 

5.1.3 Prótese Protocolo (Dentadura Fixa)

É utilizada para recuperar a estética, mastigação e fonação em indivíduos que perderam todos os dentes, a prótese protocolo, também conhecida como dentadura fixa, é fixada diretamente sobre implantes dentários.

As principais vantagens da dentadura fixa são:

  • Elimina a dor e dificuldade de mastigação característicos de dentaduras convencionais;
  • Resultados estéticos excelentes;
  • Melhora a autoestima em pacientes desdentados.

Desvantagens:

  • Preço elevado;
  • Higiene oral exigente e dedicação.

 

5.2 Tipo de Material para a confeção das Próteses Fixas

Os vários tipos de materiais disponíveis para confeção de próteses dentárias fixas mostram bem as múltiplas possibilidades de indicação destes dispositivos. Vejamos os materiais mais utilizados na construção de coroas dentárias fixas e outros dispositivos protéticos.

5.2.1 Porcelana sobre Metal

É a técnica mais utilizada. Com excelente relação custo-benefício, a prótese dentária fixa metalocerâmica (nome correto) é indicada desde a confeção de coroa dentária unitária em porcelana às pontes dentárias sobre dentes naturais, ou implantes.

As principais vantagens da porcelana sobre metal são:

  • Estética satisfatória;
  • Ótima relação custo-benefício;
  • Durabilidade elevada;
  • Versatilidade (múltiplas indicações);
  • A tecnologia de confeção é simples.

Desvantagens:

  • Risco elevado para alergias gengivais em mulheres (20%);
  • Risco para escurecimento de gengivas.
  • Dificuldade de mimetização estética com facetas de porcelana e lente de contacto dentário.

 

5.2.2 Porcelana sobre Zircónia

Com as mesmas vantagens e versatilidade de indicações que a técnica metalocerâmica, a prótese dentária fixa em porcelana sobre zircónia traz como principal característica a substituição do metal por zircónia nas estruturas internas de reforço. Como resultado disso, os melhoramentos estéticos são marcantes e a adaptação às gengivas dá-se de forma ideal.

As principais vantagens da porcelana sobre zircónia são:

  • Estética marcante;
  • Durabilidade elevada;
  • Não escurece as gengivas ao longo dos anos;
  • Pode ser combinada com facetas de porcelana e lentes de contacto dental.

Desvantagens:

  • Preço mais elevado;
  • Tempo de tratamento elevado.

 

5.2.3 Porcelana Pura

Para quem procura os melhores resultados estéticos possíveis, a prótese dentária fixa em porcelana pura é a técnica ideal. Confecionada com os mesmos materiais utilizados na confeção de laminados cerâmicos do tipo faceta de porcelana e lente de contacto dentário, reproduzem com perfeição todos os detalhes óticos presentes em dentes naturais como cores, transparências, opalescências e fluorescências.

As principais vantagens da porcelana pura são:

  • Máximo resultado estético;
  • Material ideal para transformações do sorriso;
  • Perfeita para ser combinada com facetas de porcelana e lentes de contacto dental.

Desvantagens:

  • Só pode ser utilizada na confeção de coroas fixas unitárias;
  • Risco para escurecimento quando fixada sobre dentes escurecidos ou pinos dentários em metal.

 

 5.2.4 Zircónia Pura

Ainda pouco utilizada, a prótese dentária em zircónia pura é uma versão com preço mais em conta relativamente à técnica realizada com o mesmo material e cobertura estética em porcelana.

As principais vantagens da zircónia pura são:

  • Preço mais acessível;
  • Tempo de tratamento curto;
  • Durabilidade elevada.

Desvantagens:

  • Estética apenas razoável.

 

5.3 Problemas frequentes com Próteses Dentárias Fixas

Tal como acontece com a restauração dentária em resina ou restauração em porcelana (onlay), a prótese dentária fixa pode apresentar problemas. Na maior parte dos casos, as causas são as falhas na confeção do dispositivo protético. Outro motivo frequente para contratempos é a higienização oral deficiente, em que o acúmulo de placa bacteriana junto às bordas das coroas protéticas provoca desde a infiltração por cárie dentária à retração gengival.

Vejamos os tipos de problemas mais frequentes.

:: As próteses dentárias soltarem-se com frequência
Quando as coroas e pivôs dentários se soltam e caem com frequência tem como causa a confeção inadequada do dispositivo protético, a fratura na raiz dentária ou mesmo o bruxismo severo. Independente do motivo, a substituição do dispositivo protético defeituoso é o tratamento adequado para evitar outros problemas com prótese dentária fixa como a infiltração por cárie e, em último caso, a extração do dente.

:: Estética insatisfatória
Problemas estéticos como falta de naturalidade ou harmonia com o sorriso podem ser notados imediatamente após a colocação da prótese. Motivos para isso ocorra não faltam, indo desde a seleção incorreta do tipo e material da prótese dentária fixa, uso de laboratórios não especializados à cimentação definitiva sem aval prévio do paciente com relação aos resultados finais.

:: Retração gengival, infeção e inflamação nas gengivas
A retração gengival junto à prótese dentária é um dos principais motivos para trocas de pontes e coroas dentárias em porcelana. As causas, vão desde a higiene oral deficiente, alergia ao metal em mulheres e confeção inadequada do dispositivo protético, exigem a adoção de técnicas mais sofisticadas para resolver problemas como o aparecimento de áreas escuras junto às gengivas ou doenças como a gengivite e periodontite.

:: Mau hálito
A acumulação de restos de alimentos e, principalmente, da placa bacteriana junto à prótese dentária fixa pode estar por trás do mau hálito (halitose). Quando a causa para isto é a higiene oral deficiente, o tratamento é simples: basta adotar hábitos mais eficientes para a utilização da escova dentária, fio dentário e outros instrumentos para limpeza. Já quando o motivo para o mau hálito é o design inadequado ou falhas na adaptação do dispositivo protético, o único tratamento é mesmo a substituição do dispositivo defeituoso.

:: Fraturas
Embora raras, as fraturas em pivô e coroa de porcelana podem acontecer. Em casos mais simples, reparos com resinas semelhantes às utilizadas em restauração dentária podem ser realizados para reconstruir a superfície danificada. Já nas fraturas extensas, mais comuns aos dispositivos protéticos confecionados por medicina dentária digital, a confeção de novo dispositivo é necessária para evitar contratempos ainda maiores.

 

6. Procedimentos e apoio do Assistente de Medicina Dentária (AMD) em Prostodontia e Técnicas de Prótese Dentária

Para que o médico-dentista realize o seu trabalho de forma eficiente, o contributo do auxiliar de Medicina Dentária é fundamental.

Vejamos como deve estruturar o seu trabalho e intervir quer em termos de posicionamento no gabinete, quer em termos de disponibilização dos materiais e equipamentos que o médico-dentista necessite no decorrer do ato clínico.

  • Higienização do gabinete clínico, o Auxiliar de Medicina Dentária, deve começar por higienizar o gabinete onde vai ser realizada a intervenção, respeitando o protocolo definido pela clínica.
  • Disponibilizar o material e respetivos equipamentos, estando atento à anamnese do paciente para saber antecipadamente que tipo de intervenção poderá vir a ser realizada.
  • Apoiar durante o ato clínico, quando iniciar a intervenção do médico-dentista, o Auxiliar de Medicina Dentária deve estar atento a todos os passos realizados pelo dentista, estando do lado oposto na cadeira, por forma a poder visualizar a intervenção e apoiar quer na aspiração quer na disponibilização do material que seja solicitado pelo dentista.
  • Limpeza do gabinete após o ato clínico, após a realização do ato clínico o Assistente de Medicina Dentária, deve proceder à arrumação do material utilizado e respetiva limpeza.
  • Desinfeção e esterilização dos equipamentos utilizados, estes procedimentos poderão ser somente realizados no final do dia, tudo depende da dinâmica da clínica onde trabalhar.

A formação e experiência do Auxiliar de Medicina Dentária levam a que muitas vezes a comunicação verbal entre o dentista e o AMD seja muito reduzida uma vez que este consegue antecipadamente saber quais são os materiais e equipamentos que o dentista vai necessitar no decorrer da intervenção.